Diabetes: tratamento adequado previne complicações

Endocrinologista do HSPM responde as principais dúvidas sobre o assunto

Logo do HSPM responde, com uma mão segurando um megafone saindo de dentro de um celular


A diabetes é caracterizada pela elevação da glicose no sangue e se não tratada corretamente pode provocar lesões por todo o corpo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 13 milhões de brasileiros sofrem da doença. Nesta edição do HSPM Responde, a endocrinologista do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), Dra. Lívia Porto Cunha, esclarece dúvidas como o que é a pré-diabetes, o que causa a diabetes gestacional e os problemas causados pelo chamado pé-diabético.

O que é diabetes?
Diabetes Mellitus é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas.

Quais as diferenças de diabetes tipo1 e tipo2?
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que faz com o que o pâncreas pare de produzir insulina definitivamente. Geralmente ocorre na infância ou adolescência. No diabetes tipo 2, o pâncreas ainda produz insulina, porém, em quantidade insuficiente.

Quais os sintomas de diabetes?
Cansaço, fome, sede excessiva, perda de peso repentina, micção frequente e escurecimento de dobras, como a da axila e do pescoço.

O que é pré-diabetes?
São níveis elevados de glicose acima do parâmetro considerado normal, mas não elevados o suficiente para diagnosticar Diabetes Mellitus. É uma situação que antecede a diabetes e serve de alerta para evitar a progressão da doença. É considerado pré-diabetes quando a glicemia em jejum está entre 100 e 125 mg/dl.

O que causa diabetes gestacional?

Acontece na maioria dos casos no 3° trimestre da gestação e está principalmente relacionada com a resistência a insulina que é desenvolvida como consequência do aumento da concentração dos hormônios relacionados com a gravidez. Pode trazer complicações à saúde da mãe e do bebê, como ganho de peso excessivo (para ambos), aumento no líquido amniótico, malformações fetais e parto prematuro.

Quais os fatores que aumentam as chances de desenvolver a diabetes?
Além dos fatores genéticos e a ausência de hábitos saudáveis, existem outros fatores de risco como diagnóstico de pré-diabetes; pressão alta; colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue; sobrepeso; pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes; doenças renais crônicas; diabetes gestacional; síndrome de ovários policísticos; apneia do sono e uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides. A má alimentação tem contribuído para o crescimento da doença entre as crianças e adolescentes.

Qual o impacto da doença nestas faixas etárias?

Problemas psicossociais são muito comuns entre crianças com diabetes e suas famílias. Até metade das crianças desenvolvem depressão, ansiedade ou outros problemas psicológicos. Distúrbios alimentares são um problema grave em adolescentes, que às vezes também pulam as doses de insulina em um esforço para controlar o peso. Problemas psicossociais também podem resultar em controle glicêmico inadequado, afetando a capacidade da criança de aderir aos seus regimes dietéticos e/ou farmacológicos.

Todo diabético precisa tomar insulina?
Quem tem o tipo 1 da doença sim, porque é ela que falta. Já no tipo 2, primeiro os médicos prescrevem remédios para melhorar a ação e a produção desse hormônio. Geralmente são dois ou três medicamentos orais combinados e a insulina entra só quando eles deixam de fazer efeito.

O que é pé diabético?

É uma série de alterações que podem ocorrer nos pés de pessoas com diabetes não controlada. Infecções ou problemas na circulação dos membros inferiores estão entre as complicações mais comuns, provocando o surgimento de feridas que não cicatrizam e infecções nos pés.

O que é a cetoacidose diabética?

A cetoacidose diabética é uma complicação aguda do diabetes que ocorre principalmente no diabetes mellitus tipo 1. Os sintomas da cetoacidose diabética incluem náuseas, vômitos, dor abdominal e um aroma frutado característico no hálito.

Uma vez que não há cura, como a doença afeta o dia a dia dos diabéticos? Quais os cuidados necessários para controlar a doença?
Para diminuir as complicações e viver com qualidade é preciso controlar a doença através de uso regular da medicação, dieta balanceada e prática de atividade física. Esses cuidados precisam ser feitos durante toda a vida.

Quais problemas podem surgir caso a diabetes não seja controlada? Como se prevenir?
As complicações da diabetes normalmente surgem quando o tratamento não é feito corretamente e quando não se tem o controle dos níveis de açúcar. Assim, a quantidade excessiva de glicose no sangue por muito tempo pode provocar lesões em todo o corpo, incluindo olhos, rins, vasos sanguíneos, coração e nervos. A melhor maneira de prevenir as complicações do diabetes é através da prática de hábitos saudáveis como: dieta balanceada, manter o peso controlado, reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras, parar de fumar, praticar exercícios físicos regularmente (pelo menos 30 minutos todos os dias) e uso regular das medicações.