Na Rua

01/09/2006 - Juventude


Graffiti tem espaço garantido nos muros da cidade

A Coordenadoria da Juventude desde o mês de Julho tem promovido um trabalho de valorização do artista de rua com o Projeto Galerias ao Ar Livre que reúne graffiteiros de vários pontos da cidade.

O Graffiti cresceu muito na cidade de São Paulo e hoje esta arte não fica só restrita às ruas, houve uma profissionalização dos artistas e há campo de atuação, não é difícil encontrar grifes que contratam grafiteiros para ajudar na criação de peças e decorar ambientes. Este reconhecimento permitiu que houvesse uma parceria com o poder público para que o trabalho desses profissionais deixasse de ser encarado como contravenção e as galerias de arte já os convidam para expor e mais: em São Paulo já existem espaços destinados as mostras de Graffiti – galerias como a Grafiteria e a Choque cultural expõe trabalhos de grafiteiros de todo o mundo.

O projeto Galerias ao Ar livre conta com 200 artistas, 150 selecionados após inscrição e 50 convidados. Entre eles está Luciano Rezende, mais conhecido como Graphis, na entrevista que se segue ele conta um pouco de sua trajetória e fala do Graffiti em São Paulo.


- Como você se interessou pelo graffiti?
Eu desenha e pintava desde os 14 anos, mas o graffiti só entrou na vida em 1998, eu já era artista de rua e na época da copa do mundo pintando as ruas eu comecei a usar spray e comecei a sentir a necessidade de criar meus próprios personagens.


- Qual o seu estilo dentro do graffiti?
Gosto de trabalhar com personagens do cotidiano ou que representam alguma cena. Também trabalho com letras.

- O que você acha do poder público apoiar o projeto Galerias ao Ar Livre?
Acho interessante por viabilizar e canalizar a arte para os jovens, ocupando o tempo ocioso, sem contar a estimulação da arte e cultura.


- O que você acha que é necessário para que a sociedade deixe de ser preconceituosa em relação ao graffiti?
A Sociedade precisa ver com outros olhos o graffiti, as pessoas, no geral, só dão valor quando percebem a dificuldade da técnica de cada artista. Uma propaganda política agride mais do que um graffti que polui menos e parece incomodar mais a sociedade.

E também porque o graffiti mostra o lado verdadeiro, e a sociedade não está pronta para ver isso, 10 jovens pintando são 10 a menos roubando.


- Hoje o graffiti saiu das ruas para Galerias de Artes, Propagandas Publicitárias, grandes marcas de roupa ,como você vê essa mudança que o graffiti tomou na grande mídia?
Foi a forma que a mídia encontrou para mostrar ao jovem que o produto é familiar. O Graffiti sempre vai existir independente de qualquer tipo de modismo.


- O que é preciso para ser um bom grafiteiro?
Respeitar as diferenças mesmo não concordando com elas e humildade sempre, lembrar que a mais alta das torres começa do solo.

E além disso muita informação, pois o graffiti é muito amplo e tudo acaba influenciando.


- Você vive do graffiti ou você tem outra atividade?
Vivo do graffiti desde que comecei e tudo o que eu faço é voltado pra isso.
Como uma estampa de roupa, uma tela, e atualmente trabalho com algumas grifes.