Polícia Federal entra no caso da depredação do Ossário-Geral do Cemitério do Araçá

Pedido para que a PF participasse das investigações foi feito pelo secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, a José Carlos Dias, da Comissão Nacional da Verdade, que se comprometeu a falar com direção da Polícia Federal

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República confirmou nesta quarta-feira, dia 6, que a Polícia Federal entrará nas investigações da depredação do Ossário-Geral do Cemitério do Araçá ocorrida no domingo, dia 3, menos de 24 horas depois de um ato inter-religioso realizado no local em memória dos mortos e desaparecidos da ditadura militar.

O pedido de entrada da PF nas apurações foi feita pelo secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, a José Carlos Dias, conselheiro da Comissão Nacional da Verdade. Em ato de repúdio ao vandalismo realizado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) no Cemitério do Araçá, na terça-feira, dia 5, José Carlos Dias se comprometeu a acionar a Polícia Federal. “Eu me comprometo aqui a conversar com o diretor da Polícia Federal em Brasília para que, atendendo à proposta do secretário, ela participe das investigações. Não há ato maior de violência do que a violência contra os mortos”, disse. Nesta quarta-feira, o conselheiro anunciou a entrada da PF no caso.

A ação dos vândalos danificou gavetas que armazenam ossadas e parte das obras da exposição ‘Penetrável Genet’, dos artistas Celso Sim e Anna Ferrari, que integra a 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo. Abrigada no Ossário-Geral, a mostra aborda a questão do desaparecimento de presos políticos da ditadura militar.

O Ossário-Geral do Cemitério do Araçá abriga 1.049 restos mortais encontrados, em 1990, em uma vala clandestina no Cemitério D. Bosco, em Perus, entre as quais possíveis despojos de mortos e desaparecidos políticos do chamado Esquadrão da Morte. Na depredação, os nichos com esses restos mortais permaneceram intactos. Isso não torna a ação menos grave e ainda preocupa pela forte conotação política que pode carregar.

“É uma violência que todos nós temos que repudiar”, disse o secretário Rogério Sottili. Ele destacou ainda a importância não apenas da investigação do ataque, mas da identificação imediata dos restos mortais da vala clandestina de Perus, para que não fiquem mais sujeitos a depredações. “Não se justifica nós estarmos há mais de 20 anos com essas ossadas sem identificação. Já fiz um contato com a ministra Maria do Rosário (da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) para que a Secretaria tome providências no sentido de apurar e acelerar esse processo, e ela está empenhada nisso.”

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