Programa Juventude Viva é apresentado para artistas que militam a favor da juventude negra e de periferia

Programa do governo federal que visa prevenir a violência contra jovens negros e de periferia foi discutido pelos cerca de 25 convidados com os secretários Rogério Sottili, da SMDHC, e Netinho de Paula, da SMPIR

Na tarde de quinta-feira, dia 26, as secretarias municipais de Direitos Humanos e Cidadania e de Promoção da Igualdade Racial apresentaram a proposta de implementação do Plano Juventude Viva em São Paulo a aproximadamente 25 artistas que têm sido porta-vozes das demandas da juventude negra e das periferias da Cidade (leia mais aqui). O Juventude Viva é um programa do governo federal que visa prevenir a violência contra jovens negros.

Estiveram presentes músicos do hip hop, funk e rap, entre eles: Marcelo Galático, MC Gra, Negra Lee, MC Dentinho, Flora Matos, Eliane Dias (produtora dos Racionais) e MC Pet, irmão do MC Daleste, morto recentemente em um show em Campinas.

Os homicídios são a principal causa de morte de jovens no País e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Na abertura do encontro, o secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, destacou a importância de trazer o plano para a Cidade. “Nós vamos implementar o programa adequando-o à realidade de São Paulo. O nosso programa foca basicamente as políticas de promoção de direitos e cidadania. Apenas pela promoção de uma cultura de direitos é possível mudar a cultura de violência que tem marcado a Cidade."

O coordenador de Políticas para a Juventude, Gabriel Medina, explicou que as ações do Plano serão implementadas nos territórios que apresentam os maiores índices de homicídios de jovens negros. “As ações passaram por um amplo debate público que o qualificou significativamente e o programa chega como uma meta prioritária da Prefeitura." Após apresentar os indicadores de violência contra jovens, Medina reforçou o compromisso de promover ações articuladas e transversais de diversas secretarias do governo municipal, com ampla participação social.

Para MC Gra, o sucesso da ação depende da capacitação e da formação socioeducativa como parte de sua implementação. "Os jovens não estão tendo orientação sobre como atuar e como agir. Por isso, minha sugestão é que se olhe com muito carinho para a raiz, porque tudo vai vir dela." A cantora Negra Lee ressaltou a importância da mídia no combate ao preconceito racial: “A gente tem pouco espaço na mídia. O negro não é apresentando com respeito, com beleza, é sempre visto em programas policiais sendo preso." MC Dentinho disse que ficou feliz ao ver que o Programa Juventude Viva surge como uma iniciativa da Prefeitura. “Aos 7 anos, fui usuário de droga. Fui viciado por 30 anos e dos meus 30 amigos só sobraram 6. Cheguei a ser preso com mais dois amigos, os policiais nos levaram a um cemitério e eles foram assassinados. Eu consegui pular o muro e escapar. Hoje, vendo esse projeto, eu me identifiquei."

O secretário de Promoção da Igualdade Racial, Netinho de Paula, afirmou que o meio artístico tem um papel fundamental para essa mobilização. “Um lado é o que o governo vai fazer. O outro é o que a sociedade vai fazer. E o que nós, como artistas, podemos fazer para promover e ampliar essa discussão." O secretário Rogério Sottili sugeriu que os artistas ajudem a ampliar o debate para a sociedade civil, para que as pessoas tenham consciência dos seus direitos. “Esse programa só existe porque vocês exigiram. Essa é uma resposta ao que vocês reclamam nas músicas e nas expressões artísticas e culturais. Por isso, eu convido vocês a participaram ativamente dessa construção. Não existe política pública eficaz sem a participação da sociedade civil.”