Comida, Memória e Identidade

No texto de hoje, entenda o porquê de algumas comidas nos transportarem às boas lembranças e a importância delas para a preservação da nossa cultura alimentar

Por Luiza Araújo (nutricionista comportamental CRN 48 294)

Provavelmente você já observou o poder que o aroma e o sabor que algumas comidas têm de nos transportar às boas lembranças. Isto acontece porque os sentidos do olfato e do paladar estão conectados ao centro da memória de longo prazo no cérebro, que nos permite, por exemplo, recordar dos momentos afetivos relacionados àquela comida.

Estas memórias definem os hábitos na alimentação e estabelecem a cultura alimentar dos indivíduos. Mas é necessário observar que tudo isso vem sofrendo grandes mudanças diante do sistema de produção de alimentos em grande escala acompanhado da indústria de alimentos que, em muitas vezes, oferecem produtos com títulos de “caseiro, artesanal, fresquinho”, para parecer com os alimentos de verdade e conquistar o consumidor pela memória afetiva.

O guia alimentar para a população brasileira, edição 2014 do Ministério da Saúde recomenda que a base da nossa alimentação seja de alimentos in natura ou minimamente processados e ainda que sejam evitados os ultraprocessados que, em suas composições, oferecem uma grande quantidade de óleos, gorduras, açúcar e aditivos químicos e pouca do alimento de verdade. Além disso, o guia incentiva desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias como forma de manter uma alimentação saudável e proteger a cultura alimentar.

A preservação da cultura alimentar é um fator relevante para a manutenção da saúde, da memória e identidade de um povo, portanto sejamos críticos, a escolha do que ingerimos está em nossas mãos.


Referência: Comida é memória, afeto e identidade – Autoras: Juliana Dias e Mónica Chiffoleau.