A importância da capacitação dos servidores públicos para uma cidade participativa

Para a acadêmica Gabriela Lotta, o servidor público bem capacitado garante o acesso aos direitos dos usuários e contribui para a inclusão social

Por Beatriz Ramos
 

São Paulo define-se hoje como uma das principais metrópoles mundiais. Como parte de sua grandeza, são 32 subprefeituras na capital, o que representa um grande desafio para nossos agentes políticos que exercem uma pluralidade de funções. Por sua vez, as contínuas transformações sociais e tecnológicas demandam empenho ininterrupto de ações de capacitação e requalificação de servidores e gestores públicos municipais.

No entanto, a busca por um melhor município está sujeita ao exercício de todos os munícipes – servidores ou não servidores públicos – em estruturar, democraticamente, processos de urbanização, administração e cidadania. Paralelamente aos aspectos citados, servidores públicos, quando satisfazem as expectativas dos cidadãos por meio de bons serviços prestados, geram maior inclusão e participação social.

“O servidor público bem capacitado além de garantir acesso aos direitos dos usuários e ter um bom relacionamento com o munícipe, de forma a garantir a boa implementação das políticas públicas, pode abranger outras dimensões do trabalho público, como a boa execução de processos, a potencialização da inclusão social com a tolerância a diversidade e a compreensão de diferentes demandas”, afirma a professora de políticas públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC), Gabriela Lotta, que é também doutora em Ciência Política e mestre em administração pública.

Servidores como agentes de mudança

Em um cenário de crise das instituições públicas no Brasil, o município de São Paulo exerce uma forte função econômica e é exemplo de transparência em nosso país.

Para a doutora, com as mudanças na atual gestão, ficou evidente o maior engajamento e participação dos servidores na própria administração do município. O resultado da meta 116, do Plano de Metas (Implantar o Gabinete Digital, como instrumento de transparência e participação social), por exemplo, proporcionou e intensificou ações como a São Paulo Aberta, as Oficinas de Agentes de Governo Aberto e as Consultas Públicas, entre outras.

Iniciativas como essas aproximam o servidor do munícipe, uma vez que tanto os cidadãos interagem com a Administração, quanto os funcionários públicos prestam contas da gestão.

Neste ano, a EMASP realizou, em parceria com a São Paulo Aberta, cursos que misturaram em suas salas de aula munícipes e funcionários públicos. O encontro resultou em mais de 500 inscrições, em 20 turmas. Com essa ação, a gestão pública municipal nota seus servidores como estratégicos para a recuperação da qualidade e do aproveitamento do serviço público.

Tecnologia e inovação

Focar em capacitação e no desenvolvimento de pessoas institui na quebra de padrões, desburocratizando e inovando a partir de práticas ligadas a tecnologia. Outro exemplo é o treinamento em SEI (Sistema Eletrônico de Informações), que visa orientar o uso da ferramenta de gerenciamento de processos na Prefeitura de São Paulo, fomentando a aplicação das Tecnologias de Informação e Comunicação em favor da modernização do serviço público municipal.

“Conhecer mudanças sociais e tecnológicas é imprescindível para debater demandas e supri-las em um determinado local. A tecnologia bem empregada permite que se corte custos, amplie, torne rápido e eficiente a ocupação profissional, além de atingir novos públicos. A não apropriação de novas ferramentas tecnológicas abre espaço para a perda de legitimidade de determinado governo”, aponta Gabriela Lotta.

O servidor público capacitado a partir de diversas ações pedagógicas, tem sua visão ampliada perante a sociedade e ao funcionalismo público, compreendendo processos importantes como a descentralização e a intersetorialidade para a cidade. É valorizado, e com maior autonomia alcança melhores resultados, que vão ao encontro da cidade que queremos eleita a partir de um Programa de Metas divulgado.

Os profissionais preparados adquirem uma visão comunitária intensificada e, consequentemente, nutrem como maior objetivo o bem comum. Podem ainda exteriorizar, para aqueles que desacreditam da função estatal, uma possível mudança, “(quebrando o) padrão de distanciamento entre a sociedade civil e os órgãos públicos da cidade, que acarretam na falta de fortalecimento das políticas públicas, na deficiência de aderência, e de legitimidade do setor público”, finaliza a doutora.