Prefeitura promove cerimônia para celebrar Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional Tereza Benguela

Durante o evento, que será realizado nesta terça-feira (25), na Praça das Artes, no Centro, ocorrerá a entrega do prêmio Luiza Mahin. Equipamentos da rede de proteção à mulher também apresentarão debates com temas pertinentes à data

A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), promove nesta terça-feira (25) diversas atrações em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional Tereza Benguela.

A primeira delas é a cerimônia de entrega do Prêmio Luiza Mahin, realizada pela Coordenação de Promoção da Igualdade Racial. O evento, que será realizado na Praça das Artes (Avenida São João, 281), no Centro Histórico da capital, homenageia anualmente sete mulheres negras que se destacaram em diferentes campos de atuação. Na sequência haverá uma apresentação de Samba de Dandara, manifestação artística que remete à mulher negra e guerreira, referência na luta contra a escravização.

Para a secretária executiva de Promoção da Igualdade Racial Elisa Lucas Rodrigues, é fundamental destacar o papel da mulher negra e de políticas públicas inclusivas na sociedade.

“Nós, mulheres negras queremos a inclusão da população negra no mercado de trabalho, nas escolas, nos parlamentos, enfim, em todos os espaços da sociedade”, declarou.

Jornadas de reflexão

A Coordenação de Políticas para Mulheres também programou atividades para o Dia Internacional da Mulher Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional Tereza de Benguela. Desde 19 de julho até o próximo dia 31, os Centros de Referência da Mulher (CRM), de Cidadania da Mulher (CCM) e na Casa da Mulher Brasileira, promovem jornadas de reflexão, com diferentes temas de debate sobre a importância e o papel da mulher negra na sociedade brasileira, e relacionados à luta por sua afirmação e direitos, programados pela Coordenação de Políticas para Mulheres para o Dia Internacional da Mulher Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional Tereza de Benguela. (veja a programação no final do texto).

Quem foi Luiza Mahin

Segundo relatos de Luiz Gama (importante intelectual negro do século XIX que atuou como jornalista. Foi defensor radical da abolição do trabalho escravo), em carta com detalhes biográficos dirigida ao escritor e jornalista carioca Lúcio de Mendonça, Luiza Mahin era uma escravizada africana, provavelmente originária da Costa da Mina, golfo da Guiné, que teria conseguido comprar sua liberdade e organizado diversos levantes de escravizados que sacudiram a Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.

De seu tabuleiro, enviava mensagens por meio de meninos que pretensamente compravam seus quitutes e distribuíam por eles orientações para levantes históricos, como a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838). Perseguida, foi para o Rio de Janeiro, onde teria sido presa e deportada para Angola. Em outra versão, escaparia para o Maranhão, estado no qual lhe é atribuída participação no desenvolvimento no Tambor de Crioula, uma dança típica de origem africana. De acordo com historiadores, Luiz Gama daria a entender que Luiza Mahin era a sua mãe.

Tereza de Benguela

Revolucionária brasileira, Tereza de Benguela viveu no século XVIII e se tornou líder do Quilombo do Piolho, localizado na fronteira entre Mato Grosso e a Bolívia, sucedendo ao companheiro José Piolho, assassinado por soldados do Estado. No Quilombo, povoado por negros e indígenas, era chamada de “Rainha Tereza”.

O Quilombo resistiu até 1770, quando foi destruído pelas forças de Luís Pinto Coutinho, governador da Província de Mato Grosso (1769-1804). A estrutura política, administrativa e econômica do quilombo foi comandada por Tereza de Benguela até a sua morte, por volta de 1770. Ela teria se suicidado ou sido morta quando capturada por bandeirantes a mando da capitania e sua cabeça teria sido exposta no centro do Quilombo.

O sistema de governo no quilombo se assemelhava ao parlamentarista e as decisões eram assumidas em grupo. O Quilombo do Quariterê vivia do cultivo de produtos agrícolas, como o algodão, milho, feijão, mandioca e banana, e da venda dos excedentes.

A origem das datas

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi instituído em 1992, pela Organização das Nações Unidas (ONU), por iniciativa de um encontro de mulheres negras em Santo Domingo, República Dominicana. Foram elas que definiram o dia 25 de julho para homenagear a luta contra a opressão de gênero e raça. Já o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra foi criado pela Lei 12.897/2014, como marco da luta contra o racismo e pela criação de oportunidades.

Os indicadores revelam profundas desigualdades entre brancos e negros no Brasil e no continente latino-americano. Apesar de a população negra ser a maioria em nosso país, 54%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres negras competem em condições desfavoráveis, como indica o Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), segundo o qual as mulheres brancas recebem 70% a mais de remuneração do que as mulheres negras.

Homenageadas de 2023

Confira, abaixo, quem serão as homenageadas da edição 2023 do Prêmio Luiza Mahin.

- Marielen Silva Albuquerque - Médica veterinária e cofundadora do Coletivo AFROVET, voltado para as pessoas pretas da medicina veterinária, principalmente, mulheres;

- Ana Cristina de Souza - Assistente social, coordenadora de Políticas para Mulheres da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, 13 anos de atendimento a mulheres em situação de violência;

- Geralda Marfisa - Enfermeira e fundadora do Instituto Cultural Marfisa Rosa, ativista e militante do Movimento Popular de Saúde de Cidade Tiradentes;

- Tafiane Santos - Pedagoga, consultora e mentora antirracista, realiza um trabalho de promoção da equidade e enfrentamento ao racismo no ambiente escolar;

- Priscila Rodrigues de Souza - CEO da ONG Bem da Madrugada, que busca incentivar a expressão cultural afro-brasileira dentro das suas ações sociais, que servem principalmente a população afro-brasileira;

- Rosa Maria Tavares Andrade - Bióloga, locutora televisiva, professora de genética humana em assuntos afro-brasileiros, fez parte do Grupo de Trabalho para Assuntos Afro-brasileiros pela Secretaria de Estado da Educação;

- Silvia Cibele - Organizadora e idealizadora de eventos, entre os quais feiras on-line nas redes sociais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico para engajamento e visibilidade para empreendedoras, artesãs, cozinheiras e costureiras negras.

Clique aqui para saber quem já recebeu o prêmio.

Serviço

Cerimônia de entrega do Prêmio Luiza Mahin Edição 2023

Programação:

11h30 – Recepção

12h – Show de samba de Dandara e brunch

13h – Cerimônia

Data: 25/7/2023

Local: Praça das Artes, Av. São João, 281, sala Conservatório

 

Nos CCMs, CRMs e Casa da Mulher Brasileira

Programação:

CRM Brasilândia

Data: 26/7/2023

Horário: 10h às 12h

Endereço: Rua Silvio Bueno Peruche, 538 – Brasilândia

Tema: “Luta, protagonismo e resiliência da mulher negra”

 

Casa da Mulher Brasileira (CMB)

Data: 26/7/2023

Horário: 09h – 12h

Endereço: Rua Vieira Ravasco, 26 – Cambuci

Tema: “Protagonismo x Invisibilidade da Mulher Negra nas Políticas Públicas”

Convidada: Dr.ª Claudia Luna (Advogada)

 

CRM Maria de Lourdes Rodrigues

Data: 31/7/2023

Horário: 10h – 12h

Endereço: Rua Dr. Luiz Fonseca Galvão, 145 – Capão Redondo

Tema: “É possível ocupar lugares de poder?”

Convidada: Dr.ª Élida de Souza Silva (Advogada, Conselheira Municipal de Políticas Públicas para Mulheres e Conselheira Seccional pela OAB SP)

 

CCM Perus

Data: 27/7/2023

Horário: 14h – 16h

Endereço: Rua Aurora Boreal, 43 – Vila Perus

Tema: “História de vida de Zila Calei”

Convidada: Zila Calei (escritora, cantora e idealizadora de projeto social)

 

CCM Parelheiros

Data: 28/7/2023

Horário: 14h – 16h

Endereço: Rua Terezinha do Prado Oliveira, 119 – Parelheiros

Tema: “Vida e História de Carolina Maria de Jesus”

Convidada: Vera Eunice de Jesus (filha da escritora Carolina Maria de Jesus)

 

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