No Dia Mundial da Voz, servidores são alertados a serem amigos da voz

Uma comovente apresentação do Coral “Sua Voz”, do Hospital A.C. Camargo, formado exclusivamente por senhoras e senhores que tiveram suas laringes extraídas por causa de câncer, marcou o encerramento do Dia Mundial da Voz, evento organizado pela Divisão de Promoção à Saúde do Departamento de Saúde do Servidor (DESS), ligado a Coordenadoria de Gestão de Pessoas, da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão. É o quarto ano que o dia 16 de abril (oficializado no Brasil em 2003) é comemorado com uma programação especial.

O coral das pessoas que passaram por laringectomia – e hoje, mesmo assim, conseguem se comunicar – apresentou-se para 180 servidores públicos municipais, a maioria deles professores, mas também funcionários de outras áreas da Prefeitura, como cultura, segurança, administração e os que atuam no atendimento público. Todos eles, como atualmente perto de 70% da população ativa, fortemente dependentes da voz como instrumento de trabalho e importante fator para o bom desempenho profissional.

Na população mundial, a proporção dos que enfrentam problemas com a voz varia de 5% a 8%, o que, no Brasil, significa perto de 5 milhões de pessoas, conforme a fonoaudióloga do DESS Thelma Mello Thomé de Souza. O diretor da Divisão de Promoção à Saúde, Edgar Outa, acrescenta que, este ano, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia definiu o tema para o Dia Mundial da Voz - “Em todos os ciclos da vida, seja amigo de sua voz” – para salientar a necessidade de se lembrar dos cuidados com esse “privilégio do ser humano, a mais importante forma de comunicação” na infância, na adolescência, na idade adulta e na terceira idade. Isso por que o abuso ou mau uso da voz podem danificar os delicados tecidos da laringe e produzir algum distúrbio vocal.

Na palestra seguinte a fonoaudióloga Adriana Esteves começou a detalhar as características de produção da voz no corpo humano: “Sem ar não tem voz; o ar que sai dos pulmões funciona como combustível para a vibração das pregas vocais (mais conhecidas como cordas vocais), que ficam na laringe. A coordenação entre o ar que passa pela laringe e a vibração da pregas vocais produz a voz. Então, este som ocupa as cavidades da garganta, da boca e do nariz, que funcionam com amplificadores, ou alto-falantes naturais”.

Deve-se salientar que as estruturas da língua, dos lábios, os dentes e o pálato modificam o som da voz, dando origem às palavras. E a voz de cada pessoa é resultado das características por ela herdadas e do ambiente em que ela vive. Essas peculiariedades foram exploradas na palestra do doutor em fonoaudiologia Ênio Lopes Mello, cantor erudito e terapeuta corporal especialista em cadeias musculares e articulares. Com muita descontração, e usando de alguns exercícios físicos leves, ele conduziu a platéia na experimentação de cantos, inclusive do folclore indígena.

E, antes da apresentação do Coral “Sua Voz”, Neyller Patriota Montoni, fonoaudióloga do Hospital A.C. Camargo, mestre e doutora em Oncologia, falou sobre sua especialidade, particularmente sobre as técnicas de recuperação da capacidade de se comunicar com a voz daqueles que passam pela laringectomia.