Parada SP reúne milhões de pessoas pela garantia e avanço dos direitos LGBTI

 

Muita gente, participação, brilho, colorido, alegria, enfim muita festa, mas também manifestações políticas e palavras de ordem na defesa e manutenção de direitos. Foi assim no domingo, 23, durante a 23ª Parada do Orgulho LGTB+ de São Paulo, a maior de todas as paradas do mundo.

Este ano, o evento foi mais político, mas não menos festivo. A começar pelo tema: os 50 anos de Stonewall, quando alguns milhares de pessoas saíram pelas ruas de Nova York para denunciar as agressões e perseguições praticadas pela polícia de Nova York. Um resgate das jornadas de reivindicações da Comunidade LGBTI diante da tendência de crescimento da discriminação, da homofobia e transfobia.

O trajeto percorrido por cerca de 3 milhões de participantes, de acordo com os organizadores, começou na Avenida Paulista e terminou na Avenida Consolação. O prefeito Bruno Covas e a secretária de Direitos Humanos e Cidadania, Berenice Giannella, deram as boas vindas da cidade às pessoas que moram em São Paulo e que vieram de diferentes localidades do país e de outros países. Eles saíram no trio elétrico que puxou a parada com os convidados especiais do evento, animado pela drag queen Tchaka .

No total, a parada contou com 19 trios elétricos, cinco deles da Prefeitura com alusões a programas desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. Um dos trios fazia alusão ao programa Transcidadania, que busca a empregabilidade de pessoas Trans e Travestis, pelo estimulo à continuidade dos estudos para proporcionar mais autonomia a os participantes.

Desenvolvido nos Centros de Cidadania LGBTI - que também foram tema de outro trio da SMDHC -, o programa oferece um auxílio financeiro mensal de R$ 1.001,70, e, ao mesmo tempo em que oferece oficinas de qualificação profissional, vincula a participação à conclusão dos ensinos fundamental e médio.

Integrantes da Rede de Cidades Latino-Americanas Arco-Íris participaram em outro dos trios. A RCLA promoveu a sua terceira assembleia em São Paulo, a partir da quinta-feira anterior. Participaram da parada, atrações como a Space Girl Melaine C, Gloria Groove, Aretuza Love, Luiza Sonza e MC Pocahontas.

50 anos de Stonewall
A edição deste ano deu ênfase ao aspecto da continuidade das lutas em favor e pela manutenção de direitos da comunidade LGBTI. Os 50 anos de Stonewall lembram os acontecimentos que foram o marco das grandes manifestações em favor dos direitos LGBT, inclusive das paradas que hoje são desenvolvidas em diversas cidades do mundo.
Em 28 de junho de 1989, a partir de uma batida policial no Bar Stonewall In, a comunidade LGBTI iniciou uma revolta de três dias, que repercutiu internacionalmente. Na ocasião, 10 mil pessoas saíram às ruas para protestar contra a violência, o preconceito e as perseguições que sofriam.
A primeira Parada LGBT em São Paulo ocorreu em 1997. A marcha reuniu cerca de 2 mil pessoas e hoje agrega milhões. Faz parte do calendário de eventos da cidade e se tornou um dos principais eventos da capital paulista. Segundo estimativas dos organizadores a Parada de São Paulo arrecada mais de R$ 200 milhões em receitas e gera centenas de empregos diretos e indiretos.

Direitos LGBTI em SP
A Parada LGBTI de 2019 coincide com a decisão recente do STF que equivale a homofobia e a transfobia a crimes de racismo, com penas de prisão de um a três anos. “A cidade de São Paulo está na vanguarda das políticas públicas pelos direitos LGBTI”, destaca a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania. Vinculada à pasta está a Coordenação de Políticas LGBTI.
A Secretaria mantém 4 Centros de Cidadania LGBTI nas regiões central, Norte, Leste e Sul, que desenvolvem oficinas, recebem denúncias, atendem vítimas de violência, preconceito e discriminação, prestam orientação jurídica e social e promovem a cidadania. Além das sedes fixas, quatro Unidades Móveis de Cidadania LGBTI percorrem as diferentes regiões da cidade, para tornar mais acessíveis as políticas públicas prestadas pelo município.

Os direitos LGBTI também são garantidos por leis e decretos federais, estadual e municipal, que garantem a utilização e o direito de se utilizar do nome social de pessoas travestis e transexuais e vedam qualquer forma de discriminação (Saiba mais).

Casamento Igualitário

O direito de união matrimonial de pessoas do mesmo sexo é garantido no Brasil, desde 5 de maio de 2011, por decisão do STF. Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça aprovou uma resolução que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos igualitários. Desde então, na cidade de São Paulo aconteceram mais de 700 casamentos, incluindo dois casamentos coletivos igualitários promovidos pela Coordenação de Políticas LGBTI.