Centrais mecanizadas de triagem. O que são? Como funcionam?

Saiba por que elas representam um salto histórico na área de reciclagem em São Paulo

Com o compromisso de ampliar a coleta seletiva dos atuais 1,8% para 10%, até 2016, a prefeitura inaugurou em 5 de junho a primeira –de um total de quatro- Central Mecanizada de Triagem de resíduos recicláveis.

Localizada na Avenida do Estado, 300, em uma área de 3 mil metros quadrados e movida por um equipamento importado que custou cerca de R$ 25 milhões, a central da Ponte Pequena, ainda em fase de calibração, separa diariamente 30 toneladas de resíduos recicláveis. Quando estiver operando em sua capacidade máxima –o que deverá ocorrer no início do próximo ano- esse volume subirá para 250 toneladas/dia.

Inicialmente, os reciclados vêm de distritos da subprefeitura Sé (República, Consolação, Liberdade, Cambuci, Bela Vista, Bom Retiro), e têm como origem a coleta seletiva realizada pelas concessionárias de resíduos divisíveis, além dos recolhidos por meio do sistema porta a porta, em pontos de entregas voluntárias (PEVs) e em contêineres que armazenam temporariamente os resíduos recicláveis. Até 2016, com a entrada em operação das quatro centrais mecanizadas, serão atendidos todos os 96 distritos e suas vias públicas.

Cerca de 50 pessoas, das quais 35 ligadas a uma cooperativa de catadores, trabalha nas equipes que auxiliam na recepção e seleção do material reciclável. Esse pessoal é remunerado pelo Fundo para Implementar a Coleta Seletiva de Secos e da Logística Reversa de Embalagens com a Inclusão Social de Catadores de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis no município de São Paulo.

O fundo é gerido por um conselho gestor formado por cooperativas conveniadas e não-conveniadas com a Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), organizações não governamentais, representantes do poder público indicados pela autarquia, Secretaria de Serviços, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e representantes de instituições de ensino superior e pesquisa.

O conselho também é responsável pela contratação de um agente operador, que fará a comercialização dos resíduos separados. Nessa fase inicial, estima-se uma arrecadação mensal de R$ 1,6 milhão, que serão repassados ao Fundo.

A responsável pelo empreendimento da central da Ponte Pequena é a Loga, concessionária do serviço de coleta domiciliar de resíduos nas zonas Norte e Oeste da cidade. A opção pelo atual modelo da central se deu após análise quanto à capacidade, custo de operação, custo com energia elétrica, quantidade de resíduos que possam ser separados, índice de produtividade de processamento e área necessária para a implantação.

Obrigação contratual

No dia 16 de julho, entrará em funcionamento a Central de Triagem Santo Amaro, na Avenida Miguel Yunes. Construída pela concessionária Ecourbis (responsável pela coleta domiciliar nas zonas Sul e Leste) em um terreno de 3,5 mil metros quadrados, o local também terá capacidade de processamento de 250 toneladas/dia.

A construção das centrais não representa custos à municipalidade, já que as obras fazem parte dos investimentos previstos nos contratos entre a Prefeitura e as concessionárias.

Para o secretário de Serviços, Simão Pedro, trata-se de um salto histórico na área de reciclagem de São Paulo. “É mais uma prova de que São Paulo está preparada para enfrentar os desafios a ela apresentados. Além do aspecto ecológico, é importante ressaltar que as centrais de triagem vão gerar emprego e renda aos catadores, que estarão incluídos no mercado de trabalho”, enfatiza.

Passo a passo

Como funciona a separação mecanizada, desde o momento em que o resíduo chega até ser enfardado e destinado ao reprocessamento em diferentes aplicações

1 – O caminhão deposita o resíduo na área destinada à recepção do material reciclável;

2 – Os materiais são encaminhados por esteiras para as cabines de pré-seleção, onde a primeira equipe retira vidros e materiais de grande volume;

3 – Em seguida, seguem para o equipamento de peneiras rotativas que inicia a separação por tamanho;

4 – Materiais finos, como terra e restos de orgânicos, são enviados para o descarte no aterro. Já os maiores, como caixas de papelão, passam por controle de qualidade manual e são armazenados em baias de estocagem;

5 – Os materiais de tamanho médio são enviados para um equipamento abre-sacos e seguem para a próxima etapa de separação;

6 – O equipamento balístico separa os materiais planos (papéis e cartões) que seguem para controle manual. Os rodantes (embalagens e garrafas) continuam na linha de separação;

7 – Os materiais ferrosos são retirados por separadores magnéticos e encaminhados para uma prensa, formando blocos de materiais metálicos;

8 – Os metais não-ferrosos, como alumínio, são retirados por separadores de indução e encaminhados para baias de estocagem;

9 – Os plásticos são divididos por tipo ao passar pelos separadores ópticos;

10 – Após passar pelos controles de qualidade presentes em todo o processo, o que não pode ser reciclado, chamado de rejeito, segue disposição final em aterros sanitários;

11 – Quando as baias de estocagem ficam cheias, o operador da sala de controle envia os materiais separados para uma prensa, responsável por preparar os fardos que ficarão à disposição da Prefeitura.

Ao longo da linha, materiais que não foram detectados pelos equipamentos são separados manualmente por operadores.

Clique aqui e veja o infográfico do processo de triagem.