Prefeitura faz mutirão para atender refugiados sírios

Emissão do cartão do SUS e da carteira de trabalho, administração de vacinas e realização de exames para a detecção de DSTs estavam entre os serviços prestados pela administração municipal

A Prefeitura realizou na tarde deste sábado, dia 31, um mutirão para o atendimento de refugiados sírios que hoje vivem na cidade de São Paulo. A iniciativa, que reuniu a oferta de serviços das áreas da Saúde e do Trabalho, ocorreu na Mesquita do Pari, centro. Na ocasião, os imigrantes puderam realizar exames para a detecção de DSTs, tiveram orientações de saúde bucal, administração de vacinas, além de serviços para a emissão do cartão do Sistema Único de Saúde e também da carteira de trabalho.

"Eles chegam aqui sem qualquer perspectiva. Nosso papel é tentar minimizar o sofrimento dessas pessoas, testemunhas de uma guerra civil violentíssima", afirma Heloisa Ielo, voluntária brasileira convertida ao islamismo já há alguns anos.

De acordo com Heloisa, vivem hoje em São Paulo cerca de 700 sírios, dos quais 270 são cadastrados na Mesquita do Pari, que realiza um trabalho de acolhimento e orientação dessas pessoas pela cidade. Grande parte dos refugiados chegou ao País nos últimos 12 meses, em busca de condições melhores de vida. Desde 2011, a Síria enfrenta uma guerra civil.

Entre os profissionais sírios que aqui chegam, há médicos, engenheiros, designers, publicitários, pedreiros e mecânicos. Apesar da qualificação, eles têm dificuldades de arranjar um emprego formal pela inexistência de uma carteira de trabalho e pela baixa fluência na língua portuguesa. Para sobreviver, muitos acabam aceitando trabalhos temporários como auxiliares no comércio tocado pela comunidade árabe na cidade, reunida, em grande parte, no centro.

"Cheguei aqui e passei um bom tempo sem conseguir arranjar um emprego. Hoje tenho uma carteira de trabalho e sou empregado de uma empresa de engenharia", diz Talal Al-Tinawi, engenheiro sírio, em São Paulo há pouco mais de cinco meses. Al-Tinawi mudou-se para o Brasil com sua mulher, Ghazal, e os filhos Riad e Yara, de 13 e 9 anos. "Aqui no Brasil é bem melhor. Lá na Síria a gente vivia com medo, aqui não", diz a garota, já em português fluente.

Também engenheiro, o sírio Kamal Mustafa chegou na Cidade há quase três meses, com a mulher Sana, um filho recém-nascido, e outras duas filhas, de 3 e 9 anos. "Viver na Síria é algo muito perigoso. Um dia após ter deixado o país, a região em que vivia foi bombardeada. Tenho amigos e familiares que morreram na guerra e muitos outros dos quais não temos qualquer informação. Escolhi vir para o Brasil, pois sabia que o povo brasileiro era muito gentil e que recebiam todos os povos, independente da religião", afirma Mustafa, que é mulçumano.

Atualmente, o engenheiro está desempregado e em busca de um trabalho na área de computação, que era na qual atuava na Síria. A seu ver, o seu maior problema é ainda a língua. "Acho que se tivesse aulas intensivas de português, encontrar um emprego qualificado talvez fosse muito mais fácil", diz.

 

Fonte: SECOM

Foto: Fábio Arantes/SECOM