Climatério, menopausa e pós-menopausa: o que são e cuidados com a saúde

Sinais que acompanham o final da fase reprodutiva da mulher se iniciam bem antes da última menstruação; saiba quais são e como amenizar os incômodos

Em 2020, a expectativa de vida para as mulheres no Brasil chegou aos 80 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo descontados os efeitos da pandemia de Covid-19 e as diferenças socioeconômicas que geram enormes disparidades regionais, este número mostra uma realidade que pode ser espantosa para muitas mulheres: a de que elas passarão quase metade de suas vidas no climatério e na pós-menopausa, com todas as implicações que esses dois momentos trazem para a qualidade de vida e a saúde.

Embora “menopausa” seja um termo usado de forma corrente para designar o período após o término da idade reprodutiva da mulher, ele na realidade, corresponde à última menstruação, por volta dos 50 anos de idade (esse momento varia de mulher para mulher). O período que antecede a última menstruação e culmina com esse evento fisiológico é o climatério, e o período que a sucede, pós-menopausa, confirmada após 12 meses sem menstruação.

Por que ocorre a menopausa?

Fisiologicamente, a menopausa acontece quando ocorre o envelhecimento e a perda da função reprodutiva dos ovários. Isso porque todos os óvulos que a mulher produzirá ao longo da vida têm sua origem em células germinativas (ou folículos) dos ovários, presentes já no momento do nascimento. Essa reserva é usada da primeira menstruação (menarca) até a última (menopausa). Quando se encerra a função ovariana, caem também as concentrações dos hormônios femininos, estrogênio e progesterona. A menopausa também pode ser provocada com a realização de cirurgias ginecológicas que incluem a retirada dos ovários.

O declínio da fertilidade e os primeiros sinais relacionados ao climatério, no entanto, podem surgir bem antes da menopausa, na faixa dos 40 anos. Levando em conta que as mulheres nesta faixa etária representam um contingente significativo da população brasileira, fica evidente a enorme importância da atenção em saúde nesta fase da vida.

Incômodos desta fase

Embora climatério/menopausa/pós menopausa sejam definidos pela Organização Mundial da Saúde como uma fase biológica da vida e não um processo patológico, a redução nos níveis de hormônios femininos pode provocar uma série de consequências, que por sua vez geram incômodo e ansiedade.

Entre elas estão:

– ondas de calor ou fogachos: episódios súbitos de sensação de calor na face, pescoço e parte superior do tronco, geralmente acompanhados de rubor facial, suores, palpitações no coração, vertigens, cansaço muscular. Quando mais intensos, podem atrapalhar as tarefas do dia a dia;

– irregularidades na duração dos ciclos menstruais e na quantidade do fluxo sanguíneo;

– manifestações como dificuldade para esvaziar a bexiga, dor e pressa para urinar, perda de urina, infecções urinárias e ginecológicas,

- ressecamento vaginal, dor durante a penetração e diminuição da libido;

– queixas de irritabilidade, instabilidade emocional, choro descontrolado, depressão, distúrbios de ansiedade, melancolia, perda da memória e insônia;

– alterações na pele, que perde o vigor, nos cabelos e nas unhas, que ficam mais finos e quebradiços;

– alterações na distribuição da gordura o corpo, fazendo com que se concentre mais na região abdominal;

– perda de massa óssea característica da osteoporose e da osteopenia;

– risco aumentado de doenças cardiovasculares: a doença coronariana é a principal causa de morte de mulheres depois da menopausa.

Dicas para atravessar este período

Os recursos para lidar com esses sinais pouco agradáveis do climatério e pós-menopausa vão da reposição hormonal a aspectos ligados ao estilo de vida.

Veja algumas dicas:

- manter uma alimentação saudável;

- praticar atividade física regular; além de ser importante para o bem-estar físico, é fundamental para o controlar a pressão arterial, prevenir a osteoporose, doenças cardiovasculares e atenuar as alterações do humor;

– manter o peso;

- evitar álcool e fumo;

- dar atenção à saúde bucal;

– manter o acompanhamento ginecológico regularmente.

A utilização da terapia de reposição hormonal deve ser avaliada pelo médico. Entre outras vantagens, ela pode aliviar os sintomas físicos (fogachos), psíquicos (depressão, irritabilidade) e os relacionados com os órgãos genitais (secura vaginal, incontinência urinária). No entanto, existem contraindicações, pois dependendo do histórico médico e familiar, a terapia pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, trombose, câncer de mama e de endométrio, distúrbios hepáticos e sangramento vaginal de origem desconhecida.

Acompanhamento na rede municipal

Na rede municipal de saúde, a rotina ginecológica da mulher de mais de 40 anos pode incluir, além do exame clínico e do Papanicolau, a dosagem de hormônios, o ultrassom pélvico, para checar o útero, as tubas uterinas e os ovários, exame proctológico e de fundo de olho para analisar o estado dos vasos sanguíneos.

Acima dos 50 anos as mamografias são indicadas de dois em dois anos e o check-up inclui exames de sangue, pressão e medida de cintura. Acima dos 65 anos, é preciso fazer a vacinação anual contra a gripe e, conforme prescrição médica, também contra a pneumonia, além de todos os outros cuidados.

A relação de todas as unidades de saúde do município pode ser consultada na página do Busca Saúde(https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/estabelecimento_saude/index.php?p=311233)