Com resultados positivos, 'De Braços Abertos' ganhará mais 500 vagas

Pesquisa com participação da Open Society Foundations apontou que 65% dos beneficiários reduziram o uso de crack. Prefeito anunciou ampliação do programa

Foto: Leco de Souza

Fonte: Secom

O prefeito Fernando Haddad anunciou nesta quinta-feira (16), em entrevista coletiva na sede da Prefeitura, que duplicará o número de vagas do programa De Braços Abertos (DBA) até o fim de 2016. Serão criadas 500 novas vagas e o programa será ampliado da Luz, para outras regiões da capital.

Iniciado em janeiro de 2014, o De Braços Abertos é um programa de redução de danos, que oferece moradia em hotéis, oportunidade em frentes de trabalho e renda, além de alimentação e capacitação para mais de 450 pessoas com uso problemático de drogas da região da Luz conhecida e estigmatizada como Cracolândia. A ampliação do programa para hotéis fora da Luz atende a uma demanda apresentada por parte dos beneficiários.

“Tomamos a decisão de dobrar o De Braços Abertos, que vai ganhar 500 novas vagas, sobretudo com o respaldo de resultados positivos apresentados por parceiros externos ao programa. Já sabemos que pessoas que fazem uso de drogas costumam ter mais resistência ao acolhimento. No modelo do DBA, essa resistência cai. O modelo desse programa parece ser o mais adequado para recepcionar as pessoas em situação de rua com essas características”, afirmou.

Anunciados esta semana, os resultados da pesquisa realizada pela Plataforma Brasileira de Política de Drogas (sediada no Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBBCRIM), com financiamento da Open Society Foundations, apontam que 65% dos beneficiários reduziram o uso de crack.

“As pessoas em situação de rua vieram aqui, frequentaram meu gabinete e construíram o De Braços Abertos aqui dentro. O programa vem sendo criticado desde seu lançamento, apesar dos êxitos que as pesquisas mostram. Havia desconfiança de que os resultados da Prefeitura não fossem confiáveis, mas diria que a Open Society não é uma instituição que possa ser questionada do ponto de vista de independência. É uma organização bancada por um magnata, George Soros, que tem interesse no tema da drogadição e vem explorando experimentos no mundo todo para conhecer a efetividade desses programas”, disse Haddad.

Pesquisa
Outra pesquisa, realizada em março deste ano pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, revelou que 88% dos beneficiários da ação afirmam ter reduzido drasticamente o consumo de crack. Os dados apontaram que, antes do programa, o uso de crack por pessoa era de, em média, 42 pedras por semana, e agora é de 17 pedras, uma queda de 60% entre as pessoas cadastradas.

Antes do De Braços Abertos, cerca de 16% dos beneficiários afirmava consumir de 81 a 100 pedras por semana, índice que agora é de apenas 2%. As pessoas que diziam consumir de 1 a 10 pedras por semana representavam 22% antes do programa. Depois da ação, eles são quase a metade (47%) dos beneficiários. A pesquisa ainda aponta que, antes do programa, 65% dos beneficiários diziam passar o dia todo sob o efeito do crack, e 32% na metade do dia, pelo menos. Dois anos depois, apenas 5% afirmam ficar sob efeito da droga durante todo o dia. Mais de 55% dizem ficar sob o efeito do crack por pouco tempo no dia. Antes, eram apenas 3%.

O levantamento aponta, por exemplo, que 84,66% estão em tratamento de saúde, que 84,17% não possuíam sequer documentação antes da ação – e, agora, contam com identificação – e que 72,75% estão trabalhando. Outro dado importante é que 52,52% dos beneficiários recuperaram o contato com a família, condição importante para a reinserção social desta população.