Prêmio 19 de Agosto celebra ações em prol da população em situação de rua

 

 

A valorização das boas práticas de trabalho com a população em situação de rua esteve em destaque na cerimônia do Prêmio 19 de Agosto nesta segunda, de mesma data, na Praça das Artes, centro de São Paulo. Foram homenageados os projetos de três organizações da sociedade civil: “Palhaçaria na Rua”, “Olha o pão, irmão!” e “Vida Nova”. Eles contemplam o fortalecimento, incentivo e promoção de direitos, dignidade, autonomia e melhores condições de vida para essas pessoas.

A Comissão Avaliadora foi composta por três membros da Coordenação de Políticas para População em Situação de Rua (Giulia Pereira Patitucci, Juliana Veshagem Quarenta e Eliana Toscano) e três membros da sociedade civil indicados pelo Comitê PopRua (Paulo de Paula, Roseli Augusto Barbosa e Eliana de Santana).

“O momento é de celebrar a entrega do Prêmio 19 de Agosto, que cultiva e dissemina propostas em prol da população em situação de rua. Agradeço também o importante diálogo construído com o Comitê Pop Rua”, disse a coordenadora de Políticas para População em Situação de Rua, Giulia Pereira Patitucci.

O projeto vencedor, “Palhaçaria na Rua”, é de autoria de Stela Pereira da Silva, que destacou a inclusão social de uma das profissões mais antigas do mundo, “o palhaço”, como meio de socialização e reintegração de indivíduos em situação de rua. O trabalho é realizado desde 2017 em parceria com a ONG Sefras, no Núcleo de Convivência para Adultos em Situação de Rua – Sé. Stela convida artistas de rua, como malabaristas, músicos e artesãos para compartilhar seus saberes. O projeto foi premiado com R$ 5 mil.

Em 2º lugar ficou o projeto “Olha o pão, irmão!”, de José Carlos Rodrigues de Matos. Com histórico de rua, ele trabalha como gari na região de Moema desde 2015 e passou a conviver no seu dia-a-dia com crianças em situação de rua. Diante da vulnerabilidade que se deparou, José começou a recolher pães nas padaria do bairro para compartilhar com elas. A posteriori, passou a frequentar a região da “Cracolândia” também com uma ação de solidariedade distribuindo pães e sucos. A premiação pela segunda colocação foi de R$ 3 mil.

A terceira posição, recebendo R$ 2 mil, foi do projeto “Vida Nova”, da Oficina Profissionalizante Clube de Mães do Brasil - que realiza diversas atividades de qualificação profissional e inclusão social de pessoas em situação de rua e de suas famílias. São atendidas cerca de mil pessoas por mês. Além de promover oficinas, o projeto ajuda na entrada ao mercado de trabalho e ao empreendedorismo.

Houve ainda uma menção honrosa ao “Bicicloteca”, de autoria de Robson Cesar Correia de Mendonça e criado em 2010 para levar cultura e conhecimento à população em situação de rua. Outros nove projetos receberam certificado de participação: “LUME Centro – Educação Sócio Protetiva na Rua”, “Fala Mulher”, “SP Invisível”, “Human Day 2018 – Um dia humanizado para todas e todos”, “Atividade Física como promoção de saúde para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida (ou não) em situação de rua”, “População de Rua: do empoderamento do acesso aos direitos”, “Vozes da Rua”, “Participação no Comitê PopRua” e “Banho Solidário”.

“Nosso objetivo é melhorar a política para as pessoas em situação de rua. É importante este prêmio porque é feito com uma visão humanizada. Agora vamos realizar um censo para esta população e buscar a aprovação de um projeto de lei qualificado para se tornar uma política institucionalizada a favor dessas pessoas”, disse a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Berenice Giannella.

O porquê de o prêmio se chamar 19 de Agosto

O Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua lembra a chacina ocorrida na Praça da Sé, em 19 de agosto de 2004, quando dez pessoas foram agredidas enquanto dormiam na Praça da Sé, sendo que duas morreram no local e outras seis não resistiram aos ferimentos e vieram a morrer no hospital. A data foi transformada no dia de luta da população em situação de rua.

O episódio teve repercussão inclusive internacional, ficando conhecido como “Massacre da Sé”. Segundo as investigações da época, o objetivo dos ataques era silenciar os moradores em situação de rua que sabiam do envolvimento de policiais com o tráfico de drogas na região. Três policiais foram presos e soltos no mesmo ano por falta de provas.