Censo mostra perfil da população em situação de rua na cidade

Estudo apontou que a maioria é migrante, do sexo masculino e com baixa escolaridade

Fonte: Secom

A Prefeitura de São Paulo divulgou nesta quarta-feira (20) a segunda parte da Pesquisa Censitária da População de Rua, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). No ano passado, o estudo apontou que 15.905 pessoas vivem em situação de rua na cidade. Nessa nova etapa, foi traçado um perfil dessa população – tanto os encontrados nos centros de acolhimento da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social quanto os localizados nas ruas.

Segundo a pesquisa, a maioria dessa população, tanto dos acolhidos quanto dos que vivem na rua, são do sexo masculino (88%). A faixa etária média é de 43 anos entre os acolhidos e de 41 anos entre os que estão na rua. Com relação à cor declarada, 69,7% dos acolhidos e 72,1% dos que estão na rua se consideram “não brancos” (pretos, pardos, amarelos ou indígenas).

Já com relação ao local de origem, a pesquisa constatou a presença majoritária de migrantes nessa situação: 73,4% entre os acolhidos e 71% entre os que vivem na rua. Também foi constatada uma presença expressiva de pessoas nascidas dentro do município de São Paulo – 26,6% dos acolhidos e 29% dos que estão na rua.

O nível de escolaridade também é baixo, com uma porcentagem de analfabetos de 9,6% entre os que vivem na rua e de 7,1% entre os acolhidos.

A pesquisa também apontou que mais da metade da população de rua já passou por internação em alguma instituição, destacando-se o sistema prisional e as clínicas de recuperação de dependência de drogas e álcool. Entre os acolhidos, 30,5% passaram por clínicas de recuperação, 27,5% pelo sistema prisional e uma parcela passou por instituições psiquiátricas (11%) e pela Fundação Casa (10%). Já com relação à rua, 40% já passaram pelo sistema prisional, 32,8% por clínicas de recuperação de dependência e 12% pela Fundação Casa.


Saúde

Com relação à saúde, os problemas mais apontados foram de saúde bucal (27,5% dos acolhidos e 34,5% dos que estão na rua), sequela de acidentes (26% dos acolhidos e 26,7% dos que vivem na rua), HIV (3,3% dos acolhidos e 4,5% da rua) e tuberculose (3,9% dos acolhidos e 4,5% dos que estão na rua).

Já com relação ao uso de substâncias psicoativas, a pesquisa constatou que a mais utilizada é o álcool: 44,6% entre acolhidos e 70,1% entre os de rua. No caso de drogas ilícitas, 52,5% dos que vivem na rua e 28,7% dos acolhidos confirmaram o uso de algum tipo.

Além da análise sobre o estado de saúde dessa população, o estudo também fez um levantamento sobre a utilização dos equipamentos públicos de saúde. Segundo os dados, os serviços de atenção básica como postos de saúde, unidades básicas de saúde (UBS) e AMAs foram utilizados pela maioria dos acolhidos e dos que vivem na rua: 71,3% e 57,6%, respectivamente.


Metodologia
Para conseguir traçar o perfil da população em situação de rua da cidade de São Paulo, a pesquisa da Fipe definiu cinco blocos de dados como base. São eles: características demográficas, família e vínculos familiares, alternativas de pernoite, tempo de rua e idade com que foi para a rua, trabalho e benefícios, saúde e serviços, uso de álcool e de drogas, internação em instituições, cidadania e saída da rua.

O levantamento dos dados foi realizado entre os dias 23 de fevereiro e 26 de março de 2015.

A Prefeitura de São Paulo tem investido em uma série de programas e serviços para a população em situação de rua. A gestão municipal disponibiliza hoje 79 Centros de Acolhida, atendendo, atualmente, cerca de 10 mil pessoas.

Clique aqui para conferir os resultados da pesquisa.