Saúde alerta sobre a importância do diagnóstico precoce do transtorno do espectro do autismo (TEA)

No mês da Conscientização sobre o Autismo, a pasta destaca sua linha de cuidados

ara conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do transtorno do espectro do autismo (TEA) e dos tratamentos disponíveis para os pacientes diagnosticados, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) programou uma série de atividades nos equipamentos que integram a linha de cuidados durante o Abril Azul, campanha alusiva ao Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, celebrado no último dia 2, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O objetivo dessas ações é diminuir a discriminação e o preconceito, promovendo conhecimento sobre as necessidade e direitos. O autismo é caracterizado por um desenvolvimento atípico, dificuldade na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. Apesar das características comuns preserva sua singularidade em relação ao autismo.

A linha de cuidados da pessoa com TEA, no município de São Paulo, preconiza que a avaliação diagnóstica e os acompanhamentos sejam realizados em conjunto e articulada entre as equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), dos Centros de Apoio Psicossocial Infantojuvenis (Caps IJ), Centros Especializados em Reabilitação (CERs) e Centros de Convivência e Cooperativa (Ceccos).

A capital conta com 471 UBSs, 33 Caps IJ, 34 CERs e 23 Ceccos. Juntos, de 2023 até o início de mês de abril, foram realizados cerca de 165.000 procedimentos a pessoas com TEA, de acordo com o Sistema Integrado de Gestão e Assistência a Saúde (Siga).

Diagnóstico Precoce

“O diagnóstico definitivo de uma pessoa com TEA envolve a avaliação multidisciplinar. Precisamos conscientizar a população sobre o autismo para impulsionar o diagnóstico precoce”, afirma Lígia Brunetto, fonoaudióloga e assessora técnica da Coordenação da Atenção Básica (CAB).

Segundo ela, “quanto mais cedo uma criança recebe os estímulos necessários, melhor sua condição no decorrer da vida”. A rede municipal oferece suporte para pacientes de todas as idades, mas, nas UBSs todo o processo tem início, por meio de uma estratégia de atendimento conduzida pela equipe multiprofissional que integra o projeto terapêutico singular (PTS). É esta equipe que direciona os caminhos para a efetivação do tratamento na Rede de Atenção à Saúde(RAS).

A linha de cuidado inclui ainda grupos de orientação parental para acolher os desafios de quem convive com situações semelhantes. Os equipamentos capacitam os pais e/ou familiares ou cuidadores para lidar com questões relacionadas ao desenvolvimento, comportamento e suas necessidades.

Destaque nas linhas de cuidados

Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Albertina, na zona norte da capital, crianças de zero a quatro anos com TEA participam de trabalho de estímulo à linguagem por meio de atividades de interação e socialização orientadas por fonoaudiólogos e psicólogos. “A interação acontece por meio do estímulo do contato visual, promovendo a melhora da compreensão, execução de comandos e interação com os pares”, afirma a fonoaudióloga do equipamento, Alessandra Bezerra.

Já no Cecco Previdência, a proposta de atendimento aos autistas é inclusiva. Eles têm a oportunidade de conviverem com pacientes com outras condições de saúde, vindos de outros equipamentos como o CER e o Caps IJ. “Um dos nossos trabalhos é darmos voz individual por meio do coletivo para o paciente poder se expressar. Agregamos o paciente em torno da linguagem para que cada um possa se expressar, crescer com o outro, ganhando fluidez na comunicação”, afirma Vanessa Andrade Caldeira, gerente da unidade.

“Queria ter encontrado o Cecco antes, pois vejo a felicidade da minha filha em participar deste grupo, como também a evolução dela. Por meio das terapias que participa na unidade, ela conseguiu falar, reduziu a ansiedade e criou laços. Nesse espaço, ela fez amigos e uma nova família”, afirma Simone Ozaki, mãe da jovem Gabriela Osaki.

No CER II Tucuruvi são promovidas atividades em diferentes espaços terapêuticos, além de orientação familiar. Dentre os trabalhos realizados estão as estimulações sensoriais, visuais e motoras que ocorreram nas salas de recursos sensoriais e realidade virtual.

Para pacientes que necessitam de estimulação da comunicação, o CER pode utilizar o Boardmaker, que é um aplicativo voltado para a confecção de pranchas de comunicação suplementar e alternativa, personalizadas para cada caso.

Além dos diversos recursos terapêuticos, o CER também conta com a Estratégia APD (Acompanhante da Pessoa com Deficiência) para apoiar as pessoas com deficiência intelectual ou que possuem TEA associado na inserção da sociedade e na busca por autonomia.

É o caso de Alex de Oliveira que com o suporte da estratégia passou de uma pessoa que não utilizava transporte público para um profissional inserido no mercado de trabalho. “Ajudo os meus pais financeiramente, quero ter uma família e sustentá-la”, conta ele.