Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania celebra o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e do Caribe com a entrega do Prêmio Luiza Mahin

Cerimônia na Praça das Artes homenageou sete mulheres negras por seu desempenho na sociedade, a data também lembrou o Dia Nacional de Tereza de Benguela

Mulheres que espelham a tradição de heroínas que lutaram contra a escravização nos séculos XVIII e XIX, o prêmio Luiza Mahin edição 2023 foi entregue na terça-feira (25/7) para sete mulheres negras que contribuem com seus desempenhos em diferentes campos de atuação para valorizar a população negra. São biólogas. educadoras, assistentes sociais, enfermeiras que militam como ativistas e líderes de movimentos sociais.

A cerimônia da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC, por intermédio da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial, foi realizada na Sala do Conservatório da Praça das Artes, área central da cidade. Antes da entrega dos prêmios o grupo Samba de Dandara fez uma apresentação.

Ao lembrar que o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e do Caribe e o Dia da Nacional de Tereza de Benguela eram celebrados naquele mesmo dia, a secretária executiva de Promoção da Igualdade Racial, Elisa Lucas Rodrigues, ressaltou a importância do momento.

“Não poderia deixar de destacar que, aqui no Brasil, ao lembrar do Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e do Caribe, data institucionalizada pela ONU, a partir de uma reunião realizada em 1992 na República Dominicana, nós temos muitas mulheres que se espelham no exemplo de Tereza de Benguela e de Luiza Mahin, todas comprometidas com a luta contra a discriminação e o racismo”, afirmou.

Luiza Mahin e Tereza de Benguela foram duas mulheres negras que não se conformavam com a escravização. A primeira, segundo relatos de Luiz Gama, em detalhes biográficos dirigida ao escritor e jornalista carioca Lúcio de Mendonça, era uma africana escravizada, que comprou sua liberdade e organizou diversos levantes na Bahia, do Século XIX.

Tereza de Benguela, por sua vez, foi uma revolucionária brasileira que viveu no Século XVIII e que se tornou líder do Quilombo do Piolho, também conhecido como Quilombo do Quariterê, na fronteira entre Mato Grosso e Bolívia, onde era chamada de “Rainha Tereza”.

Tatiane dos Santos, uma das sete homenageadas, é vice-diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental - EMEF Maria Aparecida Rodrigues Cintra, que fica na região da Freguesia do Ó/ Brasilândia. Ela é uma educadora que luta pela aplicação efetiva da Lei Federal 10.639/2003, que inclui nos currículos escolares a cultura afro-brasileira, africana e indígena, que ela não seja meramente protocolar.

Em seu trabalho como educadora ela diz que a legislação deve servir para contar as novas gerações a verdadeira história da formação brasileira e “não uma obrigatoriedade sem compromisso, para ser comemorada em ocasiões especiais, mas que tenha o compromisso de contar a verdade aos alunos sobre a História do Brasil”.

Ana Cristina de Souza é assistente social comprometida com a defesa do direito da mulher. Também homenageada com o Prêmio Lua Mahin, por esse trabalho que desenvolve há 13 anos. Ela é coordenadora de Políticas para Mulheres da SMDHC e também coordenadora da Casa da Mulher Brasileira (CMB).

Muito emocionada, ela lembrou de sua mãe e também de um poema: “Tem dias que são difíceis e dá medo, e que parece que o muro é muito alto. Mas pule o muro mesmo assim, que você vai ver que não vai arranhar nem o joelho”. E prosseguiu: “A Luiza Mahin é um símbolo de resistência e luta, e receber essa homenagem vem com todo esse significado, dá sentido à nossa trajetória”.

A origem das datas

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi instituído em 1992, pela Organização das Nações Unidas (ONU), por iniciativa de um encontro de mulheres negras em Santo Domingo, República Dominicana. Foram elas que definiram o dia 25 de julho para homenagear a luta contra a opressão de gênero e raça. Já o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra foi criado pela Lei 12.897/2014, como marco da luta contra o racismo e pela criação de oportunidades.

Os indicadores revelam profundas desigualdades entre brancos e negros no Brasil e no continente latino-americano. Apesar de a população negra ser a maioria em nosso país, 54%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres negras competem em condições desfavoráveis, como indica o Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), segundo o qual as mulheres brancas recebem 70% a mais de remuneração do que as mulheres negras.


As homenageadas da edição 2023 do Prêmio Luiza Mahin

Marielen Silva Albuquerque, médica veterinária e cofundadora do Coletivo AFROVET, voltado para as pessoas pretas da medicina veterinária, principalmente, mulheres;

Ana Cristina de Souza, assistente social, coordenadora de Políticas para Mulheres da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, 13 anos de atendimento a mulheres em situação de violência;

Geralda Marfisa, enfermeira e fundadora do Instituto Cultural Marfisafrosua, ativista e militante do Movimento Popular de Saúde de Cidade Tiradentes;

Tatiane Santos, pedagoga, consultora e mentora antirracista, realiza um trabalho de promoção da equidade e enfrentamento ao racismo no ambiente escolar;

Priscila Rodrigues de Souza, CEO da ONG Bem da Madrugada, que busca incentivar a expressão cultural afro-brasileira dentro das suas ações sociais, que servem principalmente a população afro-brasileira;

Rosa Maria Tavares Andrade, bióloga, locutora televisiva, professora de genética humana em assuntos afro-brasileiros, fez parte do Grupo de Trabalho para Assuntos Afro-brasileiros pela Secretaria de Estado da Educação; e

Silvia Cibele, organizadora e idealizadora de eventos, entre os quais feiras online nas redes sociais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico para engajamento e visibilidade para empreendedoras, artesãs, cozinheiras e costureiras negras.

Lista das 21 mulheres que já receberam o prêmio.