Dia Nacional de Combate ao Fumo

“Sabores e aromas em produtos derivados de tabaco: uma estratégia para tornar a população dependente de nicotina” é o mote da campanha deste ano

Arte: Daniela Avancini Pena
Texto: Luísa Carvalho


Imagem de uma mão amassando cigarros
Imagem ilustrativa: Freepik.com


O dia 29 de agosto foi criado com o objetivo de estimular ações de conscientização sobre os danos à saúde e  ao meio ambiente causados pelo tabagismo, considerado uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), devido à dependência química gerada pela nicotina no organismo. Em 2023 a campanha abordará o tema: “Sabores e aromas em produtos derivados de tabaco: uma estratégia para tornar a população dependente de nicotina”, a fim de chamar a atenção da população, principalmente de crianças e jovens, sobre os riscos do uso de cigarros eletrônicos, cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo, cigarro de palha, fumo de rolo ou narguilé. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2022, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), mostram que a proporção de adolescentes entre 13 a 17 anos que fumam aumentou de 6,6%, em 2015, para 6,8%, em 2019. Segundo a pesquisa Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia, realizada em 2023, aproximadamente 1 a cada 4 jovens de 18 a 24 anos no Brasil (23,9%) já utilizou alguma vez um cigarro eletrônico. Entrevistamos o Dr. Thiago Gangi Bachichi, coordenador da Clínica de Cirurgia Torácica/Pneumologia do HSPM, que traz abaixo informações importantes sobre o fumo.

1) Quais são os efeitos das substâncias do fumo no nosso organismo e por que é tão difícil parar de fumar?
A fumaça do cigarro pode causar irritação na gengiva e inflamação das vias aéreas alta e baixa. Nos pulmões, diminui a elasticidade pulmonar a longo prazo e debilita os cílios do epitélio respiratório precocemente, dificultando a depuração da secreção e aumentando a frequência da tosse. Ele também eleva a frequência cardíaca e aumenta a presença de monóxido de carbono no sangue aumentando a sonolência. Além disso, o cigarro apresenta diversas outras consequências no nosso organismo.

A dificuldade de parar de fumar se deve a algumas substâncias, destacando-se a nicotina. Algumas pessoas, devido a características genéticas, têm mais dificuldades que outras em parar de fumar. Outro desafio é a necessidade de mudança de hábitos, que nem sempre é fácil. Parar de ingerir bebidas alcoólicas e cafeína é muitas vezes fundamental para a cessação do tabagismo, assim como pode ser necessário evitar ambientes com fumantes quando se inicia a mudança de hábitos.

2) Quais são as consequências do fumo a médio e longo prazos para a nossa saúde?
A médio e curto prazos o cigarro aumenta o risco de hipertensão, causa tosse frequente e inflamação das vias aéreas alta. Pode estar relacionado também à impotência sexual.
A longo prazo aumenta o risco de câncer de pulmão, bexiga, orofaringe, esôfago e estômago, entre outros. Além disso, o infarto e o enfisema pulmonar são muito mais prevalentes em tabagistas.

3) Em sua opinião, o que mais chama a atenção em relação aos dados sobre os fumantes no Brasil?
A diminuição significativa na quantidade de adultos fumantes desde 1989, quando cerca de 33% dos adultos fumavam, para 12% em 2019, o que mostra que estamos no caminho certo. Mas ainda há muito a fazer, uma vez que o uso de cigarros eletrônicos e narguilé são novos desafios e o combate a esses agentes deve ser feito com informação de qualidade.

4) Quais são as orientações às pessoas que desejam parar de fumar?
O primeiro passo é adotar hábitos de vida mais saudáveis, como atividade física regular e alimentação regrada. A diminuição no consumo de álcool e cafeína é muito importante. Em alguns casos, é recomendada a utilização de medicamentos sob a orientação desse especialista.

Sobre o tabagismo, o Dr. Thiago complementa: "Sempre digo aos meus pacientes que parar de fumar é possivelmente a melhor decisão que a pessoa pode ter na vida. Os diversos malefícios do tabagismo já estão bem documentados e comprovados. Temos também o dever de orientar nossos jovens e crianças sobre os impactos nocivos desse vício e evitar assim o primeiro contato com o tabaco".