ESPECIAL JULHO VERDE

Semana dedicada à campanha traz matérias sobre prevenção e conscientização da doença

 Julho verde 2021

Por: Rosângela Dias
Arte: Daniela Avancini


TABAGISMO E ÁLCOOL SÃO PRINCIPAIS CAUSAS DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

Julho é o mês de conscientização sobre a importância da prevenção ao câncer da região da cabeça e pescoço, que é o quinto tipo mais frequente entre os brasileiros. O câncer nessa região implica graves alterações na qualidade de vida do paciente e, por isso, a prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para elevar as chances de cura.

O Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) possui equipe especializada para diagnosticar, tratar e acompanhar pacientes que se enquadram neste perfil. Para reforçar o tema, serão publicadas diversas matérias que buscam esclarecer as principais questões sobre o assunto. Nesta edição especial do HSPM Responde, o cirurgião Dr. André Forster, que faz parte da clínica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do hospital, responde dúvidas sobre fatores de risco, sintomas e tratamentos disponíveis:

Quais são os fatores de risco para ter câncer nessa região?
O hábito de fumar tabaco é um fator bem estabelecido e difundido para o desenvolvimento de inúmeras doenças pulmonares, circulatórias e também câncer. O cigarro acomete diversos órgãos incluindo a região por onde entra e passa a fumaça (boca e garganta). A exposição prolongada implica em um aumento de até dez vezes o risco de câncer nessas áreas do corpo. Se somado ao hábito do consumo de álcool, o risco de surgir câncer aumenta em 30 vezes.

Quais são os sinais de um câncer de cabeça e pescoço?
Há dezenas de doenças que pode ocorrer na boca e garganta, mas quando uma ferida na boca dura mais de três semanas sem melhora nesse período, um dentista ou médico devem ser procurados. Lesões que geram dores e sangramentos devem ser investigadas. O surgimento de alteração da voz, dificuldade de falar ou engolir também são sinais de um possível câncer. Nessa condição, qualquer alteração que dure mais de três semanas deve ser avaliada por um especialista.

Quando devo procurar um especialista?
Para as pessoas que observam o surgimento de algum sintoma novo devem procurar um especialista o quanto antes. Já aqueles pacientes que apresentam o hábito de fumar ou ingerir álcool regularmente, exames de investigação devem ser feitos periodicamente com equipe de dentistas ou otorrinolaringologistas para exames da laringe.

Como posso prevenir o surgimento de câncer na região de cabeça e pescoço?
Fundamental é evitar tabagismo e etilismo. Se possível, evitar iniciar esse hábito. Já para os tabagistas, a interrupção e parada definitiva o mais breve possível é a melhor forma de reduzir risco. O atraso em para de fumar implica mais tempo de efeito do cigarro e mais tempo para zerar os acumulados do cigarro no organismo.

Qual a incidência desse tipo de câncer?
O câncer que acomete a região da boca, garganta e pescoço é um grupo de doenças que está entre os cânceres mais frequentes. Com aproximadamente 29.620 casos registrados no ano passado, é a quinta maior incidência na população brasileira.

Existe alguma relação entre HPV e o câncer de cabeça e pescoço?
Nos últimos 20 anos, têm ocorrido um aumento dos tumores de garganta e o motivo do surgimento da doença é a infecção do vírus HPV, sendo a relação sexual sem proteção o maior fator de risco. É esperado que nos próximos 20 anos o HPV seja a principal causa de câncer de garganta.

Como é o tratamento e quais a chance de cura?
Como a maioria dos cânceres, o tratamento pode ser com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. O mais importante é saber que a doença em fase inicial tem tratamento mais simples, rápido, com menos risco de sequelas e maior chance de cura. Já doenças avançadas têm de ser tratadas com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, tendo maiores complicações ao paciente e maior risco morte.
 

Equipe da clínica de Cabeça e PescoçoEquipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HSPM



CÂNCER DE GARGANTA: DIAGNÓSTICO PRECOCE ELEVA CHANCES DE CURA

O câncer de garganta, ou laringe, é um dos mais comuns na região da cabeça e pescoço. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente 25% dos tumores malignos diagnosticados nesta região são localizados na área onde ficam as pregas vocais, responsáveis pela produção da voz.

As lesões são mais comuns entre homens acima de 40 anos, que representaram quase 85% dos novos casos identificados em 2020, também segundo dados do INCA. O médico assistente do serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital do Servidor Público (HSPM), Dr. Bruno Monazzi, ressalta que os casos vêm crescendo entre as mulheres nas últimas duas décadas por conta do aumento do consumo frequente de cigarro e álcool.

“O consumo de tabaco, em qualquer forma e quantidade, é o principal fator de risco. Quanto mais tempo e maior quantidade acumulada, mais rapidamente pode surgir um câncer, podendo antecipar o surgimento dos 70 para os 40 anos de idade”, ressaltou o cirurgião.

A mudança na voz é um dos sinais de alerta, que também inclui rouquidão por mais de três semanas, dificuldade para engolir, dor para se alimentar, falta de ar progressiva, surgimento de nódulos palpáveis no pescoço e tosse com sangue.

Tratamento

O especialista detalha que, quando detectada nos estágios 1 e 2, a doença tem maior probabilidade de cura. Nos estágios 3 e 4, os sintomas tem maior impacto na vida do paciente e o tratamento é mais demorado e difícil, demandando a combinação de cirurgia a radioterapia. Quando diagnosticado em estágio final, as chances de cura são praticamente nulas, sendo possíveis apenas medidas de suporte e melhoria da qualidade de vida do paciente.

Por isso, além de evitar o tabagismo e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, é fundamental procurar auxílio de especialista caso note algum alteração na região da garanta. “Consultas com médico e exame de laringoscopia podem tratar lesões pré-cancerígenas, removendo-as antes de virar um câncer”, reforçou o Dr. Bruno Monazzi.
 

 

BRASIL REGISTROU MAIS DE 15 MIL NOVOS CASOS DE CÂNCER DE BOCA EM 2020

O câncer de boca compreende os tumores malignos localizados na língua, assoalho (abaixo da língua), gengivas, palato duro (céu da boca), mucosa jugal (parte interna da bochecha) e lábios. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que foram registrados 15.190 novos casos da doença no Brasil em 2020.

O tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas são os principais fatores de risco para desenvolvimento de tumores nesta região do corpo. Pessoas que trabalham em ambientes com exposição a fontes radioativas também podem ter mais probabilidade de desenvolver câncer de boca.

“A grande maioria dos nossos pacientes têm mais de 50 anos, são do sexo masculino e foram tabagistas durante décadas. Mas nos últimos anos vem sendo observado um aumento da incidência em mulheres tabagistas. A doença não escolhe pessoas, pode até acontecer em jovens, por isso, prevenção e diagnóstico precoce são o segredo do tratamento bem-sucedido”, afirmou a Dra. Thatiana Guerrieri, médica assistente do serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM).

Além de evitar o tabagismo, o uso excessivo de álcool, manter uma boa higiene oral e realizar o ajuste da prótese dentária periodicamente, a especialista orienta a ficar atento a sinais que podem indicar o surgimento de tumor, como ferida ou afta que não cicatrizam, surgimento de manchas brancas e verrugas que crescem, sangram e são dolorosas.

“A procura por ajuda de um especialista tem que ser feita sempre que existe uma dessas alterações, que persistem por mais de duas semanas na boca e não melhora sozinho nesse período. O médico ou dentista irá avaliar a ferida e, se necessário, fazer uma biopsia”, explicou a médica do HSPM.

Diagnóstico precoce

As chances de cura aumentam quando o diagnóstico é feito nas fases iniciais da doença. Nesses casos, o tratamento consiste na cirurgia para retirada do tumor e pode ser necessária a complementação com radioterapia e/ou quimioterapia. Infelizmente, a maior parte dos pacientes costuma ir ao médico quando o câncer de boca está em estágios mais avançados.

“Hoje estima-se que 60% dos casos são diagnosticados em fase tardia, o que acarreta sequelas ao paciente. Casos muito avançados que não podem ser operados têm pouca chance de cura e são tratados com quimioterapia e radioterapia”, disse a Dra. Thatiana Guerrieri. 

 

CÂNCER DE TIREOIDE É MAIS COMUM ENTRE MULHERES

A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço, abaixo da área conhecida como Pomo de Adão, e é responsável pela produção de hormônios essenciais para o bom funcionamento do organismo. O crescimento descontrolado dessa glândula pode provocar a formação de nódulo e, apesar de boa parte dos casos serem benignos, há chances de surgimento de tumor.

De cada dez casos de câncer de tireoide diagnosticados, nove são em mulheres, podendo surgir já a partir dos 40 anos de idade. Diferente de outros tipos de cânceres, que têm influência direta de hábitos de vida, como tabagismo e consumo de álcool, ainda não há consenso sobre quais as causas do surgimento de câncer na tireoide. Estudos avaliam a possibilidade de influência genética ou de exposição a altas doses de radiação.

A orientação do Dr. Bruno Monazzi, médico assistente do serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital do Servidor Público (HSPM), é procurar ajuda médica em caso de surgimento de nódulo palpável e endurecido na região anterior ou lateral do pescoço, dificuldade de engolir, alteração da voz com rouquidão ou falta de ar.

“Dependendo das características vistas nos exames de imagem, tanto ultrassonografia ou tomografia, deve-se fazer uma punção biópsia da tireoide chamada de PAAF. Ela vai dizer se é uma doença benigna, uma provável doença maligna ou se realmente é um câncer de tireoide”, explicou o especialista.

Recuperação

Nesses casos, a cirurgia é a principal escolha para a retirada total ou parcial da tireoide e também quando há presença de metástase nos gânglios linfáticos do pescoço. Quando há risco de retorno da doença, o paciente recebe doses de iodo radioativo, medicamento que emite radiação, para uso após a cirurgia.

“De uma forma geral, o câncer de tireoide, quando tratado da forma correta, apresenta excelentes taxas de cura, com média variando entre 95% e até 97% de cura em 20 anos”, disse o profissional do HSPM, reforçando que a melhor forma de prevenção é a realizar consulta e exames periódicos.

 

CÂNCER DE PELE É O MAIS COMUM NO BRASIL

Tipo mais frequente entre os brasileiros, o câncer de pele não melanoma corresponde a 27% de todos os tumores malignos diagnosticados no Brasil, de acordo com levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A doença ocorre quando há o crescimento desordenado de células em partes do corpo como testa, nariz e orelhas, provocando alteração na pele.

A exposição prolongada e sem proteção aos raios solares e ultravioletas (UV) ao longo dos anos é a principal causa para o surgimento do câncer de pele. “Pode ocorrer entre jovens, mas como os tumores de pele estão associados à exposição solar, é cumulativo e mais frequente o surgimento após os 40 anos de idade”, disse a médica assistente da clínica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), Profª Dra. Rosilene de Melo Menezes.

O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil e também o de menor mortalidade quando detectado e tratado precocemente. Já o tipo melanoma é a versão mais grave da doença. “O melanoma é um tipo de câncer de pele muito agressivo, de tom escuro parecendo uma pinta. Tem alta capacidade de se espalhar pelos gânglios linfáticos e órgãos do corpo. Isso gera maior preocupação e cuidado”, explicou a médica.

Uma ferida na pele que não cicatriza e sangra, uma pinta que cresceu ou está coçando podem ser indicativos do problema e é importante procurar orientação médica. A confirmação do diagnóstico é feita por meio de biópsia e o tratamento pode incluir, além de cirurgia, sessões de radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e medicações orais, de acordo com o tipo e grau do tumor.

Prevenção

Hábitos simples, como evitar a exposição prolongada ao sol, utilizar bloqueador solar com filtro a partir do fator 30, bonés ou chapéus, ajudam na prevenção contra o câncer de pele. No entanto, a aplicação correta do protetor solar é fundamental para atingir a proteção desejada.

“O ideal é ao acordar aplicar uma camada de 0,5cm em todo o rosto, orelhas, pescoço e outras áreas expostas ao sol. Lembrando também que algumas luzes fluorescentes têm radiação UV, por isso, é importante a utilização (de protetor) dentro de casa também”, orientou a especialista. É indicado ainda que pessoas com histórico da doença na família,
especialmente em primeiro grau, realizem exames preventivos regularmente.