Uso do preservativo e vacinação são métodos de prevenção contra o HPV

SUS oferece imunização gratuita para grupos específicos

Arte: Jessika Amorim
Texto: Luísa Carvalho


O Dia Internacional de Conscientização sobre o Papilomavírus Humano (HPV) é quatro (4) de março e lembra sobre a importância da vacinação contra o HPV para a prevenção a diferentes tipos de câncer, como o câncer de colo do útero. No caso deste tipo de câncer, o HPV é identificado em mais de 99% das neoplasias. Além disso, o vírus está associado a lesões malignas em outros locais, como pênis, vulva, vagina, canal anal e orofaringe.

Entrevistamos o Dr. Thiago Agostini Braga, Coordenador da Clínica de Proctologia do HSPM, que nos trouxe informações relevantes sobre o tema.

O HPV é a Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais frequente e estima-se que mais de 80% das pessoas serão infectadas em algum momento da vida. A transmissão se dá pelo contato da pele com mucosas contaminadas, portanto, através de qualquer contato íntimo: oro-genital, genital-genital ou manual-genital. Durante a relação sexual não é necessário haver a penetração para que ocorra o contágio. Existe também a possibilidade de haver transmissão da mãe para o bebê durante o parto.

As pessoas com o HPV podem apresentar sintomas como coceira na região afetada, sangramento e aparecimento de lesões em forma de verruga; entretanto, a presença do vírus também pode ser assintomática para o paciente. O diagnóstico é feito por exames físico, de imagem (anuscopia, vulvoscopia e peniscopia) e confirmado com biópsias e histopatologia.

Sobre as formas de prevenção à doença, é essencial a realização de exames preventivos, como o papanicolau, e a vacinação. O uso de camisinhas é importante, mas não impede totalmente a infecção e sua taxa de proteção não é de 100%, uma vez que o vírus pode ser encontrado em toda a região genital.

Há atualmente a vacina tetravalente (HPV4) e a nonavalente (HPV9), que protegem contra quatro a nove tipos de HPV. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a imunização tetravalente desde 2014, para os subtipos 6,11,16,18, para adolescentes entre 9 e 14 anos, pessoas imunossuprimidas e/ou com câncer, que tenham até 45 anos. São necessárias três doses, sendo duas doses com intervalo de dois meses entre cada uma e terceira dose seis meses após a primeira. A vacina contém proteínas semelhantes ao vírus, portanto não infectam as células e não se reproduzem, apenas induzindo a formação de anticorpos.

Segunda a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacina HPV4 protege contra os tipos 16 e o 18, associados a 70% dos cânceres de colo de útero e a outros cânceres, além dos tipos 6 e 11, causadores de aproximadamente 90% dos casos de verrugas genitais. Já a vacina HPV9, que possui na formulação mais cinco tipos oncogênicos (31, 33, 45, 52 e 58), amplia a proteção contra o câncer de colo do útero, câncer de vulva, câncer de vagina, câncer de ânus, câncer de pênis e câncer de orofaringe.

A eficácia é melhor quando a imunização é feita antes do início da vida sexual. Segundo o Dr. Thiago, quando é iniciada a vida sexual, o uso do preservativo é essencial, pois mesmo com a vacina é necessária a proteção, devido à existência de mais de cem tipos de HPV, além de outras inúmeras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).