“Menina ou Menino? Chá de Bebês" reúne gestantes em situação de rua

 

Uma recepção com tratamento de beleza e orientações de saúde – assim foi o dia das gestantes em situação de rua, álcool e drogas que participaram do “Menina ou Menino? Chá de Bebês”, na manhã desta terça-feira (01) no Parque da Mooca, zona leste da capital. A atividade, desenvolvida pelo Consultório na Rua (CnR) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) em parceria com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar), tem como objetivos o tratamento de mulheres grávidas contra a dependência química e o fortalecimento de vínculos entre mãe e bebê durante o pré-natal, para que possam criar seus filhos com qualidade de vida.

A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eloisa Arruda, representou no evento o coordenador do Programa Redenção, Arthur Guerra. Ela conversou com as gestantes, equipes médicas e afirmou que “iniciativas como estas precisam ser valorizadas, pois resgatam para a mulher com dependência química o direito de gerar seu filho com segurança, saúde e dignidade” Para a Secretária, o programa representa uma vitória da vida e da maternidade. “Uma mulher que está em situação de rua tem sua autoestima fragilizada. No acolhimento em ações como esta, sendo ouvida e passando por tratamento de saúde e beleza, ela se sente valorizada e segura”.

No ambiente de confraternização, a equipe multidisciplinar de saúde orientou-as sobre cuidados de higiene, alimentação, saúde bucal e a importância dos exames e consultas periódicas. Outras mães que já passaram pelo programa também estiveram no encontro no apoio e troca de experiências.

“O projeto é uma estratégia criada pelas equipes do Consultório na Rua para que futuras mães aceitem o tratamento e acompanhamento do pré-natal”, explicou Marta Regina Marques Lodi, coordenadora do CnR. “Gestantes em situação de rua queriam fazer o acompanhamento pré-natal, mas temiam que os bebês fossem tirados delas quando nascessem. Pelo acolhimento, mostramos a essas mães algo diferente. Médicos e equipes as orientam a cuidar do filho”, completou.

Como incentivo, freqüentadoras regulares de consultas ganham um ensaio fotográfico a partir do quinto mês de gravidez. Quando a adesão é constante, no oitavo mês a futura mãe recebe o enxoval completo. Além dos encontros trimestrais, as gestantes são acompanhadas mensalmente em oito unidades do Consultório na Rua.

Uma história de vida- A adolescente S estava em situação de rua quando foi encontrada pelo Consultório. A equipe propôs que ela fizesse o acompanhamento necessário para o bebê, mas a adolescente se recusou com receio de que tirassem seu filho. “Demorou um pouco para que criássemos um vínculo com ela, para que confiasse em nosso trabalho”, contou a coordenadora Marta Regina. Acompanhando outras mães satisfeitas com o tratamento, a garota sentiu-se motivada e passou a freqüentar o grupo. Hoje, S não está mais em abrigos, voltou para a família e está com a filha. “Ela participou do encontro para dar testemunho de sua vivência e mostrar às outras gestantes que serão bem cuidadas”, explicou a coordenadora.