Ibirapuera recebe neste domingo III Caminhada do Silêncio

Evento entra no calendário oficial da cidade com o objetivo de fazer com que atos da ditadura cívico-militar no Brasil não se repitam

Sob um silêncio estridente, a cidade de São Paulo rememora o dia em que foi deflagrado, no Brasil, o golpe de Estado que levaria o país a 21 anos de ditadura civil-militar. O evento de “descomemoração” à data ocorre no próximo dia 02 de abril, a partir das 15h, no Parque do Ibirapuera.

Com intuito de promover a memória das pessoas mortas, desaparecidas e torturadas durante o período que suspendeu a democracia, no Brasil, o Movimento Vozes do Silêncio realiza a III Caminhada do Silêncio, com o apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e de uma série de organizações representadas pelo Instituto Vladimir Herzog e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política (NM).

De acordo com Maurice Polici, fundador do Núcleo de Preservação da Memória Política e um dos sobreviventes da ditadura, “o evento não é só para lembrar a violência ocorrida no passado, mas para se posicionar contra a violência de Estado de ontem e hoje. Não à toa, realizamos a primeira em 2019, devido ao contexto político daquele momento”.
A concentração para o ato ocorrerá a partir das 15h, na Praça da Paz (acesso pelos portões 7 e 8). Às 18h tem início a caminhada silenciosa, rumo ao Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, no Portão 10. O ato se encerrará às 19h, no Monumento, onde poderão ser depositadas fotos das vítimas, flores e velas.


Parte do calendário oficial da cidade de São Paulo, pela primeira vez, a III Caminhada do Silêncio contará com a presença do Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, o Assessor Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do ministério, Nilmário Miranda, e a Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Soninha Francine, à frente da pasta que apoia o evento.


Breve histórico

A I Caminhada do Silêncio ocorreu em 2019, como resposta da sociedade civil aos discursos que clamavam a volta da ditadura. O evento reuniu cerca de 10 mil pessoas, em uma tarde de memória, acolhimento, poesia e música, no Parque do Ibirapuera. A procuradora da República e coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Memória e a Verdade, Eugênia Gonzaga, lembra que “muitas famílias não tiveram a oportunidade de velar seus mortos, porque seus corpos nunca foram encontrados ou identificados, então também é um momento de homenagem”.

O ato é inspirado na Marcha del Silencio, criada em Montevidéu, em 1996, para remorar a ditadura Uruguaia (1973-1985).

Serviço

III Caminhada do Silêncio
Local: na Praça da Paz (acesso pelos portões 7 e 8).
Horários: 15h - concentração/18h – caminhada