Por Natália Koren Simoni, nutricionista, mestre em ciências e doutoranda em nutrição em saúde pública pela USP

O comer com atenção plena ou mindful eating é uma adaptação do mindfulness (atenção total ao momento presente, sem críticas ou julgamentos) porém aplicado aos alimentos e ao comer.

Todo ser humano nasce dotado da capacidade de se concentrar no momento presente. O que ocorre é que, com o passar do tempo, essa habilidade regride ou se dispersa quando não praticada.

A prática de comer com atenção plena pode trazer muitos benefícios para saúde física, mental e emocional, podendo diminuir comportamentos pouco saudáveis relacionados a forma como comemos (comer emocional, comer em excesso, transtornos alimentares).

É importante reforçar que, para comer com atenção, plena o julgamento e a resistência devem ser tirados da mesa e, no lugar, colocar a aceitação, paciência, confiança e desapego. Tudo isso, em torno de uma mente sempre aberta às novas descobertas.

Vale lembrar que não há certo ou errado ao sentar-se para comer com atenção plena, mas sim aproveitar a experiência.

Como aplicar o comer com atenção plena ao seu dia a dia:

1. Diminua o ritmo: pare tudo o que está fazendo naquele momento, monte uma mesa bonita e um prato que lhe cause prazer aos olhos, desligue qualquer distração (celular, computador, tv), sente-se a mesa e respire pausadamente até que o coração desacelere e você consiga focar somente do que está a sua frente (prato, talheres, copos, ingredientes etc.)

2. Aprecie sua comida: Observe as cores do seu prato, corte pedaços pequenos, sinta todos os cheiros, gostos e texturas presentes em cada garfada, mastigue bem. Enquanto mastiga, repouse os talheres no prato para se concentrar apenas no que está na sua boca. Repita o processo a cada garfada.

3. Coma até se sentir satisfeito: Sinta o preenchimento do seu estômago, não necessidade de “raspar o prato”, caso sinta que colocou uma quantidade grande de comida no prato nessa refeição, na próxima coloque menos. O ajuste ocorre com o tempo (lembre de ter paciência). O comer, mastigar, engolir e esperar, ajuda a perceber quando a fome foi completamente saciada.

4. Não julgue os alimentos: Não existem alimentos bons ou ruim, comer é uma necessidade e atender aos sinais de fome é um chamado da nossa sobrevivência.

5. Seja gentil e curioso: cada experiência é única, cada alimento ou preparação causa uma sensação diferente aos nossos sentidos, aproveite e reflita sobre cada experiência, sem cobranças ou críticas a você ou a comida.

Referência: Alvarenga, M., Antonaccio, C., Timerman, F., & Figueiredo, M. (2015). Nutrição comportamental. Editora Manole.