Prefeitura lança programa Rede Cozinha Escola para fornecer alimentação às pessoas em situação de vulnerabilidade

Refeições serão preparadas em cozinhas comunitárias, que vão oferecer cursos profissionalizantes e terão de fornecer 400 pratos por dia

A Prefeitura de São Paulo lançou nesta quarta-feira (19) o programa Rede Cozinha Escola, que vai oferecer cursos profissionalizantes de culinária para proporcionar a produção e a distribuição de refeições diárias para pessoas em situação de vulnerabilidade. Em evento realizado nessa quarta, foram assinados Termos de Colaboração com as primeiras 27 Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que, juntas, vão distribuir 10.800 refeições diárias. Com o credenciamento das próximas 33 entidades, o programa espera chegar a 24 mil refeições.

“O Cozinha Escola une duas ações importantes: de curso profissionalizante e de entrega de alimentação. No total, serão 60 entidades distribuindo essas marmitas com refeições em locais adequados. É obrigatório, por exemplo, que tenha nos locais de distribuição mesa, cadeira, pia para as pessoas poderem higienizar as mãos”, explicou o prefeito Ricardo Nunes.

As cozinhas estão localizadas em todas as regiões da cidade e cada uma deve assegurar a oferta de, no mínimo, 400 refeições diárias, de segunda a sábado, conforme o perfil e necessidades da comunidade ou grupo social atendido e os padrões de qualidade estabelecidos pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), responsável pelo programa. Além de oferecer alimentação, os funcionários da entidade que serão contratados pelo regime CLT, deverão participar de capacitação.

“É o maior programa de segurança alimentar que já tivemos na cidade. Estamos hoje distribuindo cerca de 7 mil cestas básicas todos os dias e 15 mil marmitas diariamente, além das refeições oferecidas nos nossos equipamentos. Portanto, é a cidade de São Paulo muito empenhada nesse trabalho que é fundamental, que é da segurança alimentar”, disse o prefeito.

Ao todo, 316 OSCs fizeram inscrição para fazer parte da Rede Cozinha Escola. A SMDHC ainda está em fase de análise da estrutura e condições documentais dos inscritos. Este é o primeiro lote de convocação e, até o final de 2023, a SMDHC vai assinar o termo de cooperação com, pelo menos, 60 cozinhas, totalizando a distribuição diária de 24 mil refeições.

“Além de distribuir refeições balanceadas, a Rede Cozinha Escola fortalece a economia local, com a geração de empregos e a aquisição de produtos. É um programa que se constitui em uma base para atividades empreendedoras. Promove também a educação em alimentação e sustentabilidade, além do fortalecimento da comunidade”, explicou Soninha Francine, secretária de Direitos Humanos e Cidadania.

Cada OSC também deverá receber dois beneficiários do Programa Operação Trabalho (POT), que participarão das formações em serviços de alimentação, de responsabilidade da SMDHC ou instituição parceira, para exercer atividades de no dia a dia da cozinha. “Essas duas pessoas vão ser remuneradas pela Prefeitura, além do repasse de R$ 220 mil para cada entidade para que eles forneçam, no mínimo, 400 refeições por dia, cada uma”, disse Ricardo Nunes.

A parceria terá duração de 13 meses, sendo o primeiro dedicado a realizar as adequações necessárias no imóvel e compra de equipamentos, conforme proposto pela OSC em Plano de Trabalho; e 12 meses de funcionamento regular da unidade da Rede Cozinha Escola. O termo de colaboração pode ser prorrogado até o limite de dez anos.

“Quando começamos a capacitar a população em situação de rua para cozinhar e servir essas refeições para a pop rua era o sonho de ver a administração fazer o que está sendo feito hoje. A criação dessa rede do Cozinha Escola só irá fortalecer a questão alimentar e o combate à fome e acabar com a desigualdade”, disse o presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua, Robson Mendonça. “A cidade de São Paulo está mudando, e mudando para melhor”, concluiu.

O programa será administrado pela Secretaria Executiva de Segurança Alimentar, Nutricional e de Abastecimento, vinculada à SMDHC, e o investimento na Rede Cozinha Escola será feito pelo Fundo de Abastecimento Alimentar de São Paulo (FAASP) que recebeu R$ 220 milhões do Orçamento da cidade em 2023; e também mantém outros programas como o Cidade Solidária, que distribui cerca de sete mil cestas básicas por dia útil; o Rede Cozinha Cidadã, que entrega 14.400 refeições prontas por dia em diferentes locais da cidade; o Banco de Alimentos, que recebe doações de alimentos e distribui para organizações da sociedade civil cadastradas; e o Bom Prato Paulistano, mantido em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.

“A nossa associação está na periferia da cidade, em um verdadeiro deserto alimentar. A participação na Rede Cozinha Escola é muito importante, pois vamos fechar o ciclo. Já produzimos alimentos agroecológicos na nossa horta, doamos parte para os moradores da região, temos uma cozinha experimental e ensinamos como reaproveitar alimentos, e agora vamos entregar refeições todos os dias”, conta Wagner Gonçalves Ramalho, responsável pela Associação Ethos Sustentável, que fica na região Norte, na divisa dos bairros Tremembé e Jaçanã.

Wi-fi livre
A Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (SMIT) irá viabilizar a implementação de wi-fi público dentro do território de atuação das organizações sociais que fazem parte da Rede Cozinha Escola. Elas deverão implementar, pelo menos, dez pontos de acesso (sendo um deles, obrigatoriamente, na própria Cozinha Escola) e, os demais, deverão ser afixados em locais com grande circulação de pessoas, priorizando praças e locais de convivência comunitária.

“Este é um trabalho maravilhoso que uniu as equipes da Prefeitura para fazer tudo isso acontecer. Só tenho que parabenizar todo mundo por mais essa realização da Prefeitura de São Paulo. Então além da alimentação diária que essas pessoas receberão, nós também vamos fornecer acesso à internet, para que possam acessar informações”, disse o secretário municipal de Inovação e Tecnologia, Bruno Lima.

Sustentabilidade
Práticas de sustentabilidade fazem parte dos princípios do Programa Rede Cozinha Escola e serão implantadas de forma progressiva. A etapa inicial prevê a obrigatoriedade de adesão à “Segunda Sem Carne”, campanha lançada no Brasil em 2009 pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) que consiste na conscientização sobre os impactos sociais e ambientais do consumo de produtos de origem animal e um convite à substituição da proteína animal por vegetal em ao menos um dia da semana. Na cidade de São Paulo, a campanha já ocorre em equipamentos públicos, como em unidades do Restaurante Bom Prato e na rede municipal de ensino.

As OSCs que desejarem poderão aderir ao projeto piloto para aplicação de práticas de sustentabilidade como a redução do uso de descartáveis, o aproveitamento integral de alimentos e a compostagem, entre outros. Gradualmente, essas práticas serão implantadas em toda a rede.

Segurança Alimentar e Nutricional
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), adotada pela cidade de São Paulo, aborda a Segurança Alimentar e Nutricional em no mínimo cinco dos

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS):

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.

A Segurança Alimentar também está presente no Eixo “SP Justa e Inclusiva” do Programa de Metas 2021 – 2024 da Prefeitura de São Paulo: “Meta 01: Atender 1.700.000 pessoas em programas de transferência de renda e/ou apoio nutricional, como parte do objetivo estratégico de reduzir a pobreza e ampliar o acesso a direitos para a população em situação de vulnerabilidade social da cidade de São Paulo”.

Assista o vídeo do Cozinha Escola

Organizações da Sociedade Civil que fazem parte da Rede Cozinha Escola:

Lista final com as 27 cozinhas iniciais:

Zona Norte

Associação Ethos Sustentável – Tremembé
Associação Família Unida em Cristo - Brasilândia
Associação Projeto Social Unidos pela Fé – Brasilândia
Somar Associação de Desenvolvimento Social - Jaraguá

Zona Leste

Associação Beneficente Folhinhas Verdes - Cidade Tiradentes
Associação Beneficente Luz do Saber – Cidade Tiradentes
Associação Beneficente Menina dos Olhos de Ouro - Cidade Tiradentes
Associação de Moradia Conjunto Teotônio Vilela - Sapopemba
Instituto Beneficente Mão Forte - Cidade Tiradentes
Instituto Pra Viver Melhor – São Rafael
União da Periferia do Itaim Paulista – Itaim Paulista

Zona Sul

Ação Comunitária Nova Heliópolis - Sacomã
ANDDDES - Agência Nacl de Def e Garantia dos Direitos Difusos a Educação e Saúde - Capão Redondo
Associação Beneficente Juventude Evangélica Unidas Por São Paulo - Pedreira
Associação Cantinho do Céu - Grajaú
Associação Comunitária Amanhã para Todos do Parque Santo Antônio – Jardim São Luís
Associação dos Moradores do Parque Vera Cruz no Estado de São Paulo – Capão Redondo
Associação Expansão Cultural - Capão Redondo
Centro Social Padre Paulo de Coppi e Maurilio Maritano- Anjos do Bem - Pedreira
Instituto Fênix Vida e Luz – Grajaú
Instituto Macedônia – Capão Redondo
Mover Helipa - Movimento Organizacional Vencer Educar e Realizar - Ipiranga

Centro

Associação da Pedra para a Rocha - Santa Cecília
Centro Assistencial ao Povo Carente do Estado de São Paulo - Santa Cecília
Instituto de Pesquisa da Cozinha Brasileira - Pão do Povo da Rua – Bom Retiro
MEPSRSP - Movimento Estadual da População em Situação de Rua de SP – Bom Retiro
Seguindo a Verdade em Amor - KALEBE CENTRO - Bela Vista