Aconteceu na EMASP: Programa Permanente de Gestão de Pessoas

No Programa Permanente de Gestão de Pessoas, palestras, dinâmicas de grupo, debates, apresentação de filmes, análises e estudos de casos, auxiliam o servidor a encarar a rotina da Gestão de Pessoas.

Por Beatriz Ramos (EMASP)

Crédito: Beatriz Ramos/EMASP

O mês de setembro contou com diversos cursos e palestras na EMASP, dentre eles o Programa Permanente de Gestão de Pessoas (PROGEP) que, além das aulas em sala com os instrutores Humberto Luís Braga Alves Mendes e Jorge Mattoso, também trouxe para a EMASP o professor e doutor Fernando Coelho da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), para falar dos “Desafios da gestão de pessoas no serviço público contemporâneo”, a discussão ocorreu no dia 12 de setembro e estiveram presentes os alunos do módulo um do curso.


A capacitação visa atender um dos principais desafios da esfera pública, a Gestão de Pessoas. Devido ao trabalho muitas vezes vigorosamente operacional desses profissionais, o PROGEP atende a necessidade da constituição de uma visão sistêmica e conceitual, a respeito da Gestão de Pessoas, de modo que os mesmos enxergam o impacto de suas ações no trabalho, com vistas a estabelecer práticas para além das normas de suas atividades.


O módulo um, sob o tema Introdução à Gestão de Pessoas no Serviço Público Municipal, fornece ao servidor os pressupostos históricos e atuais da gestão de pessoas na Prefeitura de São Paulo, para que os gestores e servidores adquiram conhecimentos, desenvolvam habilidades e incorporem atitudes e valores.
 

Crédito: Beatriz Ramos/EMASP

A realização da primeira etapa é obrigatória para a participação nos módulos seguintes, que contemplarão temas como: o Ingresso no Serviço Público Municipal; a Contagem de tempo e eventos de frequência; as Carreiras e desenvolvimento de pessoas da PMSP; a Folha de pagamento; a Saúde ocupacional; a Previdência; entre outros. A proposta é que o Programa como um todo tenha a carga horária de 100h.

A Gestão de Pessoas hoje

Crédito: Beatriz Ramos/EMASP

De acordo com o instrutor Humberto Luís Braga Alves Mendes, os servidores exercem papel fundamental na transição de governo – momento que os municípios vivem hoje – posto que, são agentes do Estado permanentemente, este sendo um princípio que “rege a (discutível) questão da estabilidade do seu vínculo empregatício.” Salienta o servidor. A transposição de uma para outra ideologia ou tendência político partidária, é de total responsabilidade dos funcionários públicos que devem visar sempre o bem coletivo e a efetividade das políticas públicas.

Para o geógrafo Humberto, as mudanças na área de Gestão de Pessoas (englobando Recursos Humanos, Saúde Ocupacional, Gestão de Carreiras, Negociação Sindical e Capacitação) não obtiveram grandes avanços nos últimos anos, já que, ocorreu um total distanciamento da Gestão do Servidor, o que consequentemente, acarretou na baixa efetividade das políticas públicas voltadas à área.

“Eu acredito que a área de Gestão de Pessoas trabalha há anos com defasagem de conhecimento, para não falar de pessoal. Essa defasagem só pode ser suprida com muita capacitação e disseminação do conhecimento. Mas é justamente o profissional de Gestão de Pessoas que menos se interessa por capacitação. Como reverter esse quadro, estimulando esses profissionais a manterem-se atualizados, interessados, motivados e conscientes da sua importância? Eis aqui o desafio.” Conclui Humberto.

A Palestra

Crédito: Beatriz Ramos/EMASP

O professor de Administração Pública e Governo, Fernando Coelho prezou pela discussão da Gestão de Pessoas para além do Departamento de Pessoal em sua palestra, a partir disso, o docente traçou paralelos entre os dois principais momentos vividos pela gestão pública, sendo estes o período clássico e o contemporâneo, nos quais prevalecem o modelo burocrático ainda e em alguns casos o modelo pós-burocrático, respectivamente.

Dentre os maiores desafios impostos à área de gestão de pessoas nas últimas gestões, Fernando Coelho destacou a profissionalização por meio de uma abordagem mais contemporânea como uma dificuldade, uma vez que, deve-se perder a exclusividade da burocracia produzindo certa “calibragem” entre burocracia e princípios da gestão pública.

Prezar pela modernização da gestão, apostar em um pluralismo institucional, na participação social, sobretudo na valorização da Gestão de Pessoas estendendo os instrumentos de gestão e de recursos humanos no setor público, representam medidas a serem alcançadas.

“É tabu a discussão ainda no setor público dos instrumentos de valorização da gestão de pessoas, falamos muito de eficiência e às vezes eficiência mal interpretada, pensada apenas como redução de custos, sobretudo em momentos de crise econômica e financeira, quando na verdade estamos fazendo um debate mais amplo de modernização da gestão”. Salienta Fernando.

São também problemas do setor público, para o professor, o foco individual no trabalho e pouco na formação, a baixa relevância na gestão de equipes e o grande enfoque no cargo e verticalização das carreiras.

Como perspectiva para a situação encontrada, foi dito que o papel gerencial, com atuação de um gerente de equipe desafiador, orientador e que assessore, ao invés de um ambiente verticalizado, a reflexão administrativa se aquilo é bom ou não é bom para a melhoria dos serviços públicos e as RH’s centrais para de fato se criar um grande sistema de gestão de pessoas dentro dos governos.


Segundo o doutor de administração pública, o setor público brasileiro ainda possui um espaço a ser preenchido em sua força de trabalho, quando comparado ao setor público mundial. “A mão de obra do setor público é mal distribuída por motivações políticas e corporativas.”. Conclui ele.

Devido à péssima distribuição, a alta burocracia e baixa burocracia contam com mais força para reivindicar direitos.