“Lidar com questões de equilíbrio e mobilidade é um desafio, mas isso não me impediu de levar uma vida normal”, diz Henrique Diniz no Dia Nacional da Paralisia Cerebral

A data reforça a luta por direitos, acesso e oportunidades para pessoas com paralisia cerebral

 

Hoje é o Dia Nacional da Paralisia Cerebral. Nesta data, todos são convidados a se reunir para celebrar e apoiar aqueles que vivem com a deficiência, abraçar a diversidade e ajudar a criar um futuro mais acessível para todos. Neste mês, também foi celebrado o Dia Internacional da Paralisia Cerebral, no dia 6.

A paralisia não é uma doença. Ela é causada por lesões que provocam uma falta de oxigênio no tecido cerebral durante a gestação, no nascimento ou período neonatal. O acompanhamento com o pediatra é necessário para avaliar o desenvolvimento da criança. Além disso, são realizados tratamentos de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional para melhorar a qualidade de vida e as funções motoras e cognitivas. Existem diversas possibilidades para quem recebe afeto, cuidados, apoio e incentivo. E o avanço nas políticas públicas é fundamental, até porque refletem na inclusão social.

Hoje, muitos exercem o papel de protagonismo na sociedade. É o caso de Maurício Igor, de 39 anos, que destaca que a Paralisia Cerebral não é sinônimo de impotência. Formado em Tecnologia da Informação pela UNIP, também é um defensor ativo dos direitos das pessoas com deficiência. Ele serviu como Conselheiro Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, organizou o 1º Seminário sobre Paralisia Cerebral em 2018 e é Conselheiro Suplente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo. Além disso, ele é fundador de um grupo de WhatsApp dedicado à Paralisia Cerebral, oferecendo apoio e compartilhando conhecimento com a comunidade.

“Para falar a verdade, a paralisia cerebral não me impossibilitou de nada. Na faculdade, eu recebi ajuda apenas para escrever. Estudava através de um notebook e fazia provas de forma oral e alternativas. A minha paralisia é decorrente de uma anoxia no cérebro. Dito isso, afetou a minha coordenação motora e a fala: o meu cognitivo não afetou, apenas o equilíbrio e a fala. Eu participava de várias atividades: futebol, natação, corrida, xadrez, etc… O que me ajudou muito na parte motora e cognitiva. Isso me ajudava muito com a inclusão da Pessoa com Deficiência, e isso tudo me capacitou para fazer as coisas”.

                                                                   Maurício Igor, Conselheiro Suplente do CMPD

Rede de Apoio e Esporte
Estudante de Gestão de Políticas Públicas na USP, Henrique Diniz diz que, mesmo com a deficiência devido a uma anoxia cerebral desde o nascimento, leva uma vida ativa, trabalha na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, pratica esportes e deseja causar mudanças positivas na vida das pessoas com deficiência. Ele valoriza o apoio da família, dos amigos e mantém uma vida social ativa, sem deixar sua condição limitar suas experiências.


“Aprendi a lidar com essas dificuldades ao longo da vida. Lidar com questões de equilíbrio e mobilidade é um desafio, mas isso não me impediu de levar uma vida normal. Uso transporte público, pratico esportes, futebol, e mantenho uma vida ativa.”


Ele avalia que o apoio da família e dos amigos são fundamentais: “Eles me aceitam como sou e me incluem em suas vidas, sem me enxergarem como alguém diferente, o que é o mais importante para mim. Além disso, sou socialmente ativo e gosto de sair e me divertir, sem deixar minha condição limitar minha vida. Comigo, não há tempo ruim. Em resumo, estou aqui para fazer a diferença e me tornar alguém importante no apoio às pessoas com deficiência”, finaliza.


                                                                                                  Henrique


Para Henrique, o esporte também é poderoso aliada da inclusão. Ele pratica futebol de 7 para pessoas com paralisia cerebral. “Treino todo sábado, jogo campeonato todo ano, e sou uma pessoa muito ativa nesse sentido. E o desejo meu também é que o esporte, para pessoa com deficiência, ganhe cada vez mais visibilidade e mais atenção da mídia e do público em geral, porque é uma coisa que fomenta a inclusão de verdade. Não é aquela inclusão capacitista, aquela inclusão que inclui, mas ao mesmo tempo não inclui totalmente, sabe? Que deixa uma lacuna de separação entre as pessoas com deficiência e sem deficiência. Então, eu sou muito a favor da prática esportiva e levo isso pra minha vida.”

                                                                 Henrique camisa 9 do seu clube de futebol de 7

 
Sobre a Paralisia Cerebral
A paralisia cerebral, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é caracterizada por um grupo de desordens permanentes do desenvolvimento do movimento e postura, atribuídos a um distúrbio não progressivo que ocorre durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou infantil e que podem causar limitações no perfil de funcionalidades da pessoa.

A estimativa é de que existam 17 milhões de pessoas com paralisia cerebral em todo o mundo. É a deficiência física mais comum da infância, e uma das principais causas é a falta de oxigenação no cérebro do bebê durante a gestação, na hora do parto ou até os dois anos de vida da criança.

Há uma grande variação nas formas como a paralisia cerebral se apresenta, estando diretamente relacionada à extensão do dano neurológico. Os diferentes graus do comprometimento motor e cognitivo podem ir desde um leve acometimento com pequenos déficits neurológicos até casos mais graves.
O tratamento requer a atuação de diversos profissionais de saúde, e o desafio consiste em trabalhar pela inclusão social e pela prevenção ou minimização das complicações motoras e cognitivas.

Rede municipal
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) tem ampliado a rede de atenção à pessoa com deficiência progressivamente, investindo em ações que buscam elevar a qualidade de vida desses cidadãos.

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são a porta de entrada dos usuários no SUS, sendo formada por equipes multiprofissionais que, quando necessário, encaminham para serviços especializados, entre eles os 33 CERs disponíveis na rede.

O CER é um ponto de atenção ambulatorial especializado em reabilitação que realiza diagnóstico, tratamento, concessão, adaptação e acompanhamento do uso de tecnologias assistivas, como cadeiras de rodas, órteses e aparelhos auditivos. Ele atende também pessoas que necessitam de intervenção nas diversas modalidades de reabilitação, seja ela física, auditiva, visual ou intelectual.

O processo de habilitação ou reabilitação da pessoa com deficiência ao longo da vida ocorre não só em serviços especializados, mas também na UBS e em outros serviços de saúde do território.

Clique aqui para ver a localização de todos os equipamentos da rede municipal de saúde

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde