Brasil é líder em jovens mortos por arma de fogo

28/11/2006 - Juventude


Não há lugar, entre 65 países comparados, onde os jovens morram mais por armas de fogo do que no Brasil. Além disso, o País é o terceiro, num ranking de 84, em que mais jovens entre 15 a 24 anos morrem por homicídio.

As constatações são do Mapa da Violência 2006, estudo recentemente divulgado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). O documento aponta que 15,5 mil brasileiros de 15 a 24 anos perderam a vida em 2004 por causa de acidentes, crimes ou suicídios causados por uma arma de fogo, o que resulta na taxa de 43 mortes por 100 mil.

Dos 65 países comparados, apenas a Venezuela chega próximo ao Brasil, com o patamar de 38 mortes por 100 mil jovens. Mesmo Israel, país que vive em situação de conflito armado, tem taxa bastante inferior: 5,3 mortes por 100 mil.

Apesar do aumento de 64,2% no número de homicídios entre jovens de 1994 a 2004, foi registrado um declínio do problema de 2003 para 2004. Para o autor do estudo, Julio Jacobo Waiselfisz, em boa parte a redução é um reflexo do Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003. "Não há solução mágica. A dívida do Brasil é histórica. Estamos trabalhando para que a temática da juventude se consolide como política de Estado”, diz o secretário nacional de Juventude, Beto Cury.

Jovens negros
Dados da Fundação Sistema Estual de Análise de Dados (Seade) apontam que a taxa de homicídios de jovens negros é o dobro da de brancos. Em São Paulo, o número de jovens negros, com idade entre 10 e 24 anos, assassinados nos últimos três anos foi duas vezes maior do que os jovens brancos na mesma faixa etária.

De acordo com estudo, a incidência de homicídios entre jovens negros é de 120 óbitos para cada cem mil habitantes, enquanto que entre brancos a taxa é de 60 óbitos.

“A causa dessa diferença é basicamente a desigualdade econômica e social”, diz a socióloga Cecília Comegno, coordenadora do estudo. Segundo ela, há uma grande concentração de negros na população mais pobre, e isto se reflete no acesso a melhores condições de vida.