Por Valéria Casolato

Você sabia que um simples telefone celular pode carregar mais bactérias que um vaso sanitário? Um aparelho não higienizado pode transmitir doenças respiratórias, do trato gastrointestinal, de pele etc. Para discutir sobre o problema, conversamos com o infectologista Orlando F. de Araujo Filho, responsável pelo SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do Hospital Municipal Dr. Waldomiro de Paula.

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, revelou que os celulares possuem mais bactérias do que os vasos sanitários. A quantidade de germes presentes no aparelho de telefonia chega a ser 10 vezes maior do que a encontrada em banheiros públicos.

O senhor concorda com esse estudo?

Sim, o estudo é plausível, pois os banheiros passam por um processo de higienização. Já os celulares nunca são limpos. Os usuários de celulares nunca os submetem a um processo de higienização e usam o mesmo aparelho por anos. Não se intimidam em acessá-los a qualquer momento: no banheiro, na sala de necropsia, em cemitérios, salas de parto durante procedimentos - invasivos ou não -, em salas de emergência, e depois vão com esses mesmos aparelhos para espaços públicos.

Há uma orientação quanto ao uso de celular dentro do hospital?

Habitualmente, tenta-se restringir o uso de celulares dentro da unidade hospitalar, sobretudo nos setores fechados como UTI, sala de emergência e centro cirúrgico. Obrigatoriamente, todo e qualquer visitante é orientado a lavar as mãos. Essa é uma rotina que tentamos instituir para todos os serviços dentro da unidade hospitalar.

O senhor acredita que acompanhantes com celular possam aumentar o risco de infecção hospitalar?

Sim, a depender dos hábitos de higiene do usuário do celular.

Quais as doenças que um celular pode causar?

Sobretudo doenças de transmissão feco-oral (doenças respiratórias, do trato gastro intestinal, doenças de pele).

Como podemos diminuir esse risco?

Deve-se criar o hábito de higienizar o aparelho e tentar restringir ao máximo os locais de manipulação, principalmente os profissionais durante o exercício de suas funções. E lavar as mãos sempre.