Alergias e infecções são principais causas da sinusite

Uso de descongestionante nasal sem orientação médica pode piorar sintomas e deve ser evitado

Logo do HSPM responde, com uma mão segurando um megafone saindo de dentro de um celular


Por: Rosângela Dias e Giovanna Anjos 

Dores de cabeça e na face e alteração nasal, como secreção e congestão, são reclamações comuns de quem convive com a sinusite, doença causada por inflamação na região das cavidades ao redor das vias nasais. O tratamento correto é essencial para evitar que o problema persista. Nesta edição do HSPM Responde, a Coordenadora da Clínica de Otorrinolaringologia do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), Dra. Fátima Regina de Abreu Alves, traz informações importantes sobre o tema, como prevenção e tratamento.

O que é a sinusite?
A denominação mais adequada é rinossinusite. É uma resposta inflamatória da membrana mucosa que reveste a cavidade nasal e os seios paranasais (maxilar, etmoide, frontal e esfenoide). Pode ser classificada, de acordo com a duração dos sintomas, como aguda (duração de até quatro semanas), crônica (duração superior a 12 semanas) e recorrente (quatro ou mais episódios por ano, sem sintomas nos intervalos).

Quais são os sintomas mais comuns?
Obstrução nasal, bloqueio, congestão nasal (entupimento nasal), secreção nasal anterior/posterior (relatada pelo paciente ou observada na endoscopia nasal), dor ou pressão facial, alterações olfatórias, febre maior de 38°C, piora clínica após melhoria inicial (dupla piora), sintomas persistentes (mais de 10 dias), dores de cabeça e tosse.

Quais as causas?
A doença pode ser causada por infecção, alergias, alterações anatômicas do nariz ou dos seios paranasais e poluição do ar. No entanto, a maioria das Rinossinusites Agudas (RSA) decorre de infecções virais. Quando os sintomas se manifestam durante mais de dez dias ou a pessoa piora depois de ter começado a melhorar, é possível que a causa seja uma infecção bacteriana.
O fator patológico mais importante no desenvolvimento dos sintomas da Rinossinusite Crônica (RSC) é a ocorrência de um estado de bloqueio que impede a drenagem fisiológica do Complexo Ostiomeatal (COM). Entre os principais fatores que contribuem para a deterioração dessa drenagem fisiológica, os mais comuns incluem variações anatômicas, alérgenos (substâncias que causam alergias), agentes infecciosos e contaminantes do ar que causam inflamação do epitélio nasal. O tratamento primário da RSC é clínico, e em muitos pacientes resulta em remissão da doença.

Há pessoas com maior chance de desenvolver um quadro de sinusite?
São mais predispostos os pacientes com alterações anatômicas (como desvio de septo nasal, concha média bolhosa, polipose nasal), com rinite alérgica, asma, fumantes ou fumantes passivos, imunodeficientes (comprometimento do sistema imunológico), expostos à barotraumas, certas infecções odontogênicas, com antecedentes de traumas de nariz e face, entre outras.

Como é o tratamento?
Os sintomas podem ser aliviados com analgésicos, corticosteroides nasais e irrigação nasal/lavagens nasais com soro fisiológico. Quando os sintomas não melhoram em sete, 10 dias, ou se agravam, pode ser necessário um antibiótico. Nos casos em que é necessário um antibiótico, os tratamentos de primeira linha recomendados são a amoxicilina ou amoxicilina/ácido clavulânico.
No caso de rinossinusite crônica, os procedimentos cirúrgicos são uma importante opção de tratamento em alguns pacientes que não respondem adequadamente ao tratamento clínico.

O uso de antibiótico é necessário?
Os antibióticos não são prescritos rotineiramente nos casos de Rinossinusite Aguda (RSA), pois a maioria é causada por vírus e quase 70% dos casos de Rinossinusite Bacteriana Aguda (RSBA) podem se resolver espontaneamente, sem o uso de antibióticos. Nos casos em que antibióticos sejam indicados, devem ser prescritos aqueles que combatem os patógenos comuns (Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae são agentes comuns na rinossinusite bacteriana aguda).

Quais os riscos do uso de descongestionantes nasais sem prescrição médica? É verdade que o organismo “vicia” neste tipo de medicamento?
Nas rinossinusites ocorre um edema ou inchaço na mucosa rinossinusal e cornetos, dificultando a respiração e o escoamento das secreções. O medicamento de uso tópico tem ação no tamanho dos vasos sanguíneos, reduzindo o diâmetro destes vasos e a nutrição da mucosa nasal. O uso frequente pode causar efeito “rebote”. O organismo tende a compensar através de outros mecanismos e o paciente volta a aplicar a medicação, entrando em um ciclo vicioso. Ainda podem causar reações adversas, tais como a elevação da pressão arterial e o aumento da frequência dos batimentos cardíacos, entre outros efeitos.

Há meios de prevenção contra a sinusite?
Evitar a exposição aos alérgenos (poeira, pólen, poluição, pelos, mofo, exposição ao fumo) nos pacientes com alergia respiratória tais como rinite e asma e a vacinação contra a gripe.