De Braços Abertos: ativista americana elogia programa de redução de danos da cidade de São Paulo

Uma das mais importantes ativistas do movimento negro norte-americano, Deborah Small, elogiou as ações do De Braços Abertos, programa de redução de danos para dependentes químicos realizado pela Prefeitura de São Paulo no bairro da Luz. Iniciado em janeiro de 2014, o programa oferece moradia em hotéis, oportunidade em frentes de trabalho e renda, além de alimentação e capacitação, beneficiando mais de 450 pessoas que viviam na chamada Cracolândia.

Formada em Direito e Políticas Públicas pela Universidade Harvard, Deborah é especialista em racismo, políticas de drogas, ações de gênero e defesa da população mais pobre. Ela criou, em 2004, a organização Break the Chains, com o objetivo de ampliar o debate sobre as consequências negativas da guerra às drogas para a população mais carente.

“O programa que vocês têm aqui é um exemplo interessante para ter alternativas de como lidar com essas pessoas”, afirmou a ativista, que falou sobre experiências de sucesso em políticas de redução de danos, como trocas de agulhas em Baltimore, nos Estados Unidos, e locais seguros de uso em Sydney, na Austrália. “Quando você trata as pessoas com respeito, elas mostram bons resultados. Quando você provê, por exemplo, elas terem acesso a oficinas e educação, esse é um programa que dá certo”, disse.

Uma pesquisa realizada em uma parceria entre a Open Society Foundations e o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), em conjunto com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e o Laboratório de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos da Unicamp, mostra resultados positivos da ação. Os dados apontam que, com renda, trabalho, moradia, alimentação e acompanhamento de profissionais de saúde, 65% dos beneficiários reduziram o uso de crack.

“São Paulo faz uma distinção muito importante quando se trata de política de drogas, que é que os problemas que os dependentes químicos enfrentam não têm relação somente com a substância, mas a questão social que essa pessoa está inserida de marginalização. Existem muitas pessoas que usam drogas e não são pobres, e por isso não têm vidas caóticas. É muito importante que o programa tem como objetivo diminuir o caos e não o uso de drogas”, afirmou Deborah, que, no fim de julho, visitou a região da Luz, e depois, se reuniu com o prefeito Fernando Haddad.

Fonte: Secom