Conheça Marie

“Conheci a cidade de São Paulo, em 1979, durante férias e me encantei com tanta cultura e tantas opções. Voltei para Recife decidida que em um ano viria morar aqui. E de fato, em março de 1980, cheguei a São Paulo cheia de metas e sonhos. Aqui me apaixonei e tive minha filha. Depois de muitas vindas e idas profissionais, me vi desempregada até conhecer a diretora do Centro Assistencial Cruz de Malta, que precisava de uma digitadora para alimentar um Banco de dados”, conta a Coordenadora Operacional dos Telecentros, Jessimarie Cunha Barbosa, ou, simplesmente, “Marie”.

“Trabalhei por duas semanas sem dias de folga, para entregar o que ela precisava. E ao invés de pagar apenas pelo meu trabalho, me entregou um cheque no valor total da minha dívida com a faculdade. Fiquei feliz e agradecida, e no dia seguinte comecei a trabalhar como voluntária na entidade. Continuava desempregada, até que apareceu o Programa Telecentros”.

Ainda como voluntária, a diretora da Cruz de Malta pediu que ela acompanhasse a obra de adaptação e das instalações de implantação do Telecentro. Na ocasião, pela dedicação Marie foi indicada para integrar o grupo que trabalharia naquela unidade. Na entrevista, “me vi obrigada a contar que nada sabia de informática e por isso, fui indicada para ser orientadora”.

“Eu estava então com 49 anos e pensava que nunca mais faria carreira profissional alguma, mas que pelo menos teria um emprego. No entanto, após ficar por vários dias e noites aprendendo, lendo e estudando as apostilas, acabei assumindo a função de supervisora de unidade”.

A cada dia me encantava mais com o Telecentro. Recebia as crianças, os jovens, os adultos e os idosos, e além de dar aulas, orientá-los com informática, eu conversava muito com todos. A coordenadora foi em busca de aprimoramentos para o Telecentro. Foi quando criou novos projetos como a apostila com modelos de cartas, textos, entre outros documentos comerciais. Esse trabalho passou a ser também um treinamento para Digitação.

O passo seguinte foi a criação de uma lista de endereços de sites e agências de empregos e, ao terminar o curso básico, cada aluno tinha seu currículo preparado. Aos sábados eram dadas dicas para estes jovens buscarem empregos, mas uma grande demanda surgiu. Os jovens pediam orientação de como se comportar em entrevistas e de como se vestir. Essa demanda levou Marie, com o apoio da entidade, a agendar palestras com esse tema. Percebendo que muitos deles nem sabiam o que era um CPF e por que deveriam ter um RG, ou o que significava a sigla CLT, ela elaborou um Manual do Cidadão Trabalhador, onde descrevia sobre tudo isso.

A promoção para Supervisora Técnica veio, em 2006, foi uma grande surpresa. E maior ainda foi a sua felicidade, quando na primeira reunião de Supervisores Técnicos, o secretário da SMPP, que acabava de assumir a Secretaria, fevereiro de 2007, anunciou que sua meta era aumentar os cursos nos Telecentros, para que cada vez mais pudéssemos preparar os jovens para o mercado de trabalho.

Saí daquela reunião decidida a fazer muito mais, já que agora eram 15 unidades que eu gerenciava. Comecei por distribuir todo material que já utilizava entre os 15 Telecentros e a formular novos cursos. O grande programa de ampliação dos Telecentros foi colocado em prática e para minha surpresa fui convidada para assumir o papel de Coordenadora Operacional, em 2008. Eu senti uma emoção tão grande que apenas comparo ao momento em que minha filha nasceu. Porque foi um alto grau de reconhecimento, amo o que faço que é lidar com pessoas e ajudá-las a serem melhor, fala Marie

Jamais imaginava que aos 54 anos poderia estar onde estou. Porque a cada contratação de um orientador e a cada promoção para supervisor, eu sinto a mesma felicidade que eles. Hoje me sinto ainda mais realizada, quando visito a Entidade Cruz e Malta e vejo os jovens que já foram crianças e alunos meus, e muitos deles, inclusive, trabalhando em Telecentros, destaca a coordenadora.

“Tenho a certeza que o Tecentro não é mais uma simples sala com computadores que podem ser usados gratuitamente, mas sim uma oportunidade de transformar crianças e jovens em cidadãos informados e pessoas idosas, que não ficam mais em casa se lamentando, em senhores e senhoras conectados ao mundo através da Internet”.