'Juventude reagiu à proibição do uso do espaço público', avalia Gabriel Medina

Coordenador de Juventude em entrevista à Folha de São Paulo

11/05/2013

Por Regiane Teixeira

 

Faz pouco tempo que Gabriel Medina, 31, paulista de Araraquara, passou do lado dos que fazem reivindicações para o dos que as respondem.

Até 2012, ele gravitava em torno de movimentos que discutem a cidade, como o Existe Amor em SP. Hoje, quando vai aos debates do grupo na praça Roosevelt, região central, é como representante do poder público.

Desde janeiro, Medina é o responsável pela Coordenadoria Municipal da Juventude, subordinada à Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania. O órgão, que existe há oito anos, elabora políticas públicas para jovens entre 15 e 29 anos.

Formado em psicologia, candidatou-se a vereador em 2012 pelo PT, sem sucesso. Seu principal desafio, diz, será a integração. "O jovem da periferia tem de se sentir parte da cidade."

 

Quem é o atual jovem paulistano?
Gabriel Medina - Vemos uma geração que não é como a da década de 1980, apática e consumista. Ela quer uma vida melhor e procura novas formas de participação social.

Qual a maior dificuldade do jovem numa cidade como São Paulo?
Conciliar estudo e trabalho. A evasão escolar não é só um problema de repetência. Os conhecimentos que o jovem adquire na escola têm de fazer sentido em seu cotidiano. Além disso, faltam equipamentos públicos de cultura e lazer. Hoje, os espaços de socialização acabam sendo os shoppings e as igrejas.

Onde há mais efervescência?
Há uma juventude muito organizada nas periferias. Recebemos milhares de projetos de fora da região central, como propostas de saraus e grupos teatrais. Isso é incrível.

Como vê os grupos de ocupação?
Houve, no passado, uma tendência de proibir o uso do espaço público, e a juventude reagiu a isso. Acho sensacional. Antes do governo, conheci o BaixoCentro e participei de eventos como o Arraial do Minhocão. Estamos em contato.

Há limites para usar áreas públicas?
Defendemos que as pessoas cada vez mais saiam às ruas, mas é preciso respeitar horários e as outras gerações. Alguns não entendem que não é anarquia.

E qual deve ser o papel do governo?
É um pacto. Não cabe à prefeitura dizer o tempo todo como ocupar a rua, mas admitir que há outros atores. Isso faz com que todos se sintam corresponsáveis pela cidade.

E os bailes funk na rua?
O problema é que tem som no talo, menores de idade e drogas. Isso tem de ser proibido na rua ou onde for. Temos reuniões com funkeiros para pensar em um circuito na cidade e fazer matinês.

 

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