Debate “Novas Vozes do Feminismo”

O ano de 2015 foi marcado pelo feminismo nas redes e nas ruas. As campanhas nas redes como #chegadefiufiu, #primeiroassédio, #meuamigosecreto, #agoraéquesãoelas trouxeram para a discussão diversos debates sobre a violência de gênero e desigualdade entre homens e mulheres. Para comemorar o mês do Dia Internacional da Mulher, a SMPM organizou várias atividades e as jovens feministas, vozes da primavera feminista, não podiam deixar de estar presente.

 No debate “Novas Vozes do Feminismo”, as convidadas Jéssica Tauane (youtuber do Canal das Bee e do canal Gorda de Boa), Regiany Silva (Coletivo Nós, Mulheres da Periferia) e Nátaly Neri (youtuber do Canal Afros e Afins), compartilharam suas trajetórias, conquistas, desafios e inquietações neste momento de diversos avanços, mas também de graves ameaças aos direitos já conquistados das mulheres.

Mediado pela jovem Vivian Mendes, assessora especial da SMPM, o debate aconteceu no dia 9 de Março, na Biblioteca Mario de Andrade, e proporcionou um bate papo poderoso e transformador entre as convidadas e o público, em sua maioria também jovens mulheres de todos os territórios da cidade.

“Debates como este, promovido pela Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, permitem que a formulação de políticas de gênero atenda de fato as necessidades reais de todas as mulheres”, afirmou a secretária Denise Motta Dau, na abertura do evento. “A cada dia fica mais claro que o movimento feminista não é um todo homogêneo, e que, cada vez mais, é importante entendermos as diversas opressões que atingem as mulheres. Por isso, a importância de construirmos ações que enfrentem também o racismo, a lesbofobia, a bifobia, a transfobia. Nesse sentido, o olhar da juventude, das mulheres jovens, é muito importante. A vivência que essas mulheres têm pode, e muito, contribuir na oxigenação das estratégias, das ações do feminismo”, concluiu ela.

A inserção nas mídias sociais se consolidou no movimento da Primavera Feminista, quando milhares de mulheres, na maioria jovens não militantes de movimentos tradicionais ou partidos políticos, foram às ruas contra o projeto de lei 5069/13, do Deputado Eduardo Cunha, que modifica a lei de atendimento às vítimas de violência sexual para dificultar e criminalizar o acesso ao aborto legalmente permitido no Brasil.

O movimento sinaliza um canal importante para a discussão das temáticas de gênero e o combate ao machismo, também muito presente nos ambientes virtuais. Relatório de 2015 da União Internacional de Telecomunicações (UIT) das Nações Unidas apontou que 57,6% das pessoas no Brasil estão conectadas, sendo que a maioria, 78,1%, possui assinatura de banda larga móvel.

Regiany Silva, do Coletivo Nós, Mulheres da Periferia, ressaltou a importância das mídias sociais na mobilização e união das mulheres, sobretudo periféricas e negras: “Temos de nos reconhecer como feministas negras para somar, não para dividir; para evidenciar nossas demandas, nossas feridas; elas sangram todos os dias”.

Nátaly Neri reafirmou a importância do feminismo na vida das jovens, e a importância da discussão da temática de gênero em todos os âmbitos: "Se eu tivesse conhecido o feminismo na escola, não teria sofrido tanto."

Para Jéssica Tauane, as mídias sociais são importantes, mas não devem substituir ações presenciais, como debates, manifestações e outras ações presenciais. “Estamos conseguindo fazer com que o novo feminismo chegue a milhares de pessoas. Mas não podemos nos esquecer de quem está ao nosso redor: conversem com sua mãe, tias, vizinhas. Hoje, nosso desafio é atingir também as mulheres que ainda não estão conectadas, que são, muitas vezes, as mais vulneráveis.”

Confira as fotos do debate aqui