As próximas sessões do Cine Direitos Humanos exibirão três curtas-metragens de Jefferson De, cineasta paulista afrodescendente, conhecido por sua militância pelos direitos dos negros.

O cineasta Jefferson De

Em 2000, ele lançou o manifesto Dogma Feijoada, propondo um cinema brasileiro feito por negros. Natural da cidade de Taubaté, filho de uma costureira e de um torneiro mecânico, teve seu longa-metragem de estreia, “Bróder” (2010), selecionado para os festivais de Berlim e Gramado. Neste conquistou cinco prêmios, inclusive os de melhor filme e de melhor diretor.

Confira abaixo os três filmes do cineasta que o Cine Direitos Humanos exibe:

“Carolina (2003, 15 min)”

Com Zezé Motta à frente do elenco, “Carolina” conta a história de Carolina de Jesus, que no final dos anos 1950, dentro do barraco onde morava, escreveu um diário onde denunciava a fome, o preconceito e a miséria. Publicada, a obra torna-se um sucesso editorial, sendo editada em 13 línguas. Apesar do reconhecimento imediato e explosivo, a mulher negra e ex-favelada falece pobre. Passadas algumas décadas, as palavras de Carolina continuam a ser uma denúncia contra a miséria em que se encontram milhões de pessoas.

O filme foi vencedor dos prêmios de melhor curta-metragem, melhor fotografia e do prêmio da crítica no Festival de Gramado. Já no festival internacional “É Tudo Verdade” recebeu o Prêmio Estímulo aos Diretores do Ministério da Cultura.

“Narciso Rap (2005, 15 min)”

Com música de Max de Castro, o curta retrata um garoto negro da periferia que ganha uma lâmpada mágica. Ao esfregá-la, surge um gênio que lhe concede um único desejo: ser visto branco pelos brancos e negro pelos negros. A confusão começa quando outro garoto, branco e rico, encontra a lâmpada e faz o mesmo pedido.

A produção foi selecionada para o Festival de Clermont-Ferrans, na França, considerado o mais importante evento internacional dedicado a filmes de curta metragem. Em seu elenco estão Abayomi Oliveira, Robson Nunes, Paula Picarelli, Juan Pablo Rahal, João Acaiabe, Luciano Chirolli, Fernando Coster e DJ King.

“Jonas, só mais um (2008, 13 min)”

No documentário, o ator Caio Blat conduz a história do assassinato do jornaleiro Jonas Eduardo Santos de Souza, executado ao ser barrado indevidamente na porta do banco com um tiro no peito pelo segurança da agência, no centro do Rio de Janeiro, em 22 de dezembro de 2006. O senhor Antonio, pai da vítima, trabalha para Caio como pedreiro. "Constrangido, o senhor Antonio me pede desculpas toda vez que precisa faltar ao trabalho para comparecer às audiências, já que a posição do banco é aguardar a decisão da Justiça", diz Caio. Nove meses depois, no dia 18 de julho de 2007, iniciou-se o julgamento do segurança Natalício Marins.

 

As sessões ocorrem no dia ocorrem no dia 21/11, sábado, às 11h no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca e na quarta-feira, 25/11, às 19h, no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. Os ingressos são gratuitos e começam a ser distribuídos uma hora antes das sessões.

Na sessão do dia 21 de novembro no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca haverá debate com Jefferson De após a projeção dos filmes.