A matéria apresenta a Presidenta da República Dilma Rousseff como desequilibrada e agressiva. Adjetivações como “ histérica”, descontrolada” ou até mesmo louca são parte de um vocabulário construído socialmente como forma de vincular essas ações a atos tipicamente femininos.

Condenamos mais esse tipo de artifício da violência machista, que desqualifica pessoas simplesmente por serem mulheres. Esta forma de jornalismo, com afirmações sem fonte e considerações genéricas e pessoalizadas sobre o modo de se fazer política, afeta todas as mulheres e toda a sociedade, pois consolida uma narrativa supostamente imparcial – porém impregnada de preconceito de gênero – cujas informações vagas e sem comprovação têm como principal objetivo desqualificar individualmente a mulher, mas enquanto figura pública.

Essas agressões cotidianas fortalecem o machismo e tentam, ainda, impedir conquistas e sugerir que as mulheres não devem ocupar o espaço público, o político, o decisório. A ofensa da revista, longe de ser factualmente direcionada a ações concretas e comprovadas da Presidenta eleita e reeleita do país, refere-se às mulheres na política. E prejudica todas nós.

Afinal, quando o jornalismo e a imprensa se utilizam de argumentações com base em preconceitos, misoginia e estereótipos, caminhamos por um percurso perigoso que impede avanços e nos conduz para uma sociedade cada vez mais desigual, intolerante e violenta.

Trabalhamos pelo empoderamento das mulheres e para combater todos estes preconceitos históricos. Para o processo democrático é imprescindível um jornalismo sério, independente e livre do obscurantismo que diminui o papel da mulher. Do contrário, está fora de si.

Manifestamos nossa solidariedade a Presidenta e a todas as mulheres que estão nos espaços públicos e àquelas que neles estarão futuramente.