Debate sobre atuação política dos jovens abre as atividades do Mês da Juventude em São Paulo

Encontro reuniu representantes dos movimentos que participaram da luta da juventude nas ruas durante a ditadura civil-militar, o movimento Fora Collor e as jornadas de junho

Aconteceu nesta terça-feira, dia 5, o primeiro evento do Mês da Juventude em São Paulo. O debate ‘Nas ruas é que se muda o Brasil: jovens nos processos de mudança política’ discutiu o papel desempenhado pelas mobilizações de juventude nos processos de transformação da política brasileira, em diferentes momentos da história do País: a ditadura civil-militar, o movimento Fora Collor e as jornadas de junho, em 2013.

Participaram a professora de Psicologia Social da USP, Vera Paiva, integrante do DCE/USP no período ditatorial; o economista Ricardo Abreu, líder do Movimento Caras Pintadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE); o fotojornalista do projeto Piratas Urbanos, Sérgio Silva, que perdeu a visão de um olho durante ação da Polícia Militar durante as manifestações de junho de 2013; e a ativista do Levante Popular da Juventude Lira Alli, que mediou a conversa.

Da esq. para dir.: Vera Paiva, Ricardo Abreu, Lira Alli e Sérgio Silva

Um público composto principalmente movimentos sociais e líderes estudantis participou do debate iniciado às 19h, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade. O coordenador de Políticas para Juventude da SMDHC, Gabriel Medina, abriu o encontro com uma breve apresentação, ressaltando os resultados alcançados pela juventude nas lutas políticas do País. “Chegamos fortes para o Mês da Juventude, que é um momento de comemoração, articulação e debate. Comemorar os avanços que temos conseguido, como na luta pela aprovação do Estatuto da Juventude, instituído após 10 anos de lutas. Articular novos projetos e debater momentos em que a juventude foi líder e protagonista nos processos democráticos brasileiro faz desse encontro um momento de extrema importância e alegria para todos.”

A conversa seguiu com relatos das experiências políticas vividas por cada integrante da mesa. Vera Paiva, filha de Rubens Paiva – político brasileiro torturado e morto durante a ditadura, que teve o crime esclarecido só 40 anos depois pela Comissão Nacional da Verdade – lembrou a dificuldade que tinham em levar as pessoas para as ruas em plena ditadura. “Sem imprensa, sem celular, sem Facebook, a gente agia no boca a boca e o trabalho de convencimento em salas de aula é o que fez o movimento de resistência crescer e chegar a um milhão de pessoas nas ruas durante as Diretas Já”.

Vera destacou a importância dos debates para combater o conceito deturpado de direitos humanos disseminado pelos representantes da ditadura civil-militar. “As pessoas precisam saber que direito ao trabalho descente, direito à saúde e direito à educação são os direitos fundamentais da pessoa humana. Precisamos recuperar o quadro dos direitos humanos e pensá-lo como reciprocidade, não como ‘meu direito vai até onde o seu existe’”, completou.

O Mês da Juventude continua a ser comemorado em São Paulo, com atividade já no próximo dia 9. Clique aqui para conferir a programação completa e participe.