Estudantes visitam exposição sobre desaparecidos políticos e debatem sobre o tema

Atividade fez parte da programação do 10º Festival de Direitos Humanos

Meninos e meninas na faixa etária dos 14 a 15 anos, da Escola Municipal Dias Gomes, de Guaianases, participaram nesta terça-feira, 6/12, da roda de conversa e exposição Ausência, que coloca em evidência a questão dos desaparecidos políticos durante a ditadura militar (1964-85).

De autoria do fotógrafo argentino Gustavo Germano, a exposição traz retratos de familiares feitos no mesmo lugar, mas em épocas diferentes, a do período da ditadura e a atual, sempre com a ausência de um familiar desaparecido.

As fotos de 12 famílias provocaram bastante impacto nos jovens, sendo que alguns já tinham ouvido falar dos casos de desaparecimento político em visita que haviam feito anteriormente, também pela programação do 10º Festival dos Direitos Humanos, ao Museu da Resistência, e outros que nunca haviam falar do que havia ocorrido durante aquele período de exceção.

São meninos e meninas da 6ª, 7ª, 8ª e 9ª séries do Ensino Fundamental de uma escola que está entre as ganhadoras do Prêmio Educação em Direitos Humanos, na categoria Grêmios Escolares.

O Grêmio Marielle Franco, que conquistou o prêmio para a escola, é constituído por 18 integrantes, a maioria mulheres, e dirigido por um colegiado de meninas, em modelo de co-presidência. Ele foi responsável por uma mudança de qualidade na escola e na comunidade, ao trazer para o ambiente escolar questões como LGBTFobia, racismo e pobreza menstrual.

E pensar, de acordo com Nicole, Ana Luiza e Camila, as suas co-presidentes, que tudo começou com uma reivindicação por parte das meninas que estavam incomodadas pelas constantes cobranças da direção sobre as roupas que usavam.

O Grêmio, constituído no início do ano, começou a trazer convidados para falar de temas mais complexos ligados com o cotidiano da periferia de uma cidade como São Paulo. E conseguiu atrair professores e a comunidade para o debate dessas questões.

Ligar o tema dos desparecidos com a violência policial que ocorre com uma indesejável regularidade nas comunidades provocando dezenas de ausências de familiares, como foi mostrado pela exposição, foi algo natural para essas meninas que a partir de suas iniciativas criaram uma solidada consciência social e política sobre a existência de suas comunidades.

A exposição estava em cartaz no Sinpro – Sindicato dos Professores de São Paulo, no Bairro de Vila Mariana, desde 30 de agosto deste ano (Dia do Desaparecido) e agora se despede do público da cidade, sendo essa a última visitação de sua programação.

A ida dos estudantes foi resultado de uma parceria entre o Sindicato, o Núcleo de Preservação da Memória Política e o Departamento de Educação de Direitos Humanos da SMDHC.

O 10º Festival de Direitos Humanos, iniciado no dia 4 de dezembro último, pelo Departamento de Direitos Humanos, da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, está desenvolvendo por esses dias uma série de atividades (confira a programação) na cidade de São Paulo.