Projeto de lei sobre 'auto de resistência' deve ser votado em outubro na Câmara dos Deputados

Previsão foi dada pelo presidente da Casa em audiência solicitada pela SMDHC. Proposta busca impedir que abusos policiais sejam acobertados pelo uso do termo “resistência seguida de morte” nos registros de ocorrência

Em audiência realizada nesta quarta-feira, dia 25, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, comprometeu-se a colocar em votação em outubro o Projeto de Lei (PL) 4.471/12, que propõe a apuração do uso do “auto de resistência” nos registros de mortes causadas por policiais em serviço.

O “auto de resistência” é o nome dado às ocorrências de morte ou lesão corporal da vítima que supostamente resistiu à ação policial. Atualmente, não há regras sobre a investigação dos agentes estatais responsáveis pelo ato.

O objetivo do PL, de autoria do deputado Paulo Teixeira, é impedir que abusos nas ações policiais sejam acobertados por esses registros, ao propor alterações no Código Penal. A principal delas sugere que os óbitos registrados como “resistência seguida de morte”, hoje impunes, passem a ser investigados com a abertura imediata de inquérito, para verificar se houve excesso ou uso desnecessário de força.

A audiência com o presidente da Câmara foi solicitada pelo secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, já que a aprovação do Projeto de Lei é fundamental para o fortalecimento do Plano Juventude Viva em São Paulo.

O plano do governo federal será implementado na Cidade pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e pela Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial. A iniciativa busca prevenir a violência contra os jovens, especialmente os negros e os moradores das periferias, que são as principais vítimas de homicídios – muitos deles ocorridos em ações policiais.

“O PL é uma resposta à juventude pobre e negra do Brasil”, disse Gabriel Medina, coordenador de Políticas para a Juventude da SMDHC, que representou a Secretaria na audiência. Também estiveram presentes o diretor-executivo da Educafro, Frei David Santos; o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira; o diretor da Secretaria de Assuntos Legislativos, Gabriel de Carvalho Sampaio; o chefe da Assessoria Parlamentar da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Artur de Araújo; e os deputados Luiz Alberto, Janete Rocha Pietá, Benedita da Silva, Vicentinho e Paulão.

 

Foto: JBatista/Câmara dos Deputados