HSPM Responde: Conheça os diferentes tipos de rinite

A rinite alérgica é a mais frequente entre os brasileiros

Imagem ilustrativa na qual aparece à esquerda um holofote dentro de um celular e à direita o Texto HSPM Responde

Fatores ambientais, como locais com muita poeira e mudanças bruscas de temperatura, podem desencadear a rinite, doença caracterizada pelos espirros frequentes, coriza e coceira no nariz, garganta e olhos.

Nesta edição do HSPM Responde, a coordenadora da clínica de Otorrinolaringologia do hospital, Dr. Fátima Regina de Abreu Alves, explica quais são os tipos de rinite, sintomas, tratamentos e os perigos da automedicação.

1. O que é a rinite?
É uma doença crônica formada por diversos elementos comuns em crianças e adultos e definida como uma inflamação da mucosa nasal. A taxa de prevalência em adultos, de acordo com alguns estudos, é de 9,6% para rinite não alérgica e 29,8% para rinite alérgica. Crianças com história familiar parental de doenças atópicas desenvolvem sintomas com mais frequência e em uma idade mais jovem do que aquelas com pais não alérgicos. Há predomínio de rinite alérgica no sexo masculino e predomínio no feminino de rinite não alérgica durante a adolescência e na idade adulta. Existe um alto risco de desenvolver asma em crianças e adultos com rinite alérgica.

2. Quais são os sintomas mais comuns?
A rinite é caracterizada pela presença de um ou mais sintomas nasais que incluem espirros (constantes e em sequência), coceira (no nariz, nos olhos, na boca e na garganta), coriza (secreção nasal) e obstrução nasal (nariz entupido).

3. Quais as causas? Tem relação apenas com fatores externos?
A rinite alérgica é uma doença imunomediada, predominantemente causada por exposição a alérgenos ambientais (como fungos e ácaros) em indivíduos geneticamente predispostos, e ocorre parcialmente em decorrência de alterações no sistema imunológico.

Na rinite não alérgica sem eosinofilia (células que participam da imunidade e da resposta alérgica), os pacientes têm maior sensibilidade aos desencadeantes ambientais, como mudanças de temperatura, ar condicionado, poluentes, fumaça de tabaco e outros irritantes. Em outros pacientes pode decorrer de fatores exacerbantes, como o estresse emocional e o álcool.

4. Como funciona o diagnóstico?
Uma avaliação eficaz do paciente com rinite geralmente inclui: determinação do padrão, cronicidade e sazonalidade dos sintomas nasais e relacionados; resposta a medicamentos; presença de outras condições; exposição profissional; história ambiental detalhada e identificação de fatores precipitantes.
Realiza-se exame físico dos sistemas orgânicos potencialmente afetados por alergias, com ênfase nas vias respiratórias superiores. Também são realizados exames de nasofaringo-laringoscopia, que podem demonstrar doenças associadas, como sinusite, laringite, refluxo e otite média.

5. Como é o tratamento?
É determinado de acordo com a causa. A remoção do alérgeno também pode melhorar a gravidade da rinite alérgica e reduzir a necessidade de medicamentos. O tratamento atual para controle dos sintomas da deste tipo de rinita envolve anti-histamínico e corticosteroides. Os esteroides intranasais são os medicamentos mais eficazes disponíveis para suprimir todos os sintomas de rinite, incluindo a obstrução nasal.
O tratamento deve ser individualizado com base em fatores como idade, gravidade dos sintomas, sazonalidade, via de preferência de administração do medicamento (ou seja, nasal versus oral), efeitos colaterais do medicamento, custo, início de ação e benefício para condições comórbidas.

6. É possível curar ou apenas controlar os sintomas?
A rinite alérgica e a rinite crônica podem ser controladas e os medicamentos reduzem os sintomas e controlam o quadro. São recomendadas lavagens nasais com soro fisiológico e devem ser identificados os fatores desencadeantes para que sejam implementadas medidas de controle ambiental. A imunoterapia específica é utilizada nos casos de pacientes em que o arsenal medicamentoso disponível não esteja surtindo o efeito desejado e/ou quando o tratamento se torna desvantajoso pelos efeitos colaterais que produz, ou ainda quando não se consegue ter um controle total do ambiente.
As cirurgias podem ser indicadas no tratamento de condições comórbidas, como obstrução nasal severa decorrente de desvio septal ou hipertrofia da concha inferior, hipertrofia de adenoide e sinusites refratárias ou complicadas.

7. Há formas de se prevenir?
Identificar os alérgenos ou irritantes ambientais que desencadeiam os sintomas da rinite pode ser importante na gestão do processo da doença. Quadros leves podem ser gerenciados apenas com medidas de prevenção.
Pólen, ácaros, animais, proteínas de insetos e fungos são os desencadeantes alérgicos mais proeminentes. A remoção do alérgeno também pode melhorar a gravidade da rinite alérgica e reduzir a necessidade de medicamentos.
A redução da exposição ao alérgeno dos ácaros da poeira pode ser realizada da seguinte maneira: remover tapetes e brinquedos de pelúcia, usar capas impermeáveis a alérgenos para colchões e travesseiros, limpar as camas e lavar as roupas destas semanalmente, abrir as janelas durante o dia e fazer faxinas semanais em casa.

8. Quais os riscos da automedicação?
A automedicação deve ser evitada. O médico indicará o melhor tratamento e a forma de minimizar os sintomas causados pela rinite, prevenindo os efeitos causados pelo uso inadequado dos remédios.
Os anti-histamínicos de primeira geração ocasionam efeitos adversos, como a sonolência, sedação e fadiga, reduzindo as funções cognitivas, de memória e o desempenho psicomotor. Os anti-histamínicos de segunda geração possuem menos efeitos adversos.
Os descongestionantes podem ser de uso sistêmico ou tópico. Devem ser usados com cautela e sob supervisão médica. Os medicamentos de uso tópico devem ser evitados nos lactentes (bebês que estão sendo amamentados) pelo risco de intoxicação, e nos idosos, pelo risco de hipertensão e de retenção urinária.

9. Quais as principais diferenças entre sinusite e rinite?
A sinusite pode ser provocada por vírus, bactéria ou decorrente de alergia, levando a uma inflamação dos seios paranasais (estruturas anatômicas que rodeiam os olhos, região maxilar e testa). Os sintomas podem ser mais intensos quando comparados aos da rinite. É necessária uma avaliação com o otorrinolaringologista para que seja feito o diagnóstico correto com base nos sintomas e exame físico e seja introduzido o tratamento adequado.