Cólica menstrual intensa pode ser sinal de endometriose

Procurar ajuda médica é essencial para tratar a doença corretamente

 

Por: Rosângela Dias e Giovanna Anjos

A endometriose é uma doença crônica que atinge cerca de 10% da população feminina em idade fértil. O problema surge quando o endométrio, tecido que reveste a parte interna do útero e que é descartado durante a menstruação, cresce fora do útero e atinge outros órgãos da cavidade abdominal, como ovários, bexiga e intestino.

Nesta edição do HSPM Responde, o coordenador da Clínica de Obstetrícia do Hospital do Servido Público Municipal (HSPM), Dr. André Luiz Malavasi Longo, fala sobre sintomas, diagnóstico e tratamento da doença.

O que é endometriose?
Endometriose é a presença de glândulas endometriais e estroma endometrial, ou seja, o tecido endometrial, o que sai na menstruação. Quando o tecido fica fora da cavidade uterina, isso se chama endometriose.

Quais os tipos de endometriose e quais órgãos podem ser afetados?
Classificamos a endometriose em superficial e profunda. Depende da quantidade de tecido que ela invade, pode pegar vários órgãos do corpo, geralmente na região pélvica, mas pode invadir o intestino, o ovário, a bexiga, ir para a cavidade pulmonar, até mesmo para os olhos e para o cérebro. Mas o mais comum é endometriose na região pélvica.

Quais são os sintomas?
Os sintomas da endometriose podem ser desde nenhum, quando a mulher que não tem nada de queixa, até os sintomas clássicos, que são dores na relação sexual, dor principalmente no fundo da região pélvica, infertilidade e dismenorreia, que é o desconforto na menstruação. A maioria das mulheres com endometriose não sente nada.

Quais as causas da doença?
Não se sabe até hoje qual é a causa, existem várias teorias, mas nenhuma foi completamente provada.

Como é feito o diagnóstico? Quais exames são necessários?
São necessários exame físico e, geralmente, uma ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal. Quando a paciente tem queixa de dismenorreia (cólicas e dores pélvicas com a menstruação), dispareunia (dores durante as relações sexuais), a suspeita é muito forte. A ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal para endometriose ajuda também na visualização dos focos endometriais e a ressonância nuclear magnética também pode ajudar, mas o diagnóstico definitivo é feito apenas com a biópsia, quando retiramos o fragmento em cirurgia.

Há cura para a doença?
Sim, a cura é por meio de cirurgia, com a retirada dos focos de endometriose.

Como funciona o tratamento?

Podemos fazer o tratamento clínico com uso de hormônios. Pode ser desde um DIU medicado com levonorgestrel, que é o Mirena, pode ser progestagênio via oral, que é o dienogeste e pode ser até mesmo uma pílula contraceptiva, que contém progestagênio ou mesmo o tratamento cirúrgico.

Quem tem endometriose consegue ou pode engravidar?
Sim, a maioria das mulheres com endometriose mesmo sem tratar a doença consegue engravidar. Pra outras, é necessário fazer a cirurgia de remoção dos focos de endometriose para que tenha a possibilidade de engravidar.

Como se prevenir?
Uma das formas de prevenir é diminuir os hiperfluxos menstruais. A pílula contraceptiva diminui o risco de endometriose e o próprio DIU medicado com levonorgestrel também reduz bastante a incidência da endometriose.