Bolsa Trabalho- Juventude Viva certifica 91 jovens operadores de direitos humanos

O programa, desenvolvido pelas Secretaria de Direitos Humanos e da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento e Empreendedorismo, contou com a Fundação Paulistana para a elaboração da metodologia e certificação em sua fase fina

Na última sexta-feira (28), 91 jovens receberam certificados de conclusão do programa “Bolsa Trabalho – Juventude Viva”, em cerimônia realizada na Prefeitura da Cidade de São Paulo, com participação do prefeito Fernando Haddad.

O evento contou também com a participação da Coordenadora de Políticas para Juventude Carla Alves da Silva, do Secretário Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo Artur Henrique da Silva Santos, Secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo Felipe de Paula, Chefe de Gabinete da Fundação Paulistana de Educação, Tecnologia e Cultura Antonio Carlos Souza de Carvalho e Assessor Especial Claudio Silva.

A primeira turma de operadores de direitos humanos realizou mais de 136 horas mensais de formação prática e teórica, em busca de conhecimento para articulação e implementação de ações em diretitos humanos e cidadania nos bairros onde moram e espaços que frequentam.

A convite da Secretaria de Direito Humanos a Fundação Paulistana ficou responsável pela elaboração da metodologia de ensino do “Bolsa Trabalho – Juventude Viva”, pela supervisão da formação e também pela certificação dos jovens.

Os jovens bolsistas Karolina Desireé Rodrigues e Alan Cardec dos Santos receberam das mãos do Prefeito Haddad o certificado de conclusão do programa. Karolina fez um lindo discurso representando toda sua turma e foi contemplada por palmas e gritos eufóricos de todos. “Esse certificado eu e o Alan recebemos, representa todo o nosso esforço e de todos que participaram e um salve pra gente que resistiu até aqui! Eu sei que a gente está num momento de muitas incertezas, principalmente financeiras, mas acho que o “Bolsa Trabalho” deixa para a gente um resgate da gente conseguir ter essa força para continuar lutando pelos nossos sonhos e pela nossa sobrevivência, que é o mais difícil atualmente”, declarou a recém-formada.

Fernando Haddad, após entregar o certificado aos jovens, “Pra nós é uma alegria chegar a conclusão de mais uma etapa do programa “Bolsa Trabalho”, pensar o quanto isso significa pras pessoas, não é um valor expressivo de bolsa, nem uma duração exagerada, mas garanto que isso enriquece muito o currículo de vocês, abre portas e vai certamente significar uma entrada diferenciada no mercado de trabalho, pois trata-se de um programa muito respeitado”.
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“A gente sabe que ainda falta muito, que a violência ainda é muito pesada. Que o jovem sofre muito, o jovem negro sofre muito, o jovem negro periférico sofre mais, a mulher negra periférica sofre mais, mas a gente sabe que o futuro da cidade também tá na mão da juventude. E ter formações importantes como foi o “Bolsa Trabalho”, que qualifica pro trabalho sem perder de vista o que pra gente é fundamental, o passo ético que a gente tem que ter, a visão ética que a gente tem que ter, a visão de direitos humanos, a visão de direito à todos, saber de fato quais são os problemas da cidade, que a gente tem que enfrentar no mercado daqui pra frente, eu acho que é muito importante.”, declarou Felipe de Paula.

A jovem bolsista Regiane Maria de Sena, de 18 anos, contou que os temas mais importantes do programa pra ela foram sobre a questão racial e sobre a mulher negra: “Foi muito importante pra mim, porque eu não me reconhecia como negra (...) e várias pessoas da minha família também não se enxergam como negras, sendo negras. Então isso foi muito marcante pra mim”. Regiane tem o plano de montar um coletivo no Grajaú, região onde mora, pois vê a necessidade que os jovens de lá sentem em discutir temas que ela teve a chance de aprender.

Já Denis de Oliveira, de 24 anos, vê no programa uma oportunidade da juventude periférica se sentir incluída e ocupando importantes espaços. Para ele, o projeto foi extremamente importante pois pôde: “Conhecer outros jovens, de outras quebradas, se enxergando enquanto iguais, diferentes pessoas entendendo outras experiências, se apropriando de outras pautas. Por exemplo, eu sou negro, jovem, favelado, mas eu sou homem e a minha luta específica é em um campo. Então é importante conhecer a luta das mulheres pretas, do pessoal lgbt e entender e reconhecer minha própria ignorância nesses assuntos. (...) Entendendo é que a gente pode fazer uma mudança efetiva”.

O critério de seleção das 115 vagas oferecidas foi: residir em bairros de vulnerabilidade social, ter entre 15 e 29 anos, sendo metade das vagas ocupadas por mulheres e metade por homens. Todos os jovens receberam uma bolsa de incentivo no valor de R$1.032,00 .

A operadora de Direitos Humanos Alessandra Tavares De Oliveira, que faz parte da equipe do AMA Psique e Negritude, Instituto que começou a participar programa nos seus últimos dois meses, contou que a principal mensagem que tentou deixar para os jovem é de que eles são fundamentais e muito talentosos: “Toda luta precisa muito deles, não só num momento específico, mas precisamos muito da presença deles, ouvir o que eles têm a dizer. Eles são muito inteligentes e muito articulados. Essa é a mensagem, nós precisamos deles, não eles de nós!”

Para aplicar na prática tudo que aprenderam no programa, os jovens atuaram no lugar onde moram, articulando transformações nesses espaços, juntamente à coletivos, agentes do governo local e ajuda dos próprios moradores desses territórios. É neles que depositamos nossa esperança de um futuro mais justo e democrático!