Hospedaria de Cuidados Paliativos completa 17 anos de história

Serviço tem como foco o atendimento humanizado a pacientes que enfrentam doenças que ameaçam a vida, promovendo alívio da dor e de outros sintomas

Foto da fachada da hospedaria, em tons de rosa, e com a entrada enfeitada por árvores.

Hospedaria foi inaugurada em 2004 e já atendeu mais de 800 pessoas. Foto: Edson Yukio Hatakeyama/SMS


Por: Rosângela Dias

Junho marca o aniversário de 17 anos da Hospedaria de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM). O serviço tem como propósito oferecer atendimento humanizado a pacientes diagnosticados com doença ou condição crônica e progressiva e com prognóstico de semanas a meses de vida.

Um dos maiores desafios é desmistificar a ideia de que a hospedaria é um local para aonde “os pacientes vão para morrer”, uma vez que o foco é proporcionar conforto e bem-estar aos usuários, com auxílio de equipe multidisciplinar com conhecimentos técnicos adequados para ajudar no alívio dos sintomas.

“A hospedaria não é só para quem está morrendo, não é só nos últimos dias de vida e não é só para ajudar a morrer bem. A ideia é prevenir motivos de sofrimento e permitir que o paciente tenha qualidade de vida e evite agravos maiores”, explicou a Dra. Dalva Yukie Matsumoto, médica oncologista e coordenadora da hospedaria. O serviço segue as orientações sobre Cuidados Paliativos estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e conta com 10 leitos. Desde 2004, quando foi inaugurada, a hospedaria já atendeu mais de 800 pessoas.

As histórias vivenciadas nesses anos de atendimento mostram que o olhar humanizado é essencial para entender que, muitas vezes, o paciente precisa de algo que vai muito além da assistência habitual de um hospital. Um exemplo é o de uma mulher com histórico de vida sem convivo familiar e que relatou a tristeza de nunca ter comemorado o aniversário ou Natal. A equipe decidiu realizar uma pequena celebração pelo aniversário da paciente (antes da pandemia), que agradeceu dizendo que aquela era a primeira vez que se sentia parte de uma família.
 

Foto de parte da equipe da hospedaria, sete pessoas em pé em uma escada que tem uma janela grande ao fundo.

Dra. Dalva Yukie Matsumoto (de vermelho) e parte da equipe que atua na hospedaria. Foto: Rosângela Dias


Cuidado com pacientes e funcionários


Uma vez por semana os funcionários participam de reunião técnica onde não só são discutidas as questões da assistência aos pacientes, mas também é uma oportunidade de acolher as demandas da equipe, que pode falar sobre a rotina e compartilhar vivências e angústias, sempre com o olhar atento da coordenadora e da psicóloga.

Conseguir manter o equilíbrio é um processo constante e necessário. O enfermeiro Ronaldo Tadeu da Silva está na hospedaria desde a inauguração e afirma que muitas vezes acaba criando laços com os pacientes, como no caso de uma senhora que o chamava de filho. “A reunião semanal é importante para dar suporte”.

A enfermeira Aline Oliveira Bomfim trabalhava na área da maternidade do HSPM antes de ir para a hospedaria, onde atua há três anos. “Antes eu trabalhava com o nascimento, agora é com a perspectiva de morte. Estou aprendendo muito, é uma lição de vida”.

O serviço é gratuito para servidores e seus dependentes e o paciente precisa apenas providenciar um cuidador, que pode ser um profissional ou familiar. O paciente deve ser avaliado pela equipe de Cuidados Paliativos no ambulatório da especialidade ou na enfermaria se estiver internado, para então ser encaminhado à hospedaria se estiver dentro do perfil.