A Dança Circular tem como objetivo resgatar passos tradicionais dos povos, somados aos passos trazidos pela contemporaneidade buscando reconectar os indivíduos com eles mesmos, com os outros e com o meio ambiente. Na UMAPAZ a Dança Circular integra o Programa de Metodologias Integrativas da Formação, sendo instrumento de Educação Ambiental e trabalhando os valores da Cultura de Paz. Trabalha a convivência harmoniosa, atenção plena no presente, percepção corporal, cooperação, respeito, diversidade, acolhimento, além de sensibilizar para as questões socioambientais.
Em 2023 faremos um encontro por mês no modo on-line e os demais encontros presenciais.
Coordenação:
Estela Gomes
Participação nos encontros on-line:
Débora Pontalti
Apoio estagiárias:
Beatriz Del Cistia Corrêa, e Tainá Fraga Rocha Parreira
Público: Aberto
Plataforma: ZOOM (encontros no modo-online) e WHATSAPP (compartilhamento de materiais e comunicação com o grupo)
Modo-online:
Dias: Quartas-feiras, no modo on-line, somente na primeira quarta de cada mês. De 01/02 a 5/07 e 2/08 a 6/12/2023.
Horário: 10h às 11h (abertura da sala virtual às 9h50).
Local: Zoom
Entrar na reunião Zoom:
https://us02web.zoom.us/j/89929567458?pwd=aGZiYWU1M2JPeGMvVVFuNUZaZmJldz09
ID da reunião: 899 2956 7458
Senha de acesso: 960987
Presencial:
Dias: Quartas-feiras, no modo presencial, demais quartas do mês. De 8/02 a 28/06 e 9/08/2023 a 13/12/2023.
Horário: 9h30 às 11h.
Local: Presencialmente no espaço da Serraria do Parque Ibirapuera(próximo ao portão 7), na SEDE da UMAPAZ.
Não é necessário realizar inscrição. Atividade gratuita.
ÁRVORE SOU, FLORESTA SOMOS
Por Estela Gomes e Débora Pontalti
Em 2022 estivemos mergulhadas/os no tema CICLOS que permeou todo nosso ano e as reflexões dançadas que fizemos ao longo dos encontros, tanto on-line quanto presenciais. Nos ciclos pudemos revisitar o início da crise sanitária provocada pelo COVID-19, todas as transformações que fomos convidadas/os a fazer a partir de 2020, a passagem dos anos e a descoberta de novos modos de dançar e nos reencontrar.
O círculo aberto da UMAPAZ, que durante a pandemia migrou para as telas virtuais, retomou os encontros presenciais em abril de 2022 e mantivemos um encontro on-line por mês para seguirmos nos relacionando com dançantes de outras regiões do Brasil, alcançando outras cidades, estados e até outros países. A UMAPAZ ampliou seu espaço de atuação chegando às casas de várias pessoas que anteriormente não tinham oportunidade de comparecer presencialmente ao espaço físico da UMAPAZ no Parque Ibirapuera.
No mês de abril de 2022 realizamos na sede da UMAPAZ uma exposição a convite da arquiteta Helena Quintana da EMJ (Escola Municipal de Jardinagem) – “Dança Circular em CENTROS na UMAPAZ” - onde as/os dançantes do círculo aberto puderam participar escolhendo os centros para serem expostos e colaborando na construção da descrição do material exposto.
Nestes últimos anos nossa linguagem comum – o movimento – nos aproximou e integrou. Os encontros on-line foram enriquecidos com a parceria e participação da bióloga Débora Pontalti que trouxe novas reflexões ao tema Ciclos e aos subtemas trabalhados em cada mês, entrelaçando conteúdos socioambientais às Danças Circulares focalizadas por Estela Gomes.
Retomamos os encontros presenciais no círculo em abril de 2022 dançando sem dar as mãos, usando máscaras de proteção individual e nos encontrando somente no ambiente aberto do parque, próximo à Serraria, no portão 7. No decorrer do ano, à medida em que o acesso à vacinação foi ampliado e houve a melhoria da crise sanitária, a proximidade física foi se ampliando, pudemos retomar as mãos dadas e ocupar o auditório da UMAPAZ quando o clima não comportava a realização no espaço aberto e descoberto do parque. A ciclicidade esteve sempre presente ao longo de todo o ano!
Por meio da reflexão e dançando os ciclos em 2022 aprendemos, nos fortalecemos, apoiamos e integramos.
Dando continuidade ao percurso que estamos construindo, o convite para 2023 é nos redescobrirmos natureza. Nos aproximarmos da natureza que somos e nos sentirmos parte de um coletivo que dança, trabalha, aprende e se sustenta em comunidade. Um chamado para cultivarmos observação e presença na experiência única da vida que vive em e através de nós.
O tema de 2023 - ÁRVORE SOU, FLORESTA SOMOS - nos convida a habitarmos nosso próprio corpo nos inspirando nas árvores, reconhecendo nossas raízes, mobilizando o tronco e ampliando a copa das ideias, sonhos e ações. Nos convida também a cultivar um estado de atenção, presença e contemplação de toda vida que acontece tanto dentro de nós como ao nosso redor.
A árvore é símbolo universal da vida, representa a evolução e ascensão para o céu evocando a verticalidade e o movimento dinâmico para cima, une o céu à terra, representa a fecundidade inesgotável, regeneração da vida, conhecimento e sabedoria, eixo da intuição e fonte de inspiração para muitos povos. Pela Medicina Tradicional Chinesa o homem é muito semelhante à árvore, possuindo suas raízes andantes representadas pelas pernas e pés, seu tronco que o sustenta e por onde circula o sangue e a seiva da vida e a copa representada pelos braços, mãos, pescoço e cabeça de onde surgem as ideias, novas sementes e projetos.
Segundo o engenheiro florestal alemão Peter Wohlleben, as árvores têm muito mais em comum com os seres humanos do que podemos imaginar: elas se comunicam, mantém relacionamentos, formam famílias, cuidam dos doentes e dos filhos, têm memória, defendem-se de agressores e competem com outras espécies.
ÁRVORE SOU, FLORESTA SOMOS por meio da Dança Circular nos convida a nos reconhecermos um elo de uma grande corrente, um ponto de uma imensa rede, uma árvore no interior de uma floresta. A Dança Circular acontece em grupo, uma pessoa ao lado da outra, com as mãos dadas e dançando passos em comum. No solo fértil das nossas relações humanas com toda a vida nos sentimos parte do círculo, como numa floresta onde tudo que existe tem função e relação com o todo. Buscando o que nos nutre enquanto coletivo dançante, o que quer brotar, o que precisa se transformar, onde o sol ilumina e onde estão nossas sombras. Reconhecendo a floresta que somos e a que sonhamos seguir existindo.
Natasha Myers, no texto “Como cultivar mundos habitáveis: Dez passos (não muito fáceis)”, disponibilizado pelo site Mandala Lunar, fala sobre a importância de reconhecermos que as plantas são nossos mais poderosos aliados!
A autora diz: “Fotossintetizantes, como cianobactérias, algas, plantas terrestres e árvores, são os mais poderosos agentes de rearranjo elementar do planeta.[...] Esses seres verdes devem ser entendidos de outra forma; isto é, como praticantes de uma espécie de materialização alquímica, cósmica. Achamos que as plantas não podem se mover, mas elas se estendem através do cosmos, coletando energia do Sol em seus tecidos para que possam fazer sua mágica terrestre. Captando matéria do puro ar, as plantas devem ser entendidas como conjurantes produtoras de mundo. Elas nos ensinam as lições mais sutis sobre matéria e materialização. ”
E ainda “Mais poderosas do que qualquer complexo industrial, as comunidades de criaturas fotossintetizantes rearranjam os elementos em um nível planetário. Elas sabem como compor mundos habitáveis, respiráveis e nutritivos na terra e na água. Quando expiram, elas compõem a atmosfera; à medida que se decompõem, materializam o adubo e alimentam o solo e os oceanos. Segurando a Terra e sustentando o céu, elas cantam em frequências ultrassônicas quase audíveis à medida que transpiram, movendo enormes volumes de água das profundezas da Terra até as mais altas nuvens. Elas limpam as águas e nutrem todas as outras formas de vida. ”
Um artigo produzido no Laboratório de Educação e Política Ambiental (Oca) da USP, por Denise M. G. Alves et al, discorre sobre 5 pilares que são fundamentais para a fomentação de uma educação mais sustentável, são eles: identidade, comunidade, diálogo, potência de ação e felicidade. Frente a um mundo globalizado e que carece de cuidados com a natureza, a promoção da Educação Ambiental permite estabelecer uma conexão entre indivíduo-planeta e indivíduo-indivíduo. Apenas resgatando o sentido comunitário, fortalecendo as identidades e incentivando uma participação ativa da sociedade é possível alcançar um benefício mútuo para os seres humanos e a natureza, a qual é a fonte da nossa vida. A tão buscada felicidade só pode ser atingida nesse momento de equilíbrio pois, nas palavras do Krishnamurti, “a suprema felicidade - não a oriunda do prazer, mas a que promana dessa quietude interior que é a segurança da tranquilidade, a realização da inteireza. Em tal estado não existe progresso, mas sim realização contínua, na qual todos os problemas, todas as complexidades se esvaecem. Essa verdade, essa integridade interna, existe em todas as coisas; em todo o ser humano”.
Podemos assim compreender que a natureza e especialmente as plantas fazem a vida circular! Vamos então nos inspirar nestes seres maravilhosos além de sermos nutridas, abrigadas e curadas por elas.
ÁRVORE SOU, FLORESTA SOMOS!
Que 2023 seja repleto de novas conexões com a natureza! Vamos dançar!
Referências bibliográficas e pesquisa em site:
KRISHNAMURTI, Jiddu. O Libertador da Mente. [S. l.: s. n.], 1968.
MANCUSO, S. A revolução das plantas. Pergaminho, 2019.
SOLANO, C e SICILIANO, S. Nossas árvores – o resgate do sagrado. São Paulo. Edição dos autores.
USP (ESALQ). Laboratório de Educação e Política Ambiental (Oca) da USP. Educação Ambiental e Políticas Públicas: Conceitos, Fundamentos e Vivências. COMUNIDADE, IDENTIDADE, DIÁLOGO, POTÊNCIA DE AÇÃO E FELICIDADE: FUNDAMENTOS PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. ESALQ/USP, [s. l.], 20 jan. 2018.
WOHLLEBEN, P. A vida secreta das árvores. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
www.mandalalunar.com.br/conspirar
DANÇA CIRCULAR EM TEMPOS DE PANDEMIA DO COVID-19
por Estela Gomes
A dança sempre fez parte da história da humanidade e as Danças Circulares (DC) ou Danças Circulares Sagradas (DCS) têm como origem as Danças dos Povos realizadas nas diversas comunidades que dançavam para celebrar a vida nas suas mais diversas dimensões: cultural, artística, social, educacional, terapêutica. Os povos tradicionais dançavam para honrar o sol, a lua, os animais, as plantas, os ciclos, dançavam as mudanças de estação, o plantio, a colheita, as festividades, nascimento, puberdade, casamento, morte, o trabalho comunitário e a conexão com o grande mistério da vida.
Com a formação da UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São Paulo no ano de 2006, tendo como missão fomentar e facilitar a formação de pessoas, em todas as regiões de São Paulo e ao longo de suas vidas, para a convivência socioambiental sustentável e pacífica; as Danças Circulares (DC) passaram a integrar a metodologia de aulas unindo educação ambiental e cultura de paz. Foram implantados a partir de 2006 um círculo aberto semanal, cursos de formação para profissionais da rede da Saúde do Município de São Paulo em parceria com a Secretaria da Saúde e para Educadores Ambientais usando as danças como recurso de trabalho com a ecologia interior, social e ambiental (WEIL,1993) e ao longo dos anos outros cursos e atividades foram sendo construídos e implementados.
O círculo aberto semanal configura-se como espaço fértil para vivência de temas relacionados ao meio ambiente e cultura de paz tais como: respeito, inclusão, diversidade, cultivo da amorosidade, autoconhecimento, tolerância, cooperação e por ser uma atividade aberta, qualquer pessoa ou pequenos grupos que estejam presentes no dia e local onde ocorre a roda, podem saborear o encontro e vivenciar a força do círculo através da prática das danças e das reflexões propostas.
Em 2006 o círculo começou com 8 a 12 pessoas e com o passar do tempo foi crescendo, sendo que em fevereiro de 2020 contava com uma média de 60 participantes por encontro, formando belos desenhos circulares, espirais, duas a três rodas compondo o espaço do auditório da sede da UMAPAZ ou os espaços livres na área da serraria do Parque Ibirapuera. Observamos que o grupo é formado por uma maioria de pessoas que participa com frequência, mas a cada encontro as pessoas novas são facilmente acolhidas pelos que participam há mais tempo, se integrando ao círculo sendo auxiliadas pelos que já participam da atividade.
Com a pandemia do COVID-19 a partir de março de 2020 na cidade de São Paulo, o círculo aberto passou a ser realizado de forma on-line pela plataforma Google Meet e posteriormente pelo Zoom. Houve aderência do público participante das atividades presenciais que logo migrou para o on-line como uma forma de se encontrar para dançar, estar juntos, conviver, aprender e se fortalecer por meio do encontro. Pessoas de outras cidades, estados e países, que nunca tiveram oportunidade de participar das atividades da UMAPAZ, passaram a frequentar o espaço semanal do círculo on-line e contribuir com suas reflexões, levar para seus espaços e círculos o que vivenciavam neste espaço educador e serem multiplicadores de nossas ações, valores e forma de atuarmos com as Danças Circulares.
O tema trabalhado durante 2020 e 2021 no espaço do círculo aberto de DC foi DANÇANDO A NATUREZA, tendo a natureza como grande fonte de inspiração para o gesto dançante, todos os passos e movimentos da nossa dança e aprendizado de novas formas de ser e habitar o planeta. Dançamos a natureza como um grande convite para o mergulho em nossas próprias casas e espaços habitados, nosso próprio corpo, sentimentos e pensamentos durante a grande crise planetária e tempos de incerteza.
Dançamos a natureza interior e exterior, dançamos as transformações das relações com nossos próprios espaços e formas de viver, buscamos outras formas de consumir, de preparar o alimento, de cuidar da casa e do corpo, dançamos novos cotidianos e aprendemos a nos mover buscando harmonia diante dos inúmeros desafios.
Não pudemos nos encontrar presencialmente e dar as mãos nos anos de 2020 e 2021, mas mantivemos os olhos dados (termo cunhado pela dançante Regina Baldin Saponara) e os corações conectados. O círculo aberto e os cursos de DC promovidos de forma on-line têm sido ricos espaços de encontro, troca, sustentação e nutrição dos participantes, inspirando novas formas de nos transformarmos em pessoas melhores e atuarmos pelo bem comum.
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