Capacitação sobre os efeitos do consumo do álcool na gestação reuniu cerca de 70 pessoas no HSPM

Profissionais foram sensibilizados sobre o tema com o intuito de multiplicar esses conhecimentos para as gestantes

Por: Tatiana Ferreira
Fotos: Daniela Avancini e Dayane Tavares

O Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) promoveu na manhã da segunda-feira (17/02), no anfiteatro Dr. Argos Meirelles, o curso “Efeitos do álcool na gestante, no feto e no recém-nascido” com a proposta de alertar a equipe multiprofissional sobre os riscos à saúde que a ingestão de bebidas alcoólicas durante o período da gestação pode acarretar.

A capacitação, referendada, reuniu cerca de 70 pessoas, entre Médicos, Profissionais da Saúde, Residentes e outros interessados no tema. Os palestrantes convidados são Médicos e Membros do Grupo de Estudos Sobre os Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Imagem mostra o anfiteatro lotado de participantes da capacitação


Em sua fala, Dr. Luiz Carlos Zamarco, superintendente do HSPM, citou que o consumo de álcool durante a gravidez é a principal causa evitável de problemas à nascença e no desenvolvimento das crianças, podendo levar ao aparecimento de Desordens do Espectro Alcoólico Fetal.

O superintendente explicou que a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é a mais grave das consequências da exposição do feto ao álcool e resulta em déficits no desenvolvimento físico e neurológico do indivíduo por toda a sua vida. “A SAF é 100% atribuída ao álcool e também 100% evitável. É fundamental que o profissional de saúde esteja capacitado e preparado para identificar precocemente esse comportamento de risco em prováveis gestantes, para que possa orientar as grávidas no sentido de cessarem o uso o quanto antes de substâncias alcoólicas a fim de minimizar eventuais riscos”.

O evento contou também com a presença da Dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre. A profissional é referência na área de pediatria neonatal, autora dos livros “RN” e “Perinatologia – Fundamentos e Prática”, além de ter sido agraciada com o título de “International Pioneer in Neonatology”, conferido pela American Academy of Pediatrics. Na sua apresentação, intitulada “Uma epidemia silenciosa – Efeitos do Álcool no Feto e no Recém-Nascido”, a profissional detalhou os efeitos para o feto da ingestão de álcool pela gestante. A médica também alertou sobre o baixo número de artigos publicados sobre o tema no Brasil e incentivou os profissionais a se aprofundarem no tema.


Palestrantes recebendo o certificado do Superintendente do hospital

Um dos participantes da capacitação foi o Residente de Pediatria, Paulo Gascone Barros Leite. “A abordagem sobre SAF foi de extrema importância para toda a equipe de saúde. É um assunto ainda pouco conhecido e pouco valorizado. As consequências do álcool para os recém-nascidos são graves (ex: microcefalia, aumentos das taxas de autismo e Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, entre outros) e repercutem por toda a vida da criança. É imprescindível que essas informações sejam difundidas em meio às gestantes e na população em geral”.
 

Impactos do álcool na saúde
Os principais estudos sobre o tema revelam que o álcool é a substância mais associada a danos que levam à morte. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que no mundo são registrados todos os anos 3 milhões de mortes resultantes do uso nocivo de álcool, o que representa 5,3% do total de óbitos. O consumo abusivo da bebida também é causa de mais de 200 doenças e lesões.

Em sua palestra chamada “Efeitos do Álcool na Gestação”, o Dr. Hermann Grinfeld, outro expoente da pediatria, apresentou dados sobre o alcoolismo feminino no Brasil, listou alguns dos principais fatores de motivação para o consumo do álcool entre as mulheres e destacou a importância de se aperfeiçoar as estratégias de atendimento para as dependentes.

Na sequência, a Dra. Lygia Mendes dos Santos Börder explicou os “Fatores de risco e os Marcadores de Ingestão de Álcool na Gestação”.

A Dra. Márcia de Freitas fechou os trabalhos falando sobre a importância da “Prevenção e o Seguimento da Criança com Espectro de Desordens Fetais Alcoólicas”.

Apesar de não trabalhar na área da saúde, Eliana Toscana de Araújo viu a divulgação do curso e quis participar já que trabalha com pessoas em situação de alta vulnerabilidade. Ela é assessora técnica da Coordenação de Políticas para População em Situação de Rua, órgão da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e conhece de perto o problema do alcoolismo. “A pior droga que existe na rua, em questão de acesso, é o álcool. Também é a mais consumida e fico muito preocupada, principalmente com a gestante. Hoje fiquei em choque, porque conforme foi desenrolando o tema, as informações sobre os sintomas e o que acontece com o feto, fica nítido que as consequências são tristes demais, principalmente quando afeta o cognitivo. Fiquei fascinada e quero saber mais. Acredito que precisamos trabalhar de forma direta a educação. Quanto mais informação para ser disseminada, melhor. Esse conhecimento tem que ser multiplicado”.

O curso foi uma realização da Gerência Técnica de Ensino e Pesquisa do HSPM com apoio da Gerência Técnica de Capacitação e Desenvolvimento.

Imagem mostra o palestrante durante sua fala