Moda sustentável, arte urbana e literatura afro-brasileira são destaques na 1ª Expo Internacional Dia da Consciência Negra

Secretaria Municipal de Cultura participa do evento com 31 expositores, apresentação de shows e saraus

A 1ª edição da Expo Internacional Dia da Consciência Negra será realizada entre os dias 20 e 22 de novembro. O evento traz shows como os de Leci Brandão e Xande de Pilares, saraus, exposições, mesas de debate, produtos assinados por artistas negros e muito mais, em uma programação rica e diversa envolvendo diferentes áreas do conhecimento.

Trabalhos autorais

Entre os expositores trazidos pela Secretaria Municipal de Cultura destacam-se marcas como a Da Lama: empresa formada por quatro mulheres negras da periferia de São Paulo, que trabalham com a confecção de roupas pintadas à mão, assinadas pela artista visual e estilista Laís Da Lama. Além das peças de vestuário, que podem ser usadas por todos os gêneros e corpos, a marca produz acessórios com as sobras dos tecidos, tornando o ciclo o mais sustentável. Na feira, as roupas e acessórios estarão à venda, emoldurados por obras de arte de autoria própria.

Formada anteriormente em Artes Visuais, Laís trabalhava como professora de Educação Artística quando decidiu criar sua própria marca de roupas em 2014. Na época, ela passava pela gestação do seu primeiro filho, Otto, e a necessidade de ter mais flexibilidade a levou a empreender:

“Eu já customizava algumas peças para os amigos mais próximos e até vendia para as pessoas da escola, então, foi uma escolha natural”.

Embarcando de cabeça no novo projeto, ela se matriculou numa segunda graduação e se tornou estilista. Hoje, confecciona as roupas da Da Lama desde a modelagem até a pintura final.

Já no stand da Favela Galeria de Arte, obras como quadros, prints e gravuras dão uma pequena amostra do que é o projeto cultural que atua na região de São Mateus, desde 2009. Ali, uma galeria a céu aberto, feita com grafites de artistas locais, é mantida pelo grupo OPNI, que organiza passeios monitorados informando os visitantes sobre os artistas da periferia de São Paulo. O projeto também comercializa obras de arte e organiza atividades como saraus, debates e oficinas, além de se envolver em ações sociais, como a arrecadação de mantimentos durante a pandemia, a doação de absorventes para mulheres em vulnerabilidade e a parceria com projetos de educação musical na favela.

“A arte é nosso trabalho, mas o lado social está sempre presente”, explica Catata Crazzy, relações públicas do projeto. “Nosso compromisso com a sociedade vem em primeiro lugar”.

Leitura e história

Para quem ama ler, a Expo também traz stands como o da Editora Mostarda. Trata-se de um projeto criado em 2019 por Pedro Mezette, para publicar e divulgar livros especializados em cultura afro-brasileira. A inspiração veio quando ele trabalhava numa livraria em Campinas e presenciou um de seus funcionários sendo vítima de racismo por parte de um cliente que se recusou a ser atendido por ele. Desde então, tem se dedicado a apoiar autores negros e divulgar a história de personalidades negras e povos originários.

A marca lançou a coleção Black Power, voltada para estudantes do Ensino Fundamental, que reúne biografias e cadernos de atividades de onze personagens históricos negros, entre eles a escritora Conceição Evaristo, a ativista Angela Davis e o presidente americano Barack Obama. Para o público juvenil e adulto, a editora traz o livro “Brasil Tumbeiro”, um misto de reflexão social e autobiografia do autor Mário Aranha, ex-goleiro que atuou em clubes como Santos e Ponte Preta e foi vítima de racismo em campo, em 2014. Completa o catálogo uma nova edição do romance Saguairu, de Júlio Emílio Braz, ilustrada por Lucas Coutinho. O título foi vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Infantil ou Juvenil (autor revelação) em 1989.

Visitantes da feira também poderão conhecer um pouco mais da história do Sítio Arqueológico Cemitério dos Aflitos - área localizada no bairro da Liberdade que guarda vestígios da primeira necrópole pública de São Paulo, datando do século XVIII, dedicada principalmente à população negra e indígena. O público também descobrirá o papel importantíssimo que entidades da sociedade civil, como o Instituto Tebas e a União Amigos da Capela dos Aflitos, têm feito, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, para resgatar e preservar esse patrimônio histórico na região.

Audiovisual

A SPCine também participa da feira com um stand cenográfico para a plataforma Spcine Play, que poderá ser acessada pelos visitantes por meio de tablets, e com materiais como tutoriais e trailers exibidos continuamente num telão. Ainda integrando as ações em torno da Expo, será realizado durante todo o sábado um processo formativo com os projetos participantes do Pitching do Fianb - Festival Internacional do Audiovisual Negro do Brasil, a ser realizado pela APAN - Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro. O Pitching acontece no domingo de manhã na Praça Victor Civita, e o anúncio dos resultados será feito à tarde, dentro na Expo.

A 1ª Expo Internacional da Consciência Negra acontece entre os dias 20 e 22 de novembro no Pavilhão Oeste do Anhembi e a entrada é gratuita. Inscrições pelo site https://farolantirracista.sp.gov.br/inscricoes-para-feira/ .