Doação de órgãos é gesto de amor ao próximo

Brasil é referência em transplantes, mas recusa familiar ainda é obstáculo para aumento das doações


Foto de três pessoas, um homem, uma mulher e uma criança, abraçadas e de costas em um parque
Um doador pode ajudar a salvar até oito vidas. Foto: Freepik

 

Por: Rosângela Dias


Neste momento, mais de 50 mil pessoas aguardam na fila de espera por um órgão ou tecido no Brasil. Foi a chance de transformar a dor da perda do ente querido em esperança para alguém que aguarda por um transplante que motivou a família de R.D.L., de 60 anos, a autorizar a doação. O paciente faleceu no HSPM em 8 de outubro e Felícia Ida L. Marques dos Reis, sua irmã, conta que a decisão atendeu a um desejo dele.

“Os familiares foram chamados pela equipe médica para confirmação da morte encefálica, momento em que autorizamos a doação. Ele sempre disse que doaria, atendemos ao pedido dele”, afirmou Felícia.

Infelizmente, o ato de solidariedade ainda é um tabu. O coordenador do Pronto-Socorro Adulto (PSA) do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), Dr. José Antonio Volpiani, destaca que, apesar do Brasil ser uma referência mundial em transplante, o índice de autorização familiar ainda é baixo.

“Aproximadamente 40% das doações não são realizadas por causa de recusa da família, ou seja, é um índice muito alto. Por isso é muito importante que quem deseja ser doador converse sobre o assunto com a família para deixar claro seu desejo ainda em vida”, aconselhou o médico do HSPM.

A possibilidade de doação dos órgãos ocorre somente quando é declarada a morte encefálica do paciente, confirmada após a realização de exames que comprovem a inexistência de fluxo cerebral, tornando assim o quadro irreversível. O procedimento só ocorre mediante autorização de parentes.

O gesto tem a capacidade de transformar muitas vidas, uma vez que um único doador pode ajudar ao menos oito pessoas. “Tivemos certeza que ele ficaria muito feliz em poder ajudar a outros por ser muito generoso. E foi assim. Sabemos que em algum lugar deste Brasil alguém teve a alegria de viver de volta. E ele foi assim, muito alegre. Hoje fica a saudade”, disse Felícia.