Na abertura, o secretário Alexandre Padilha, da SMS, ressaltou a importância do debate em um momento de “profundo risco de retrocesso nos avanços da saúde da mulher”. A secretária Denise Motta Dau, da SMPM, pontuou as conquistas nas últimas décadas, como a humanização do atendimento à saúde mental. Ela também destacou a importância do fortalecimento da rede de enfrentamento à violência doméstica, familiar e de gênero. “Dificilmente a mulher consegue sair dessa situação sem ajuda de equipe multiprofissional especializada no enfrentamento à violência e que irá atendê-la no seu sofrimento físico e mental.”
A médica psiquiatra Wilza Vieira Villela, docente do Departamento de Medicina Preventiva da UNIFESP, e Ana Flavia D’Oliveira, docente de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, debateram sobre o tema “O sofrimento e adoecimento das mulheres em situação de violência de gênero”.
As duas profissionais alertaram para o fato da violência doméstica e de gênero não ser, muitas vezes, reconhecida como tal pelos profissionais de saúde. “As formações acadêmicas não preparam os/as profissionais da saúde para identificar a violência como causa de sofrimento”, afirmou Ana Flávia D’Oliveira.
O abuso emocional, de acordo com as especialistas, é intrínseco às demais manifestações de violência e produz consequências psicossomáticas. A violência doméstica pode causar depressão, ansiedade, uso abusivo de medicamentos e risco de suicídio. Wilza Villela destacou ainda que o assunto é tão sério que as diversas expressões de violência se articulam e afetam todo o contexto familiar. “Impactam no desenvolvimento humano e ético de todos os envolvidos.”
Para a coordenadora de Enfrentamento a Violência da SMPM e do seminário, Maria Nagy, trazer as profissionais de saúde para esse debate é fundamental, porque a saúde é uma porta importante para as mulheres acessarem as políticas públicas de enfrentamento à violência doméstica.