Cuide dos seus rins: dose sua creatinina, faça um exame de urina

A doença renal nem sempre é acompanhada de sintomas visíveis


O “Dia Mundial do Rim” é uma campanha mundial de conscientização sobre a importância dos nossos rins. No Brasil é coordenada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e promovida pelas instituições de saúde, tendo como objetivo a informação e a prevenção das doenças renais. Em 2024, a data é lembrada hoje, 14 de março, e tem como tema: “SAÚDE DOS RINS (& exame de creatinina) PARA TODOS: porque todos têm o direito ao diagnóstico e acesso ao tratamento”, com o objetivo de ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento em regiões com baixa assistência à saúde renal. A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) estima que, no Brasil, cerca de 50 mil pessoas por ano com doença renal morrem precocemente antes de ter acesso à diálise ou ao transplante.

Entrevistamos a Dra. Mary Carla Estevez Diz, Coordenadora da Clínica de Nefrologia do HSPM, que nos trouxe informações importantes sobre o tema.

Os rins são responsáveis por filtrar as toxinas do sangue, como por exemplo, a creatinina, a uréia e o ácido úrico. Estes órgãos também participam da regulação da pressão sanguínea, do controle do líquido do corpo e da formação do sangue e dos ossos.

Alguns sinais clínicos podem estar relacionados com doenças renais, sendo os principais: inchaço no corpo, aumento da pressão arterial, cansaço, falta de apetite, palidez cutânea, dor e queimação no estômago, diminuição do volume de urina, sangue e espuma na urina. Nestes casos, deve-se procurar atendimento médico, realizar exame de urina e dosagem de creatinina.

Várias doenças acometem os rins e nós, nefrologistas, temos que chamar a atenção para aquelas que, com maior frequência, podem levar à falência do funcionamento renal, sendo as principais: o diabetes e a hipertensão arterial sistêmica. Na grande maioria das vezes, a evolução para um estágio avançado de doença renal é silenciosa, ou seja, não dá sintomas. Sendo assim, quando os sinais clínicos aparecerem o paciente já pode estar nos estágios mais adiantados da doença e com necessidade de diálise ou transplante. Por isso, para todo mundo, são necessários exames periódicos para avaliar o funcionamento renal, mesmo sem qualquer sintoma.

Além do diabetes e da hipertensão arterial sistêmica, doenças como infecções urinárias de repetição, enfermidades relacionadas ao sistema imunológico (autoimunes), calculose renal, inflamações renais (nefrites), cânceres, doenças genéticas, obesidade, uso abusivo de anti-inflamatórios, narcóticos ou de medicações que promovem alergia, tabagismo, doenças ginecológicas e doenças da próstata, entre outras, também podem levar à perda do funcionamento dos rins.
Deste modo, a prevenção é a melhor forma de evitar a progressão da doença renal, o que chamamos de “Doença Renal Crônica”. Para tanto, devemos diagnosticar e tratar as doenças que podem acometer os rins e também diagnosticar e tratar a doença renal quando estabelecida. Outras ações que chamamos de “Regras de Ouro” devem ser tomadas: evitar o sal, cuidar dos índices de glicose no sangue, fazer check-up periódico determinado pelo seu médico, evitar automedicação, beber água (salvo se tiver alguma restrição), saber e tratar sua pressão arterial, fazer atividade física, manter um peso adequado e não fumar.

Por fim, a Dra. Mary lembra: “é importante dizer que a maior riqueza é a saúde. O cuidado com ela compreende uma série de ações e uma destas ações é a informação. Promover a informação é uma das chaves para a redução das doenças. Não devemos guardar para si a informação que foi oferecida neste pequeno texto. Propagar estas informações aos familiares, amigos, faz diferença na saúde do outro. Cada um de nós tem um papel importante na sociedade e somos capazes de muito mais que imaginamos”.

 

Cartaz com informações descritas no texto

Arte: Jessika Amorim
Texto: Luísa Carvalho