Começam as aulas do programa de Pós-Graduação em Educação em Direitos Humanos, organizado pela Prefeitura de São Paulo

São 2.540 vagas em cursos de especialização e aperfeiçoamento disponíveis aos educadores da rede municipal

Neste sábado (30), cerca de 1400 educadoras e educadores da rede municipal de educação iniciaram as atividades da primeira etapa do programa de Pós-Graduação em Educação em Direitos Humanos, oferecido gratuitamente pela Prefeitura de São Paulo. As primeiras turmas foram abertas em parceria com a Unifesp e contabilizam 1.450 vagas. Outros 1.000 educadores iniciam as aulas, em breve, nos cursos realizados em parceria com a UFABC.

Fruto de uma articulação entre as secretarias municipais de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e de Educação (SME) e o Ministério da Educação (MEC), o cursos integram a Universidade Aberta do Brasil.

O programa completo totalizará 2.450 vagas, distribuídas em sete cursos, entre especializações e aperfeiçoamentos: Gestão do Desenvolvimento Inclusivo na Escola; Educação de Jovens e Adultos na Diversidade e Inclusão Social; Educação em Direitos Humanos; Educação Infantil, Infâncias e Arte; Gênero e Diversidade na Escola; Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola; e Políticas Linguísticas para Educação Escolar Indígena. As aulas acontecem em 15 CEUs da cidade.

Aula inaugural, no CEU Casablanca
O secretário-adjunto de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Rogério Sottili, participou da aula inaugural de "Gênero e Diversidade na Escola" e "Educação em Direitos Humanos", no CEU Casablanca, e ressaltou a importância deste tipo de formação em uma sociedade marcada por um histórico de violências, como o genocídio indígena, a escravidão e ditaduras militares.

“O momento político que vivemos é complicado, pois há perigo real de retrocessos graves na agenda de direitos humanos no país, como a redução da maioridade penal e a revogação do estatuto do desarmamento. Agora, mais do que nunca, estes cursos que estamos oferecendo à rede municipal são necessários, para fazer de nossas escolas espaços de promoção de direitos e valorização da diversidade”, disse Sottili.

Também presente, Denise Motta Dau, secretária de Políticas para Mulheres, lamentou que em pleno século 21 ainda se tenha tanta resistência com relação à formação sobre gênero nas escolas. Citou como exemplo os incidentes ocorridos na ultima segunda-feira (25), na Câmara Municipal de São Paulo, contra a inclusão desta temática no Plano Municipal de Educação. “São ações como esta, intersetoriais e intersecretariais, que nos permitem avançar no enfrentamento às desigualdades e violências de gênero”, reforçou Dau.

A coordenadora da Universidade Aberta do Brasil, Joane Vilela, representou a Secretaria Municipal de Educação e reforçou a importância em inserir a temática dos Direitos Humanos nos cursos para educadores da rede. “É uma grande satisfação ampliar o número de cursos e vagas em nossos polos da Universidade Aberta do Brasil e incluir estes temas”. Segundo Vilela, há uma demanda enorme por esta temática. “Tivemos quase nove mil inscritos para 2.450 vagas, o que demonstra a importância dos cursos”.

Também participaram da mesa de abertura Fabio Meirelles, coordenador-geral de Educação em Direitos Humanos do Ministério da Educação, e Christiana Freitas, coordenadora da área na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Ambos ressaltaram a importância da cidade de São Paulo estar alinhada com o governo federal para trazer programas como este aos educadores locais.

O encontro, que contou com a presença de 400 educadores, foi encerrado com uma conferência com o professor Bruno Konder Comparato. “Nosso desafio é desfazer a obra da escravidão”, definiu o professor, parafraseando Joaquim Nabuco. “A tarefa é complicada, mas nós que estamos envolvidos com a educação acreditamos que ela é possível, independente de partidos políticos, pois o nosso partido é o dos direitos humanos e da valorização das diferenças”, encerrou Comparato.