Prefeitura de São Paulo realiza o evento Agosto Indígena

Programação tem início em 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas, e seguem até o final do mês com mostra de cinema, graffitaço, exposição fotográfica e muito mais

Até mesmo paulistanas e paulistanos nascidos e criados na cidade de São Paulo podem se surpreender ao saber que, atualmente, 13 mil indígenas vivem na capital paulista. Para promover a conscientizações sobre este tema, ao mesmo tempo que celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado em 9 de agosto, a Prefeitura de São Paulo dá início na mesma data ao evento Agosto Indígena, que promove ações como grafittaço no Jaraguá, apresentações de culturas tradicionais indígenas, mostra de cinema e muito mais até o final do mês.

A iniciativa intersecretarial, promovida pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), por meio da sua Coordenação dos Povos Indígenas, com a Secretaria Municipal da Cultura (SMC), realiza ainda a mostra cultural "Povos Indígenas", que conta com 11 filmes e três cine debates, selecionados com a curadoria do Cine Debate e do Instituto Goiano de Pré-história e Antropologia da PUC Goiás. Todos os filmes ficarão disponíveis durante 3 meses na plataforma da SP Cine, até novembro. O evento terá apresentações de danças e culturas tradicionais de indígenas do município de São Paulo.

“Temos uma dívida enorme com nossos povos originários, que muito influenciam nossa cultura. Quando andamos pela cidade nos deparamos com diversos nomes de origem indígena o que dá uma ideia do quanto estas culturas estão presentes na nossa cidade”, afirma Claudia Carletto, Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. Basta uma volta pelo centro da cidade para constatar. Nomes como Anhangabaú, Paissandu e Cambuci são de origem Grarani. “Muitas vezes não nos damos conta dessa influência, mas ela é parte de nós mesmos. É importante celebrar e preservar a cultura, e a resistência desses povos para o despertar nossa consciência e garantir seus direitos como cidadãos”, conclui.

No início do mês de agosto também foi realizado um graffitaço no entorno da reserva indígena Tekoa Pyau, na Vila Jaraguá. A ação finalizou o projeto iniciado na Virada Cultural 2020, reunindo artistas indígenas e não indígenas, que realizaram pinturas coletivas de painéis artísticos no entorno da reserva indígena, localizada na região noroeste da cidade.

Ainda dentro da programação do Agosto Indígena, a SMDHC promove a exposição “Mulheres Indígenas”, que traz retratos de paulistanas pertencentes ao povo Guarani Mby’a, que vivem na Terra Indígena Jaraguá, localizada na Região Noroeste da cidade. A exposição ficará aberta para visitação no Shopping Light, de 9 à 30 de agosto. As 22 imagens expostas ao público são registros do evento “Beleza Indígena”, promovido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que atua na aldeia por meio da área de Atenção Básica.

População indígena em SP

Segundo o IBGE, 13 mil indígenas vivem no município, sendo 3 mil em 13 aldeias mapeadas, do povo Guarani, e os demais em contexto urbano, de diferentes etnias. No mundo inteiro, os indígenas representam 5% da população, mas se encontram entre os 15% mais pobres. O povo indígena enfrenta uma série de desafios como a desvantagem educacional, o desemprego e a pressão para assumir uma cultura que não é a sua, além da realocação forçada, a violência baseada em gênero e outras formas de discriminação.

O Dia Internacional dos Povos Indígenas foi instituído pela Unesco – agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em dezembro de 1994 e celebrado pela primeira vez em 1995. A data marca o primeiro dia do Grupo de Trabalho para as Populações Indígenas da Subcomissão para a Promoção dos Direitos Humanos da Nações Unidas, ocorrida em 1982.

A Coordenação dos Povos Indígenas da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania foi criada em 2020, sob a coordenação de Noel Villas Boas. “Construímos toda a programação do evento lado a lado com a população indígena da cidade de São Paulo, para apresentar de maneira fiel e respeitosa essa cultura tão rica que é parte fundamental da capital paulista”, afirma. Até então, as questões relativas à política indigenista no município eram conduzidas pela Coordenação de Promoção da Igualdade Racial.

SERVIÇO

Agosto Indígena 2021
De 09 a 31 de agosto

Evento de Abertura do Agosto Indígena

Quando: 9 de agosto, às 19h

Onde: redes sociais das Secretarias Municipais de Direitos Humanos e Cidadania (Facebook e YouTube) e da Cultura (Facebook)

Com Apresentações de danças e culturas tradicionais de indígenas do município de São Paulo (Guarani, Fulniô, Pankararé, Kariri Xoxó, Pankararu).

Apresentações Culturais: os Povos Indígenas da cidade de São Paulo (Guarani, Fulni-ô, Pankararé, Kariri Xoxó, Pankararu) realizam apresentações culturais para demonstrar que indígenas, aldeados ou vivendo em contexto urbano, mantém suas identidades e não deixam sua cultura de lado, permanecendo na luta pelos seus direitos, dentro e fora das aldeias.

- Fulni-ô povos originário de águas belas Pernambuco: O tore é a dança onde se fortalecer nossa cultura indígena pra difundir o conhecimento de povos indígenas diferentes.

- Kariri xoco: povos indígenas de Porto Real de colégio de Alagoas

- Pankararé povos indígenas do estado da Bahia Paulo Afonso

Cinedebates

Quando: as quintas-feiras, às 19h
Onde: canais de Facebook e YouTube da SMDHC
Curadoria: Thaís Gregório

Programação:

12/08

Tema: Produção audiovisual indígena
Palestrantes: Hugo Funi-ô, Vicent Carelli e Takumã Kuikuro

19/08

Tema: Feminismo Comunitário
Palestrantes: Tamikuã Txihi, Adriana Lima e Julieta Paredes

26/08

Tema: Demarcação e disputas territoriais

Palestrantes: Thiago Guarani, Marcia Mura e Marília Cyrne

Realizadores e filmes em exibição

*Todos os filmes ficarão disponíveis durante toda a duração da mostra e por 3 meses na plataforma da SP Cine

Coletivo Fulni-ô de Cinema:

O Coletivo Fulni-ô de Cinema surgiu em 2010, numa iniciativa da ONG Vídeos nas Aldeias, do cineasta Vincent Carelli, e professores indígenas Fulni-ô residentes na aldeia. Hoje, com vários documentários já produzidos, o coletivo segue seus objetivos de registro, através dos recursos audiovisuais das vivências históricas e abordagem do cotidiano Fulni-ô em sua essência.

Filmes que serão apresentados:
• Txhleka Fale Comigo;
• Mulheres Fulni-ô na Pandemia;
• Guardiões de um Tesouro Linguístico.

Adrian Cowell:

A produção de Cowell, documentarista chinês, se destaca pelas análises políticas com que as realidades são retratadas. Com aguda visão, o documentarista foi capaz de suscitar o debate a respeito da política indigenista brasileira no exterior, fazendo com que o mundo voltasse seus olhos à situação dos indígenas brasileiros. Esses documentários contribuem para o debate político e cultural que envolve a Amazônia e constituem a memória dos povos da floresta.

Filmes que serão apresentados:
• Return from Extinction (Fugindo da Extinção);
• The Heart of the Forest (O Coração da Floresta);
• The Path to Extinction (Caminho para a Extinção);
• The Kingdom in the Forest (Reinado na Floresta);
• The Blazing of the Trail (O Caminho do Fogo).

Takumã Kuikuro:
Takumã Kuikuro é cineasta, membro da aldeia indígena Kuikuro, e atualmente vive na aldeia Ipatse, no Parque Indígena do Xingu. Dirigiu o documentário As hiper mulheres (2011), junto a Leonardo Sette e Carlos Fausto. Teve filmes premiados em festivais como os de Gramado e Brasília, e no Presence Autochtone de Terres em Vues, em Montréal. Em 2017, recebeu o prêmio honorário Bolsista da Queen Mary University London. E foi, em 2019, o primeiro jurado indígena do Festival de Cinema Brasileiro de Brasília.

Filmes que serão apresentados:
• Plantando Futuro;
• Apicultura do Povo Matipu;
• Canoa Tradicional.

Exposição Mulheres Indígenas

De 09 a 30 de agosto

Local: Shopping Light (Rua Coronel Xavier de Toledo, 23 – 3º Piso), de 9 à 30 de agosto

Horário: de segunda a sábado, das 10h às 21h; e aos domingos, das 12h às 18h